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Governo aumenta o gasto público em 8,5%
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Além de atravessar a maior crise
econômica da história, o governo
argentino ainda aumentou os gastos públicos em 8,5% no primeiro
semestre deste ano em relação ao
mesmo período de 2001.
Excluídos os pagamentos da dívida pública, o governo federal
gastou 8,61 bilhões de pesos entre
janeiro e junho de 2002, ou 676
milhões de pesos a mais do que no
ano passado. No mesmo período,
a arrecadação caiu 7,3%.
Com uma queda de 16,3% do
PIB no primeiro trimestre, o aumento dos gastos foi financiado
basicamente pela maior carga tributária -que reduziu os efeitos
negativos da recessão sobre os cofres públicos- e pela moratória
da dívida pública.
No primeiro ponto, o país passou a taxar a maioria das exportações em 20%. A arrecadação foi
beneficiada ainda pelo retorno da
inflação, que elevou o ingresso de
impostos sobre valor agregado.
A moratória da dívida interna e
externa, decretada em dezembro,
foi responsável pela economia de
4,03 bilhões de pesos em relação
ao ano passado.
Os novos gastos do governo
correspondem, basicamente, a
subsídios distribuídos para trabalhadores desempregados e empresas dos setores de energia e
transporte.
Conhecido no exterior por gastar mais do que arrecada, o presidente Eduardo Duhalde também
estuda conceder nos próximos
dias um aumento para o piso dos
aposentados, que subiria de 150
pesos para 200 pesos. Além disso,
o presidente pretende lançar um
"megaplano" de obras públicas,
que inclui a implementação de
1.480 projetos em todo o país.
Uma terceira medida que já está
em estudo no Ministério do Trabalho consiste na extensão também para os servidores públicos
do reajuste salarial de 100 pesos
que será concedido a todos os trabalhadores do setor privado.
Com as medidas, Duhalde tenta
melhorar a popularidade do governo e do Partido Justicialista
(peronista, do presidente) agora
que a eleição presidencial foi antecipada em seis meses, para março
de 2003.
A origem dos recursos para arcar com essas despesas não foi esclarecida. Os novos gastos vão dificultar a retomada do pagamento
da dívida externa. Com isso, o governo fica ainda mais longe de estabelecer o "plano econômico
sustentável" exigido pelo FMI.
Eleições
O ministro Jorge Matzkin (Interior) disse ontem ser "muito pouco provável" que as eleições de
março sejam gerais. A idéia havia
sido proposta pelo próprio Duhalde e conta com o apoio de 13
dos 24 governadores do país.
No entanto, Matzkin afirmou
que a realização da eleição geral
depende de uma difícil reforma
constitucional. E, segundo ele, a
maioria dos senadores e deputados do PJ e da UCR -os dois
maiores partidos do país- se
mostraram contra a proposta.
Matzkin também declarou que
a única outra alternativa seria a
renúncia em massa dos políticos,
o que "é ainda menos realista do
que a hipótese anterior".
Em relação à eleição para presidente, Duhalde tenta unir os peronistas para enfrentar o arqui-rival e ex-presidente Carlos Menem
(1989-1999) nas eleições prévias
do partido.
O pré-candidato favorito de
Duhalde é o governador de Santa
Fé, Carlos Reutemann, que, por
sua vez, condicionou a participação nas eleições à formação de
uma rede consistente de aliados.
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