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Senado pretende ouvir 12 para apurar denúncias no caso Varig
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Infra-Estrutura do Senado decidiu ontem
investigar a denúncia de Denise Abreu, ex-diretora da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), de que houve interferência política na venda da VarigLog para o fundo americano
Matlin Patterson. Abreu, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, e outras dez pessoas foram convidadas a participar de audiência
pública para discutir o assunto.
Ninguém do governo foi chamado. A estratégia da base aliada em aceitar aprovar os requerimentos foi evitar a convocação da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil). Ela foi acusada por
Denise e Josef Barat, também
ex-diretor da Anac, de interferir para ajudar na venda da VarigLog ao fundo americano, que
é representado pelo escritório
de Roberto Teixeira.
Para a oposição, o importante é confirmar a história, o que
pode complicar a situação da
ministra mais do que trazê-la
ao Senado. "Se apurarmos e ficar comprovado tudo, o presidente Lula terá que demitir a
ministra", disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
O acordo entre a base aliada e
a oposição permitiu a aprovação dos convites ao ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi; ao ex-procurador-geral da
Anac João Ilídio de Lima Filho;
ao juiz da 1ª Vara Empresarial
do Rio de Janeiro Luiz Roberto
Ayoub; ao procurador Manuel
Felipe Brandão. E ainda dos ex-diretores da Anac Leur Lomanto e Jorge Veloso.
O presidente da comissão,
senador Marconi Perillo
(PSDB-GO), definiu ontem que
o grupo, incluindo Denise
Abreu, será ouvido na próxima
quarta-feira. Na semana seguinte deverão prestar depoimento o advogado Roberto Teixeira e os três sócios brasileiros que compraram as empresas,
Marco Antonio Audi, Luiz
Eduardo Gallo e Marcos Haftel,
além de um representante dos
trabalhadores.
A comissão não tem poderes
para convocar os depoentes,
que podem se recusar a comparecer. A oposição, que ameaça
propor a criação de uma CPI da
Varig, informou que se eles não
vierem será inevitável instalar
a comissão de inquérito. "Se
não vierem vamos coletar as assinaturas", disse Demóstenes.
Os depoimentos levaram a
um racha da base aliada. A líder
do PT no Senado, Ideli Salvatti
(SC), era contra a aprovação
dos requerimentos. Mas o líder
do governo no Senado, Romero
Jucá (PMDB-RR), ponderou
que, se não fosse assim, a base
teria que montar um plantão
na comissão porque iriam pipocar requerimentos para convocar Dilma, como ocorreu no
caso do dossiê com os gastos do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A Folha apurou que os dois
tiveram uma ríspida discussão
na terça-feira pelo telefone,
mas a opinião de Jucá acabou
prevalecendo. Ele diz que "não
teme a investigação e não tem
compromisso com o erro."
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