São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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Plano para acabar com curralzinho fracassa

DE BUENOS AIRES

O plano para acabar com as restrições bancárias impostas pelo curralzinho, divulgado pelo ministro Roberto Lavagna (Economia) há quase um mês, fracassou, como previa o FMI (Fundo Monetário Internacional).
De acordo com o plano, os correntistas teriam cinco semanas para optar por trocar os depósitos congelados nos bancos por títulos do governo. Ontem, terminou o prazo de opção pelo mais vantajoso dos três bônus que foram oferecidos: um papel indexado à cotação do dólar e com um prazo de resgate mais curto, de três anos.
O resultado final da operação será conhecido apenas na segunda-feira. Segundo o jornal "Ámbito Financiero", no entanto, apenas 1% dos correntistas haviam aderido até anteontem, apesar da maciça propaganda oficial feita nos meios de comunicação.
O fracasso do plano havia sido previsto pelo FMI, pelos bancos estrangeiros instalados no país e pelo presidente do Banco Central, Aldo Pignanelli, que defendiam a obrigatoriedade da troca.
Para eles, Lavagna seria malsucedido devido à desconfiança da população. Os correntistas prefeririam manter o dinheiro congelado nos bancos -apesar do risco de falência que ronda diversas instituições- do que comprar um título de um governo que decretou o calote da dívida externa, como o argentino.
Como o governo ignorou as críticas, o fracasso iminente do plano detonou ontem nova onda de boatos sobre a renúncia de seus dois co-autores: o próprio Lavagna e o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen.
Agora, atento às críticas, Lavagna disse durante a tarde de ontem que vai divulgar hoje alterações do plano. No entanto, voltou a se recusar a implementar o projeto pedido pelo FMI, porque não haveria apoio tanto no Congresso quanto na Justiça.
O ministro disse que a única medida em estudo consiste em evitar a fuga de depósitos do curralzinho por meio de processos judiciais. Segundo o jornal "Página/12", Lavagna teria pedido ao presidente Eduardo Duhalde que afastasse da presidência do BC o recém-empossado Pignanelli, mas Duhalde teria negado. (JS)


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