São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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DÍVIDA EXTERNA

Horst Köhler diz que há chances de 20% de que pagamento da dívida seja suspenso, em uma situação extrema

FMI não descarta o calote do Brasil

DA REDAÇÃO

O FMI (Fundo Monetário Internacional) não descarta a possibilidade de o Brasil dar um calote no pagamento de sua dívida. Mas essa hipótese faria parte de um cenário de "pesadelo", afirmou o diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, em entrevista ao jornal inglês "Financial Times".
Segundo a reportagem do "FT", publicada ontem, Köhler disse que não se pode subestimar os riscos do atual período de elevada volatilidade dos mercados financeiros internacionais. Por isso, o diretor afirmou que não se pode descartar uma situação extrema, em que as Bolsas continuem a perder valor e um país emergente, como o Brasil ou a Turquia, dê calote na dívida. Para Köhler, a chance de tal pesadelo tornar-se realidade seria de 20%.
O diretor-gerente do órgão multilateral de ajuda econômica disse ainda que o FMI não se preocupou muito, no passado, com o fortalecimento das instituições dos países em desenvolvimento. Afirmou que não basta defender privatizações sem que se crie um ambiente competitivo.
Ainda de acordo com Köhler, Brasil e Turquia "são um grande desafio, porque o maior problema [nesses países" é político, e isso é difícil para o FMI, porque nosso foco é a economia".

Dólar preocupa
Ainda na entrevista ao "FT", o diretor-gerente do Fundo afirmou que o FMI deve procurar uma ação coordenada dos países ricos para conter uma eventual desvalorização excessiva do dólar. Köhler disse que tem restrições à intervenção no mercado cambial, mas, se a moeda norte-americana se desvalorizar rapidamente e de maneira desordenada, "não intervir não seria a resposta correta".
Desde o começo do ano, o dólar já perdeu 12% de seu valor ante o euro, por causa da crise de credibilidade das corporações dos EUA e da debilidade econômica do país. Se houver uma fuga de capitais dos EUA, poderia ocorrer uma grande desestabilização das principais economias do planeta.
Os reflexos seriam sentidos em todo o mundo. Países emergentes poderiam ficar sem crédito no mercado internacional.
Mas Köhler acredita que tal desfecho seria improvável. "A economia norte-americana é mais flexível do que outras, o que nos faz crer que deve ocorrer uma sólida recuperação."



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