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CALMANTE EXTRA
BC vende US$ 100 mi, mas boato de que Ciro Gomes teria passado José Serra faz moeda fechar a R$ 2,88
Estressado, dólar ignora ração e sobe 2,1%
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o Banco Central ter,
pelo segundo dia seguido, vendido US$ 100 milhões ao mercado, o
dólar fechou em alta de 0,88% ontem, cotado a R$ 2,88. A moeda
norte-americana encerrou a semana com valorização de 2,1%.
Mais uma vez houve especulações em torno de pesquisas eleitorais. O mercado aguarda a divulgação de sondagens feitas por três
institutos, Vox Populi, Datafolha
e Ibope, para os próximos dias. O
rumor entre as mesas de operações era que o candidato do PPS,
Ciro Gomes, poderia até mesmo
superar José Serra (PSDB) na preferência dos eleitores.
A desculpa para a especulação é,
agora, a possibilidade de o candidato do governo nem sequer passar para o segundo turno das eleições. Agradaria ao mercado, em
princípio, a vitória de Serra, por
ele representar a continuidade da
política econômica. A vitória de
um candidato de oposição poderia significar uma suspensão dos
pagamentos da dívida externa.
O mercado já especulava com a
possibilidade de um empate técnico dos dois presidenciáveis desde a semana passada. Isso porque
uma pesquisa encomendada pela
corretora Ágora ao Ibope, a pedido de um cliente não-identificado, não foi divulgada. Segundo a
corretora, ela estaria defasada por
ter sido realizada antes da vitória
do Brasil na Copa do Mundo, do
programa televisivo de Ciro e da
convenção nacional do PT.
O dia ontem foi fraco para os
negócios. O mercado norte-americano funcionou apenas por
meio período, ainda em decorrência do feriado local.
Em dias como esses, qualquer
pequena operação tem forte influência no comportamento da
cotação. Ainda assim, e apesar da
intervenção do BC, a moeda se
manteve em alta, pela força da
ação de especuladores.
Na quarta-feira, numa tentativa
de acalmar os investidores, o BC
informou que retomaria a venda
diária de dólares ao mercado, suspensa em dezembro passado. Será vendido, neste mês, US$ 1,5 bilhão. Na quinta e na sexta-feira, o
BC vendeu US$ 100 milhões. A
partir da semana que vem, haverá
vendas de US$ 50 milhões por dia.
A avaliação de analistas é que o
dólar teria subido ainda mais ontem, não fosse a atuação da autoridade monetária.
"A intervenção do BC só surtirá
efeito de médio a longo prazo",
afirma Maurício Zanella, do
Lloyds TSB. Ele lembra que, no
ano passado, quando a medida foi
implementada pela primeira vez,
levou tempo para que ela começasse, efetivamente, a segurar as
cotações: "Houve dias em que o
BC ofereceu a ração e o dólar subiu forte. É preciso ressaltar que a
intenção do BC não é interferir
nas cotações, mas sim dar maior
liquidez ao mercado".
A falta de liquidez era utilizada
por analistas como justificativa
para as recentes altas do dólar.
Para Alan Gandelman, da corretora Ágora, o comportamento
do dólar "foi até bom": "Especialmente se comparado ao desempenho de outros indicadores, como a Bolsa e os juros".
Na avaliação de Miriam Tavares, da AGK, os pregões de ontem
e segunda não irão sinalizar uma
tendência para a moeda, devido à
reduzida liquidez. "Nesta semana, tivemos o feriado nos EUA.
Na terça, é feriado em São Paulo. São dias atípicos", diz.
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