São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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CALMANTE EXTRA

BC vende US$ 100 mi, mas boato de que Ciro Gomes teria passado José Serra faz moeda fechar a R$ 2,88

Estressado, dólar ignora ração e sobe 2,1%

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o Banco Central ter, pelo segundo dia seguido, vendido US$ 100 milhões ao mercado, o dólar fechou em alta de 0,88% ontem, cotado a R$ 2,88. A moeda norte-americana encerrou a semana com valorização de 2,1%.
Mais uma vez houve especulações em torno de pesquisas eleitorais. O mercado aguarda a divulgação de sondagens feitas por três institutos, Vox Populi, Datafolha e Ibope, para os próximos dias. O rumor entre as mesas de operações era que o candidato do PPS, Ciro Gomes, poderia até mesmo superar José Serra (PSDB) na preferência dos eleitores.
A desculpa para a especulação é, agora, a possibilidade de o candidato do governo nem sequer passar para o segundo turno das eleições. Agradaria ao mercado, em princípio, a vitória de Serra, por ele representar a continuidade da política econômica. A vitória de um candidato de oposição poderia significar uma suspensão dos pagamentos da dívida externa.
O mercado já especulava com a possibilidade de um empate técnico dos dois presidenciáveis desde a semana passada. Isso porque uma pesquisa encomendada pela corretora Ágora ao Ibope, a pedido de um cliente não-identificado, não foi divulgada. Segundo a corretora, ela estaria defasada por ter sido realizada antes da vitória do Brasil na Copa do Mundo, do programa televisivo de Ciro e da convenção nacional do PT.
O dia ontem foi fraco para os negócios. O mercado norte-americano funcionou apenas por meio período, ainda em decorrência do feriado local.
Em dias como esses, qualquer pequena operação tem forte influência no comportamento da cotação. Ainda assim, e apesar da intervenção do BC, a moeda se manteve em alta, pela força da ação de especuladores.
Na quarta-feira, numa tentativa de acalmar os investidores, o BC informou que retomaria a venda diária de dólares ao mercado, suspensa em dezembro passado. Será vendido, neste mês, US$ 1,5 bilhão. Na quinta e na sexta-feira, o BC vendeu US$ 100 milhões. A partir da semana que vem, haverá vendas de US$ 50 milhões por dia.
A avaliação de analistas é que o dólar teria subido ainda mais ontem, não fosse a atuação da autoridade monetária.
"A intervenção do BC só surtirá efeito de médio a longo prazo", afirma Maurício Zanella, do Lloyds TSB. Ele lembra que, no ano passado, quando a medida foi implementada pela primeira vez, levou tempo para que ela começasse, efetivamente, a segurar as cotações: "Houve dias em que o BC ofereceu a ração e o dólar subiu forte. É preciso ressaltar que a intenção do BC não é interferir nas cotações, mas sim dar maior liquidez ao mercado".
A falta de liquidez era utilizada por analistas como justificativa para as recentes altas do dólar.
Para Alan Gandelman, da corretora Ágora, o comportamento do dólar "foi até bom": "Especialmente se comparado ao desempenho de outros indicadores, como a Bolsa e os juros".
Na avaliação de Miriam Tavares, da AGK, os pregões de ontem e segunda não irão sinalizar uma tendência para a moeda, devido à reduzida liquidez. "Nesta semana, tivemos o feriado nos EUA. Na terça, é feriado em São Paulo. São dias atípicos", diz.



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