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TRIBUTOS
Principais sindicatos devedores apontam desde falhas na fiscalização da Previdência até "herança" de gestões anteriores
Entidades contestam e renegociam débitos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dez sindicatos que lideram a
lista de devedores da Previdência
Social informam que têm conhecimento dos débitos e que estão
contestando os valores na Justiça
ou negociando o parcelamento
com o governo federal.
Líder do ranking com uma dívida de R$ 18,7 milhões, o Sindicato
dos Vigias Portuários do Estado
do Rio de Janeiro informou que
um processo na 4ª Vara Federal
do Rio contesta o valor do débito.
"Um fiscal incluiu na lista de recolhimento à Previdência todos
os sócios do sindicato na época da
fiscalização [eram 400, em 1982],
e não apenas os seis funcionários
que trabalhavam no sindicato",
afirma Antenor Campelo, presidente da entidade.
O Sindicato dos Trabalhadores
nas Empresas de Energia do Rio
de Janeiro e Região, segundo da
lista, com débito de R$ 5,1 milhões, informa que a dívida deriva
de gestões anteriores. "Reconhecemos parte da dívida, cerca de
R$ 3 milhões, e queremos negociar com o governo o pagamento", diz Jorge Luiz, vice-presidente do sindicato.
"Mas queremos o mesmo prazo
concedido às estatais para quitarem seus débitos, 240 meses, e
não apenas 60 meses, como é oferecido aos sindicatos."
A dívida de R$ 2,28 milhões do
Sindicato dos Operadores Portuários de Manaus, quarto do
ranking, está em contestação na
Justiça. "Há um processo em andamento. A antiga diretoria, que
comandou por 16 anos a entidade, não repassou o desconto da
contribuição à Previdência. Assumi o sindicato em 2003", diz Elias
Nogueira da Silva, presidente.
As diretorias anteriores também são as responsáveis pelo não-repasse à Previdência de R$ 1,5
milhão do Sindicato dos Trabalhadores em Movimentação de
Mercadoria em Geral de Ribeirão
Preto, segundo informa João Barbosa, presidente. "A dívida ficou,
e eles montaram outros sindicatos em outras cidades." O departamento jurídico informou que
recorreu à Justiça. A entidade é a
quinta maior devedora.
Uébio José da Silva, presidente
do Sindicato dos Aeroviários do
Estado de São Paulo, afirma que a
dívida com o INSS é antiga, originada nos anos de 1973 a 1992. "Essa dívida é alta por causa dos juros, mas já está sendo renegociada desde o final do ano passado",
afirma. A dívida da entidade, que
tem atualmente 6.000 sócios, é de
R$ 1,26 milhão.
Segundo Silva, o sindicato tem
atualmente 30 funcionários, e o
depósito do INSS está sendo feito
"normalmente". "A prioridade é
pagar os encargos sociais." O sindicato está em sétimo lugar na lista de sindicatos devedores.
José Pinheiro Almeida Lima, diretor financeiro do Sindicato dos
Petroleiros do Estado da Bahia,
informa que a dívida com o INSS
ocorreu depois que a Petrobras
deixou de repassar as mensalidades dos trabalhadores para o sindicato como punição à greve de
40 dias dos petroleiros em 1989.
"O dinheiro deixou de ser repassado durante seis meses. Como o sindicato vivia da arrecadação dos sócios, não conseguiu fazer o repasse ao INSS. Mas, em
março de 2003, renegociamos a
dívida e passamos a pagá-la", diz.
O sindicato dos petroleiros tem
dívida de R$ 1,1 milhão e aparece
em oitavo lugar na lista.
O Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias de Energia Elétrica
do Rio Grande do Sul, em nono
lugar na lista de devedores, com
R$ 1,1 milhão de débito, informou
que a dívida está sendo negociada
desde o ano passado e que parte
dela foi parcelada.
Procurada pela Folha, a direção
do Sindicato dos Empregados no
Comércio de Niterói informou
que tinha assumido recentemente
o sindicato e que estava fazendo
um levantamento sobre a situação financeira da entidade. Na lista da Previdência, esse sindicato
deve R$ 1,4 milhão.
O Sindicato dos Arrumadores
de Porto Alegre, terceiro do ranking de devedores com débito de
R$ 2,7 milhões, não foi localizado
pela reportagem. O telefone e o
endereços que constam na lista
telefônica não são os do sindicato.
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)
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