São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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Cotação não causou veto, diz estatal chinesa

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

A China Tex, uma das maiores estatais chinesas do setor agrícola, contesta a teoria de que os importadores do país estariam usando o problema sanitário com a soja brasileira para renegociar contratos e reduzir preços.
Pelo menos no caso da empresa, os preços já estavam menores. A China Tex é dona da carga do navio Bunga Saga 10, que zarpou do Brasil e voltou ao porto de Rio Grande por determinação do Ministério da Agricultura. Segundo informações do governo brasileiro, a carga tem o mesmo problema encontrado em outros três navios que chegaram à China: a presença de sementes tratadas com Carboxin, substância que o país não aceita na soja destinada à alimentação humana ou animal.
A operação da China Tex foi a primeira de uma empresa chinesa feita diretamente com produtores brasileiros, sem intermediação das grandes "tradings" que atuam no mercado. A Folha apurou que o preço foi de US$ 280 por tonelada e que a estatal já pagou parte dos US$ 12 milhões da carga. A China tem intenção de contornar a intermediação das "tradings" norte-americanas e comprar diretamente de produtores brasileiros, a um preço mais baixo que os da Bolsa de Chicago.
Apesar do problema sanitário, a soja brasileira continua a chegar aos portos da China. As empresas Bunge, Wilmar, V. Ocean, Conagra e Harvest estão operando normalmente no país, e alguns de seus navios já foram desembarcados. Há sete empresas que estão com atividades suspensas na China, até que se resolva o problema sanitário: Noble, Cargill, ADM, Dreyfuss, Irmãos Trevisan, Bianchini e Líbero.
Ainda assim, essas companhias podem desembarcar soja de navios que já haviam obtido a documentação necessária e não apresentaram problemas sanitários. Pelo menos um navio da Noble atracou sem problemas em porto chinês depois da interdição de outro de seus navios.

Notificação
A Embaixada do Brasil em Pequim foi notificada do problema sanitário no primeiro dos três navios embargados no dia 29 de abril. A embarcação Bunga Saga Tujuh -com carga da Bianchini, da Irmãos Trevisan, da Cargill do Brasil e da Noble- já deixou a China em direção a Hong Kong, e os exportadores buscam outros compradores para o produto.
Os outros dois navios, Nord Star e Elespheria, continuam na China, mas devem partir em breve. Há cerca de outros 30 navios a caminho do país, com os quais a embaixada espera não haver problemas. A maioria deles saiu do porto de Paranaguá, de onde até agora não chegou nenhum navio embargado. Dos três que foram interditados, dois saíram do porto de Rio Grande e um, do porto de Santos. O navio que está parado no Brasil também foi carregado no porto de Rio Grande.
Desde a primeira notificação, representantes da Embaixada do Brasil tiveram seis reuniões com funcionários do Ministério da Quarentena chinesa. Em todos os encontros, os representantes brasileiros escutaram a mesma coisa: o governo chinês tem tolerância zero com o produto encontrado na soja brasileira e não aceitaria a carga. Nas reuniões, o ministério apresentou amostras das cargas interditadas e fotos do carregamento, nas quais se destacam sementes com cor alterada.


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