São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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ARTIGO

Alta do petróleo compensa perdas de fundos

DO "FINANCIAL TIMES"

Alguns administradores de fundos de hedge se beneficiaram de suas apostas sobre o petróleo, no mês passado, devido à alta dos preços, ainda que o setor tenha agido rapidamente para calar os boatos de que especuladores teriam contribuído fortemente para que os preços do petróleo cru batessem seu recorde.
Os fundos de hedge macro e de futuros administrados vêm colhendo as recompensas de suas posições compradas (que se beneficiam da alta das cotações) em derivativos de petróleo, de acordo com observadores do setor. Isso compensa o impacto negativo da queda dos índices das Bolsas japonesas e dos mercados emergentes em abril e os prejuízos com a recente alta do dólar e com o alargamento do ágio nos títulos públicos.
O volume líquido de posições compradas especulativas, nos contratos de petróleo da Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, a maior de futuros de energia do mundo), subiu nas últimas semanas após uma onda de vendas no começo de abril, que coincidiu com o desmonte de outras operações alavancadas dos fundos.
O administrador de um fundo de hedge disse que "diversos" macrofundos mundiais obtiveram retornos na casa de um dígito no mês passado, em parte devido a transações com petróleo. Alguns fundos futuros, que empregam modelos estatísticos para negociar contratos futuros de commodities e instrumentos financeiros, também informaram que a movimentação do preço do petróleo os ajudou a atenuar suas perdas em outros segmentos.
Os fundos que assumiram posições compradas de derivativos de petróleo colheram algumas recompensas em maio.
Duncan Brown, da Winton Capital, fundo de futuros sediado em Londres, disse que sua posição de petróleo foi crucial para o desempenho da empresa no mês passado.
"Vinha sendo muito mais difícil do que seria de esperar negociar petróleo ao longo dos últimos oito meses", disse Brown. "Não importa qual fosse a perspectiva de tempo sob a qual se estava operando -em curto ou longo prazo-, os problemas eram freqüentes. Mas, em termos gerais, o petróleo nos salvou neste mês. Ganhamos muito dinheiro por conta das posições compradas. Nossa exposição a riscos de longo prazo no mercado de energia equivale a 10% de uma carteira de US$ 700 milhões, mas, como resultado da tendência de alta, o setor ganhou peso mais elevado."

Última tendência
Simon Derrick, estrategista do Bank of New York, disse que a alta sugere que os fundos de hedge e outros especuladores elevaram suas apostas quanto ao preço do petróleo. "Depois do colapso das outras transações alavancadas dos fundos -primeiro o dólar e a seguir os títulos públicos-, o petróleo é a mais recente e talvez a última tendência no mercado."
No entanto muitos dos envolvidos em fundos de hedge apontaram rapidamente que o setor não era o único responsável por empurrar os preços do petróleo cru nos Estados Unidos ao seu ponto mais alto em 21 anos, no mês passado -na segunda-feira, o barril fechou cotado a US$ 42,33 em Nova York. Até sexta-feira, caiu 9%, para US$ 38,49.
Investidores especulativos foram acusados de acrescentar até US$ 10 ao preço do petróleo, ainda que suas posições compradas líquidas -que medem a extensão de suas apostas em uma alta de preços- respondessem por menos de 10% do interesse aberto total em contratos futuros de petróleo cru registrado na Nymex. A posição comprada líquida equivale, por sua vez, a uma base de 77 milhões de barris de petróleo, ou cerca de um dia de consumo mundial.
Os administradores foram rápidos em argumentar que o aumento nos preços do petróleo fora impulsionado por operações em mercados básicos, e não por posições derivativas assumidas pelos fundos de hedge.
O administrador de um fundo de hedge diz que culpá-los é simplesmente um jeito fácil de fazer barulho. E que os fluxos de caixa dos fundos de hedge são minúsculos se comparados aos do setor como um todo, conduzidos pela demanda natural das empresas e do comércio no mundo.


Tradução de Paulo Migliacci


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