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FOLHAINVEST
INVESTIMENTOS
Juros altos levam investidor a preferir fundo com risco baixo; renda fixa tem captação de R$ 63 bi no ano
Multimercados perdem espaço para DI
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os elevadíssimos juros praticados no país provocaram uma realocação do dinheiro aplicado nos
fundo de investimento. Fundos
mais arriscados, como os multimercados, perderam montanhas
de dinheiro para os conservadores renda fixa e DI.
A captação líquida (diferença
entre o aplicado e o resgatado)
dos fundos multimercados está
negativa em espantosos R$ 69,12
bilhões em 2005. Essa cifra representa cerca de 60% do patrimônio
dessa categoria -que chegou ao
fim de maio em R$ 113,6 bilhões.
Os dados foram levantados pela
Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento).
Os fundos multimercados são
hoje a terceira maior categoria do
mercado. Esses fundos têm a vantagem de poder montar suas carteiras com ativos de diversos segmentos: ações, títulos públicos e
privados, mercados futuros etc.
Com isso, têm mais chances de
ganhos, mas também representam riscos maiores.
"Os juros reais estão muito altos. Assim, é normal haver investidor indo para o DI e a renda fixa,
que são menos voláteis. O investidor brasileiro é extremamente
arisco. Mas acho que esse movimento é passageiro", avalia José
Alberto Tovar, sócio-diretor da
Arx Capital Management.
Na outra ponta, quem tem recebido muitos recursos são os fundos de renda fixa. No ano, a categoria está com captação positiva
de R$ 63,11 bilhões.
Os fundos de renda fixa e DI
carregam grandes quantidades de
títulos públicos que acompanham a variação dos juros.
Desde setembro do ano passado, o Copom -Comitê de Política Monetária- tem elevado os
juros. Atualmente, a taxa básica
de juros (Selic) está em 19,75%
anuais. E o mercado não sabe
concluir se esse processo de altas
chegou ou não a seu fim.
Quando a Selic sobe, os fundos
que carregam títulos atrelados à
oscilação dos juros passam a dar
maiores rentabilidades.
"Os investidores se assustam
com as oscilações de rentabilidade mais bruscas que caracterizam
os multimercados. Têm sido mais
difícil para essa categoria dar ganhos grandes o suficiente para segurar os investidores", diz Luiz
Antônio Vaz das Neves, diretor da
corretora Planner.
Diversificação de ganhos
Os multimercados são vistos pelos especialistas como uma boa alternativa para diversificação de
aplicações de recursos.
Apesar da fuga vivida pelos
multimercados, a categoria não
está com as piores rentabilidade
do mercado financeiro. Um multimercado sem renda variável tem
rentabilidade média acumulada
em 2005 de 5,82%.
Já um fundo de renda fixa deu,
na média, ganho de 7,15%, e um
DI, retorno de 7,20% neste ano.
"O problema é que o investidor
brasileiro quer retorno imediato.
Se uma aplicação perde em rentabilidade para outra, os saques
acontecem mesmo", diz Neves.
A busca de retornos melhores
não tem poupado nem a caderneta de poupança. Esse tipo de aplicação está com captação negativa
de R$ 5,83 bilhões no ano.
No caso dos fundos de ações,
que também não estão com um
retorno muito bom no ano, a captação está positiva em torno de R$
150 milhões. Em 2005, o Ibovespa
-principal índice da Bolsa paulista- está com ganho de 0,65%.
A baixa do dólar diante do real
não perdoou os fundos cambias,
que estão com saques líquidos no
ano de R$ 1,07 bilhões. Esse volume é bastante elevado se considerar que o patrimônio dos fundos
cambiais hoje é de apenas pouco
mais de R$ 4 bilhões.
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