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Trichet diz que "é possível" alta de juros na zona do euro
Declaração faz euro se valorizar ante o dólar e leva petróleo a ter maior alta em 2 meses
Principal preocupação do dirigente é a inflação; BCE
e Banco da Inglaterra não mudaram as taxas de juros
nas reuniões de ontem
DA REDAÇÃO
O presidente do BCE (Banco
Central Europeu), Jean-Claude Trichet, afirmou que "é possível" o aumento da taxa de juros do bloco na próxima reunião, em julho. A afirmação ajudou ontem na valorização do
euro em relação ao dólar e, conseqüentemente, no aumento
do preço do petróleo.
"Não digo que seja garantido
[o aumento]. Afirmo que é possível", falou Trichet, após a reunião em que o banco central da
zona do euro manteve a taxa
em 4%. O Banco da Inglaterra
(o BC britânico) também não
alterou seus juros, em 5%.
"Depois de examinarmos
cuidadosamente a situação,
não está excluída [a hipótese]
de alterarmos nossos juros em
uma pequena porcentagem na
próxima reunião, como forma
de garantir a sólida ancoragem
das expectativas de inflação."
As declarações do dirigente
colaboraram para a valorização
do euro em relação ao dólar.
Antes da reunião do BCE, pela
manhã, a moeda européia estava cotada a US$ 1,54 e, durante
o dia, chegou a ser negociada a
quase US$ 1,56.
Com isso, os investidores
voltaram a apostar no petróleo,
que, depois de dois dias de quedas expressivas, teve sua maior
alta em mais de dois meses, terminando o pregão cotado na
Bolsa de Nova York a US$
127,79 o barril (US$ 5,49 mais
que no pregão de quarta-feira).
A inflação nos 15 países que
usam o euro como moeda subiu
3,6% no acumulado de 12 meses até maio, segundo estimativa preliminar divulgada na semana passada. Foi a maior alta
em 16 anos, desde que os dados
começaram a ser registrados, e
acima da meta do BCE, que é de
inflação em torno de 2%.
Como acontece em boa parte
do mundo, as commodities são
consideradas as grandes vilãs
da inflação européia. Em abril
(último mês que tem os dados
detalhados), os preços dos alimentos tiveram alta de 6,2% e a
inflação geral foi de 3,3% na zona do euro.
O controle dos preços é a
principal atribuição do BC europeu -o Fed (o banco central
dos Estados Unidos) também
prioriza o crescimento da economia. O órgão americano reduziu os juros em suas sete últimas reuniões (de 5,25% para
2%), mas já deu sinais, mais de
uma vez, de que chegou ao fim o
ciclo de corte nos juros.
De acordo com Trichet, "é
imperativo assegurar que as expectativas de inflação no médio
e longo prazos continuem firmemente ancoradas na estabilidade dos preços".
Trichet também disse que
chegou a ser discutida na reunião de ontem a hipótese de
elevar a taxa de juros. "Alguns
de nós consideramos que havia
argumentos para aumentar os
juros, mas, mais tarde, vários
entre nós chegaram à conclusão de que esse não era necessariamente o caso."
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