|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO FINANCEIRO
Menor confiança nas economias e governos europeus faz moeda da região recuar frente ao dólar
Quedas do euro podem beneficiar Brasil
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Como a Constituição da União
Européia, que recebeu um duplo
"não" nos plebiscitos da França e
da Holanda, o euro também vem
sendo rejeitado.
O enfraquecimento da moeda
européia em relação ao dólar pode ser benéfico a países como o
Brasil, ainda que não aparente ser
duradouro, segundo analistas.
A confiança nos governos de
países que compõem o bloco e no
potencial de crescimento da Zona
do Euro se deteriorou nas últimas
três semanas. Apesar disso, o
Banco Central Europeu manteve
a taxa básica de juros inalterada
pelo 24º mês consecutivo.
A piora de expectativas para a
Zona do Euro reforça um cenário
de desvalorização da moeda única européia, que fechou a semana
a R$ 1,22, sua pior cotação desde
setembro do ano passado. No início deste ano, a moeda chegou a
valer US$ 1,35, e era o dólar que
perdia valor.
Como o que causou a depreciação anterior do dólar foram os desequilíbrios macroeconômicos
(forte consumo e a alta necessidade de financiá-lo) dos Estados
Unidos, e como os déficits gêmeos continuam a existir, economistas projetam a volta da queda
do dólar diante do euro.
Apesar do reconhecimento dos
problemas de "financiamento dos
Estados Unidos, esses fatores
[queda na confiança na Zona do
Euro e nos governos locais] continuam a apontar para a continuidade do enfraquecimento do euro
nos próximos três a seis meses",
segundo relatório da equipe global de economistas do UBS
Wealth Management.
Para Alexandre Lintz, economista-chefe no Brasil do banco
francês BNP Paribas, o ajuste no
câmbio é temporário, e deve começar a se enfraquecer já a partir
de julho. Os déficits americanos
contrabalançariam a pressão sobre o euro.
"Houve uma correção das expectativas, mas logo os fundamentos dos EUA serão avaliados.
E há déficit, financiado pela conta
capital, pela Ásia. A alta das ações
atraem fluxo. O resultado tem de
ser muito bom na conta capital
para compensar esse déficit, que
uma hora pode não ser mais sustentável", diz Lintz.
O crescente déficit em conta
corrente pesa sobre os EUA e sobre o dólar. Está em mais de 6%
do PIB, seu maior nível histórico.
A apreciação do dólar é positiva
porque reduz a pressão inflacionária nos Estados Unidos e, por
conseqüência, a necessidade do
Fed (Federal Reserve, o banco
central dos EUA) de ser mais
agressivo na elevação dos juros.
Alterações no câmbio de moedas como euro e dólar têm impactos em toda a economia mundial
por se refletirem na demanda global por commodities e nos fluxos
de capital.
Com a alta da moeda dos EUA,
suas exportações tendem a cair e
as importações a subir. E a moeda
tende a vir para um ponto de mais
de equilíbrio, dizem economistas.
"Países com superávit em conta
corrente, como os asiáticos e o
Brasil, saem ganhando porque o
fluxo vai mais para essas moedas,
quando sai do dólar", diz Lintz. E
o Brasil ainda têm juros de 20%, o
que também estimula a entrada
de capital.
Com esse diferencial de juros o
cenário é muito positivo para o
Brasil, afirma Paulo Tenani, do
UBS. "Juros abaixo de 4% nos
EUA e risco-país despencando. O
mundo está indo em direção à desaceleração, o que prejudica economias mais abertas e beneficia o
Brasil, mais sensível na conta capital."
Texto Anterior: Têxteis: Negociação dos EUA com China não avança Próximo Texto: Custo Brasil: Nova lei de falências estréia sob dúvidas Índice
|