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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Para subsecretário do Tesouro, receita é abertura comercial

EUA dizem que Brasil precisa crescer

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

A principal missão do Brasil e de seus vizinhos agora é conseguir crescimento econômico, disse ontem o subsecretário do Tesouro americano John Taylor.
Após repetir isso diversas vezes, ele deu sua receita para alcançar tal objetivo: abrir o comércio.
"A região ainda não tem um crescimento sustentado, é preciso encontrar um jeito. A América Latina deveria crescer mais rápido do que os EUA, e está crescendo mais devagar. Um pequeno crescimento faz uma diferença enorme na vida das pessoas. Essa é a maneira de reduzir a pobreza, o presidente Lula tem enfatizado isso", afirmou Taylor, que é o responsável pela área internacional do Tesouro americano.
A seguir, emendou: "Isso nos dá uma oportunidade para discutir de maneira bilateral a necessidade de crescimento. O Brasil precisa crescer de maneira sustentada. É o que se está tentando fazer, as coisas a trabalhar são comércio, legislação, impostos".
Ele disse que, ao voltar do Brasil, em abril, seu chefe, John Snow, contou-lhe que a viagem fora toda sobre comércio. "Algo muito positivo", afirmou Taylor.
O subsecretário americano chegou a falar que há certa "eletricidade" no ar para levar adiante as negociações sobre a Alca, a área de livre comércio que abrangeria todo o continente -em sua opinião, é possível chegar a consenso no prazo estipulado, que é 2005.
"Acordos de livre comércio são uma boa maneira para complementar boas políticas econômicas", afirmou Taylor, apontando melhoras nos fundamentos dos países latino-americanos.
No caso específico do Brasil, o subsecretário refutou a hipótese de que baixar os juros sejam a questão mais imediata para empurrar a economia do país. "As taxas de juros são apenas um fator no crescimento. Do ponto de vista dos negócios, mais importante é a taxa real de juros."
Em vez disso, Taylor destacou que facilitar atividades da iniciativa privada é tarefa primordial para o crescimento. "O que pode ser feito para diminuir o tempo de abertura de negócios? Por que tem que demorar menos no Canadá do que no Brasil?", disse.
O subsecretário deu as declarações pela manhã, em evento sobre perspectivas para a América Latina, promovido no Conselho das Américas, em Nova York.
Três horas depois, a 14 quadras dali, a tal "eletricidade" se desmanchou no ar.
Mesmo se dizendo esperançoso de que o encontro entre os presidentes Lula e George W. Bush neste mês vá melhorar a situação, o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou a uma platéia tomada por empresários que as negociações da região com a Europa estão andando muito mais rápido do que com os Estados Unidos.
Diante da diferença de tom entre o oficial americano e brasileiro, Susan Purcell, vice-presidente do Conselho das américas, pediu para Furlan explicar melhor o que estava dizendo -após mediar o evento pela manhã com Taylor, ela também correra para ouvir o discurso do brasileiro.
"Os Estados Unidos apresentaram três propostas. O Mercosul foi classificado como de terceira classe. Isso foi muito desapontador para nós", respondeu o ministro do Desenvolvimento.


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