São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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Trichet diz que "é possível" alta de juros na zona do euro

Declaração faz euro se valorizar ante o dólar e leva petróleo a ter maior alta em 2 meses

Principal preocupação do dirigente é a inflação; BCE e Banco da Inglaterra não mudaram as taxas de juros nas reuniões de ontem


DA REDAÇÃO

O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, afirmou que "é possível" o aumento da taxa de juros do bloco na próxima reunião, em julho. A afirmação ajudou ontem na valorização do euro em relação ao dólar e, conseqüentemente, no aumento do preço do petróleo.
"Não digo que seja garantido [o aumento]. Afirmo que é possível", falou Trichet, após a reunião em que o banco central da zona do euro manteve a taxa em 4%. O Banco da Inglaterra (o BC britânico) também não alterou seus juros, em 5%.
"Depois de examinarmos cuidadosamente a situação, não está excluída [a hipótese] de alterarmos nossos juros em uma pequena porcentagem na próxima reunião, como forma de garantir a sólida ancoragem das expectativas de inflação."
As declarações do dirigente colaboraram para a valorização do euro em relação ao dólar. Antes da reunião do BCE, pela manhã, a moeda européia estava cotada a US$ 1,54 e, durante o dia, chegou a ser negociada a quase US$ 1,56.
Com isso, os investidores voltaram a apostar no petróleo, que, depois de dois dias de quedas expressivas, teve sua maior alta em mais de dois meses, terminando o pregão cotado na Bolsa de Nova York a US$ 127,79 o barril (US$ 5,49 mais que no pregão de quarta-feira).
A inflação nos 15 países que usam o euro como moeda subiu 3,6% no acumulado de 12 meses até maio, segundo estimativa preliminar divulgada na semana passada. Foi a maior alta em 16 anos, desde que os dados começaram a ser registrados, e acima da meta do BCE, que é de inflação em torno de 2%.
Como acontece em boa parte do mundo, as commodities são consideradas as grandes vilãs da inflação européia. Em abril (último mês que tem os dados detalhados), os preços dos alimentos tiveram alta de 6,2% e a inflação geral foi de 3,3% na zona do euro.
O controle dos preços é a principal atribuição do BC europeu -o Fed (o banco central dos Estados Unidos) também prioriza o crescimento da economia. O órgão americano reduziu os juros em suas sete últimas reuniões (de 5,25% para 2%), mas já deu sinais, mais de uma vez, de que chegou ao fim o ciclo de corte nos juros.
De acordo com Trichet, "é imperativo assegurar que as expectativas de inflação no médio e longo prazos continuem firmemente ancoradas na estabilidade dos preços".
Trichet também disse que chegou a ser discutida na reunião de ontem a hipótese de elevar a taxa de juros. "Alguns de nós consideramos que havia argumentos para aumentar os juros, mas, mais tarde, vários entre nós chegaram à conclusão de que esse não era necessariamente o caso."


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