UOL


São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SINDICALISMO

União de correntes define que papel da central no governo será de mais participação e menos crítica e radicalismo

CUT descarta ruptura e se aproxima de Lula

CLAUDIA ROLLI
VINICIUS ALBUQUERQUE

DA REPORTAGEM LOCAL

O papel da CUT no governo Lula será de mais participação e menos crítica e radicalismo. A decisão ocorreu ontem, no terceiro dia do 8º Congresso Nacional da central, quando foram votadas propostas para nortear o rumo da entidade nos próximos três anos.
Reunindo entre 75% e 80% dos votos dos 2.735 delegados que participam do congresso, três correntes sindicais se uniram -a Articulação Sindical, a CSC (Corrente Sindical Classista) e a CSD (CUT Socialista Democrática)- e derrubaram propostas mais radicais, como o rompimento do acordo com o FMI e a suspensão do pagamento da dívida externa.
As posições mais críticas eram mantidas por delegados ligados ao PSTU e pelo movimento Fortalecer a CUT, composto por várias correntes sindicais ligadas à esquerda do PT.
Textos que propunham ruptura com a atual política econômica dão espaço a teses que propõem o "diálogo" com o governo para desenvolver uma "política voltada para o crescimento econômico".
Durante a votação de ontem, o texto que propunha unir a América Latina contra a Alca, o FMI e a dívida externa também foi rejeitado. Mas a central afirma em outro trecho que fará "contraposição enérgica" -sem detalhar como- ao bloco. No ano passado, a CUT participou de um plebiscito sobre o tema -a enquete reuniu 10 milhões de pessoas, das quais 98,33% votaram contra a Alca.
A proposta de retirada da CUT do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para marcar sua posição contra um "pacto social" também foi rejeitada. Para as correntes ligadas à esquerda, participar do conselho significa entrar em consenso com "banqueiros, latifundiários e empresários" e unir interesses "antagônicos".
"Sempre reivindicamos um espaço de negociação. O conselho é uma forma democrática de participar do governo. Participar não significa que seremos cooptados", diz o presidente da CUT, João Felício, membro da Articulação.
Palavras de ordem como "fora ministros burgueses do governo Lula" também foram retiradas. Ao tratar do papel do BC, a CUT mantém a posição de que o banco deve ser "um instrumento dos objetivos nacionais, o oposto à proposta de um BC independente". Mas na votação de ontem saíram críticas mais radicais e contundentes à autonomia do BC. O texto reprovado classificava a autonomia como "terceirização a serviço do capital financeiro".
Também foi rejeitado pela maioria dos delegados o texto que questionava a indicação de Luiz Marinho para presidente da CUT. A indicação feita por Lula foi entendida pelas correntes de esquerda como uma tentativa do governo de "enquadrar" a central.
"A CUT não vai mudar a sua história. Quem mudou foi o governo no Brasil. Mas a central vai continuar a mesma, com autonomia. Ninguém manda na CUT, nem o PT, nem o PC do B, nem o PSTU", diz Felício.


Texto Anterior: Fome zero
Próximo Texto: Telefonia: Teles aceitam negociar reajuste se meta de universalização for revista
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.