São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2005

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FOLHAINVEST

INVESTIMENTOS

Juros altos levam investidor a preferir fundo com risco baixo; renda fixa tem captação de R$ 63 bi no ano

Multimercados perdem espaço para DI

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os elevadíssimos juros praticados no país provocaram uma realocação do dinheiro aplicado nos fundo de investimento. Fundos mais arriscados, como os multimercados, perderam montanhas de dinheiro para os conservadores renda fixa e DI.
A captação líquida (diferença entre o aplicado e o resgatado) dos fundos multimercados está negativa em espantosos R$ 69,12 bilhões em 2005. Essa cifra representa cerca de 60% do patrimônio dessa categoria -que chegou ao fim de maio em R$ 113,6 bilhões. Os dados foram levantados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Os fundos multimercados são hoje a terceira maior categoria do mercado. Esses fundos têm a vantagem de poder montar suas carteiras com ativos de diversos segmentos: ações, títulos públicos e privados, mercados futuros etc.
Com isso, têm mais chances de ganhos, mas também representam riscos maiores.
"Os juros reais estão muito altos. Assim, é normal haver investidor indo para o DI e a renda fixa, que são menos voláteis. O investidor brasileiro é extremamente arisco. Mas acho que esse movimento é passageiro", avalia José Alberto Tovar, sócio-diretor da Arx Capital Management.
Na outra ponta, quem tem recebido muitos recursos são os fundos de renda fixa. No ano, a categoria está com captação positiva de R$ 63,11 bilhões.
Os fundos de renda fixa e DI carregam grandes quantidades de títulos públicos que acompanham a variação dos juros.
Desde setembro do ano passado, o Copom -Comitê de Política Monetária- tem elevado os juros. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 19,75% anuais. E o mercado não sabe concluir se esse processo de altas chegou ou não a seu fim.
Quando a Selic sobe, os fundos que carregam títulos atrelados à oscilação dos juros passam a dar maiores rentabilidades.
"Os investidores se assustam com as oscilações de rentabilidade mais bruscas que caracterizam os multimercados. Têm sido mais difícil para essa categoria dar ganhos grandes o suficiente para segurar os investidores", diz Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.

Diversificação de ganhos
Os multimercados são vistos pelos especialistas como uma boa alternativa para diversificação de aplicações de recursos.
Apesar da fuga vivida pelos multimercados, a categoria não está com as piores rentabilidade do mercado financeiro. Um multimercado sem renda variável tem rentabilidade média acumulada em 2005 de 5,82%.
Já um fundo de renda fixa deu, na média, ganho de 7,15%, e um DI, retorno de 7,20% neste ano.
"O problema é que o investidor brasileiro quer retorno imediato. Se uma aplicação perde em rentabilidade para outra, os saques acontecem mesmo", diz Neves.
A busca de retornos melhores não tem poupado nem a caderneta de poupança. Esse tipo de aplicação está com captação negativa de R$ 5,83 bilhões no ano.
No caso dos fundos de ações, que também não estão com um retorno muito bom no ano, a captação está positiva em torno de R$ 150 milhões. Em 2005, o Ibovespa -principal índice da Bolsa paulista- está com ganho de 0,65%.
A baixa do dólar diante do real não perdoou os fundos cambias, que estão com saques líquidos no ano de R$ 1,07 bilhões. Esse volume é bastante elevado se considerar que o patrimônio dos fundos cambiais hoje é de apenas pouco mais de R$ 4 bilhões.

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