São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Mudança ocorrerá até 2005; decisão poderá resultar na venda da italiana para a americana

Fiat vai unificar plataformas com a GM

France Presse - 11.set.01
Michael Schumacher, piloto de Fórmula 1, ao lado do carro Stilo no Salão de Frankfurt de 2001


LÁSZLÓ VARGA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A Fiat Automóveis vai passar a produzir todos os seus veículos montados na Europa em plataformas compatíveis com aquelas da General Motors (GM). A mudança ocorrerá até 2005, e a filial brasileira seguirá o mesmo caminho, com algumas exceções devido às características do mercado local.
A decisão foi anunciada ontem pelo superintendente mundial da empresa, Giancarlo Boschetti, que visitou o país pela primeira vez. O executivo assumiu o cargo em dezembro e foi escolhido pelos acionistas da empresa -entre eles a família Agnelli-, para tentar reerguer a montadora, que passa por uma de suas piores crises financeiras.
A dívida global da Fiat Automóveis é de cerca de US$ 5 bilhões. A decisão de unificar as plataformas com a GM indica a proximidade cada vez maior da Fiat com a multinacional americana. Isso poderá resultar na venda da companhia italiana para a concorrente.
"A transformação das plataformas permitirá efetivamente que a Fiat e a GM comprem as mesmas peças, o que reduzirá em 5% nossos custos de produção. Não existe no momento nenhum plano de a GM comprar a Fiat", afirmou Boschetti.
O executivo acrescentou, no entanto, que se a reestruturação que planeja para a empresa até 2004 não der certo, os acionistas terão de repensar as alternativas para a Fiat Automóveis.
Boschetti afirmou estar convicto do sucesso de seu projeto de reestruturação. O plano prevê investimentos de US$ 6,8 bilhões até 2004. Segundo ele, em dois anos a companhia voltará a entrar no azul, depois de amargar prejuízo de US$ 420 milhões no primeiro trimestre deste ano.
A estratégia de Boschetti, no entanto, não é bem vista por duas agências de classificação de riscos de investimentos. A Moody"s rebaixou ainda mais sua avaliação sobre a montadora no dia 26 de junho. A Fiat passou a constar na categoria Baa3, um patamar acima da classificação de altíssimo risco ("junk"). A Standard & Poor's fez o mesmo.
Para Boschetti, isso são meras avaliações de mercado. "Quem quiser acreditar em nosso plano que acredite. Quem não quiser não acredite", disse Boschetti.

Contrato com a GM
No seu esforço de reestruturação, a Fiat conseguiu empréstimo de US$ 3 bilhões com bancos europeus. Os rumores de que a GM poderá comprar a Fiat foram reforçados por Umberto Agnelli, um dos membros da família que fundou a Fiat.
Atualmente, a companhia americana já possui 20% das ações da montadora italiana. O contrato entre as duas empresas prevê que a GM terá a prioridade de compra da concorrente a partir de 2004, caso ela seja colocada à venda.
A Fiat amargou no semestre passado uma redução de três pontos percentuais na sua participação no mercado de automóveis da Itália. Sua fatia de vendas caiu para 31,5% em relação ao mesmo período de 2001. O mercado como um todo sofreu redução de 13% no período.
Para reverter o quadro negativo, a Fiat vai cortar 2.500 dos 40 mil postos de trabalho na Itália. O processo ocorrerá com o fechamento de vagas de trabalhadores que estão para se aposentar. "Vamos também fechar unidades no exterior", disse Boschetti. A unidade brasileira não corre o risco de ser incluída no processo, pois é uma das mais lucrativas da Fiat.

O repórter László Varga viajou a Belo Horizonte a convite da Fiat Automóveis


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