São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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Senado pretende ouvir 12 para apurar denúncias no caso Varig

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Comissão de Infra-Estrutura do Senado decidiu ontem investigar a denúncia de Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), de que houve interferência política na venda da VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson. Abreu, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, e outras dez pessoas foram convidadas a participar de audiência pública para discutir o assunto.
Ninguém do governo foi chamado. A estratégia da base aliada em aceitar aprovar os requerimentos foi evitar a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Ela foi acusada por Denise e Josef Barat, também ex-diretor da Anac, de interferir para ajudar na venda da VarigLog ao fundo americano, que é representado pelo escritório de Roberto Teixeira.
Para a oposição, o importante é confirmar a história, o que pode complicar a situação da ministra mais do que trazê-la ao Senado. "Se apurarmos e ficar comprovado tudo, o presidente Lula terá que demitir a ministra", disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
O acordo entre a base aliada e a oposição permitiu a aprovação dos convites ao ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi; ao ex-procurador-geral da Anac João Ilídio de Lima Filho; ao juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro Luiz Roberto Ayoub; ao procurador Manuel Felipe Brandão. E ainda dos ex-diretores da Anac Leur Lomanto e Jorge Veloso.
O presidente da comissão, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), definiu ontem que o grupo, incluindo Denise Abreu, será ouvido na próxima quarta-feira. Na semana seguinte deverão prestar depoimento o advogado Roberto Teixeira e os três sócios brasileiros que compraram as empresas, Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel, além de um representante dos trabalhadores.
A comissão não tem poderes para convocar os depoentes, que podem se recusar a comparecer. A oposição, que ameaça propor a criação de uma CPI da Varig, informou que se eles não vierem será inevitável instalar a comissão de inquérito. "Se não vierem vamos coletar as assinaturas", disse Demóstenes.
Os depoimentos levaram a um racha da base aliada. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), era contra a aprovação dos requerimentos. Mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ponderou que, se não fosse assim, a base teria que montar um plantão na comissão porque iriam pipocar requerimentos para convocar Dilma, como ocorreu no caso do dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A Folha apurou que os dois tiveram uma ríspida discussão na terça-feira pelo telefone, mas a opinião de Jucá acabou prevalecendo. Ele diz que "não teme a investigação e não tem compromisso com o erro."


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