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Cotação não causou veto, diz estatal chinesa
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A China Tex, uma das maiores
estatais chinesas do setor agrícola,
contesta a teoria de que os importadores do país estariam usando o
problema sanitário com a soja
brasileira para renegociar contratos e reduzir preços.
Pelo menos no caso da empresa,
os preços já estavam menores. A
China Tex é dona da carga do navio Bunga Saga 10, que zarpou do
Brasil e voltou ao porto de Rio
Grande por determinação do Ministério da Agricultura. Segundo
informações do governo brasileiro, a carga tem o mesmo problema encontrado em outros três navios que chegaram à China: a presença de sementes tratadas com
Carboxin, substância que o país
não aceita na soja destinada à alimentação humana ou animal.
A operação da China Tex foi a
primeira de uma empresa chinesa
feita diretamente com produtores
brasileiros, sem intermediação
das grandes "tradings" que atuam
no mercado. A Folha apurou que
o preço foi de US$ 280 por tonelada e que a estatal já pagou parte
dos US$ 12 milhões da carga. A
China tem intenção de contornar
a intermediação das "tradings"
norte-americanas e comprar diretamente de produtores brasileiros, a um preço mais baixo que os
da Bolsa de Chicago.
Apesar do problema sanitário, a
soja brasileira continua a chegar
aos portos da China. As empresas
Bunge, Wilmar, V. Ocean, Conagra e Harvest estão operando normalmente no país, e alguns de
seus navios já foram desembarcados. Há sete empresas que estão
com atividades suspensas na China, até que se resolva o problema
sanitário: Noble, Cargill, ADM,
Dreyfuss, Irmãos Trevisan, Bianchini e Líbero.
Ainda assim, essas companhias
podem desembarcar soja de navios que já haviam obtido a documentação necessária e não apresentaram problemas sanitários.
Pelo menos um navio da Noble
atracou sem problemas em porto
chinês depois da interdição de outro de seus navios.
Notificação
A Embaixada do Brasil em Pequim foi notificada do problema
sanitário no primeiro dos três navios embargados no dia 29 de
abril. A embarcação Bunga Saga
Tujuh -com carga da Bianchini,
da Irmãos Trevisan, da Cargill do
Brasil e da Noble- já deixou a
China em direção a Hong Kong, e
os exportadores buscam outros
compradores para o produto.
Os outros dois navios, Nord
Star e Elespheria, continuam na
China, mas devem partir em breve. Há cerca de outros 30 navios a
caminho do país, com os quais a
embaixada espera não haver problemas. A maioria deles saiu do
porto de Paranaguá, de onde até
agora não chegou nenhum navio
embargado. Dos três que foram
interditados, dois saíram do porto
de Rio Grande e um, do porto de
Santos. O navio que está parado
no Brasil também foi carregado
no porto de Rio Grande.
Desde a primeira notificação,
representantes da Embaixada do
Brasil tiveram seis reuniões com
funcionários do Ministério da
Quarentena chinesa. Em todos os
encontros, os representantes brasileiros escutaram a mesma coisa:
o governo chinês tem tolerância
zero com o produto encontrado
na soja brasileira e não aceitaria a
carga. Nas reuniões, o ministério
apresentou amostras das cargas
interditadas e fotos do carregamento, nas quais se destacam sementes com cor alterada.
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