São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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PRESSÃO

Fipe aponta alta de 0,92% nos preços, maior variação desde fevereiro de 2003; combustíveis e frio são os vilões

SP registra a maior inflação em 16 meses

Sérgio Zacchi - 15.jun.04/Folha Imagem
Posto em São Paulo troca valor em placa, após divulgação do reajuste do preço dos combustíveis


IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

O frio fora de época e o aumento dos combustíveis elevaram a inflação do município de São Paulo em junho. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) superou as expectativas e atingiu 0,92% no mês passado, a maior taxa apurada desde fevereiro de 2003, quando chegou a 1,61%.
A previsão da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) era a de que a alta em junho ficasse em torno de 0,80%. Essa, na realidade, era a mais recente previsão -a inicial era de uma inflação no mês de apenas 0,50%. Em maio, a taxa havia sido de 0,57%.
O que causou surpresa foi o aumento nos preços do vestuário. Impulsionado pelo frio (mais intenso que o esperado), o grupo subiu 1,31% no mês passado, depois de registrar variação de 0,28% em maio.
O coordenador-adjunto do IPC da Fipe, Juarez Rizzieri, avalia que o aumento no vestuário já era esperado, mas em torno de 1%.
"A economia está melhorando um pouquinho, o que de certa forma viabilizou a demanda", afirmou.
Porém os itens que mais pesaram na inflação de junho foram transportes e alimentos.
Por causa do reajuste dos combustíveis, o grupo transportes subiu 2,09% no mês passado, maior avanço mensal desde fevereiro de 2003 (+4,46%).
A alta do dólar, somada ao avanço do preço do petróleo no mercado internacional, fez com que a Petrobras anunciasse, em 12 de junho, aumento de 10,8% na gasolina e de 10,6% no diesel para as refinarias.
O índice da Fipe captou em junho aumentos de 4,80% na gasolina e de 11,83% no álcool combustível -elevações de preços nas bombas dos postos de gasolina.
O grupo alimentação continua em alta, mas de forma menos acentuada. O preço dos alimentos subiu em média 1,39%.
Dos 32 produtos que mais contribuíram com a inflação de junho, 15 eram de alimentos, principalmente "in natura", que são os mais sensíveis ao frio.
A alface, por exemplo, ficou 26,46% mais cara. A cebola subiu 24,50%, e o tomate, 20,53%.
Por outro lado, alguns itens de alimentação já registram quedas significativas. É o caso do mamão, com recuo de 24,38%.

Julho
A expectativa de Rizzieri, porém, é de desaceleração da inflação em julho. Ele espera taxa entre 0,6% e 0,7% para o mês.
Em relação a igual período do ano passado, no entanto, a taxa continuará acelerada. Em junho e julho de 2003, o IPC-Fipe registrou deflação de 0,16% e 0,08%, respectivamente.
O avanço da inflação neste mês em comparação ao ano passado, de acordo com Rizzieri, é resultado do reaquecimento da economia. Além disso, ele destaca que o crescimento das exportações e o aumento do preço das commodities no exterior acabam gerando inflação no mercado interno.
A taxa de julho será puxada ainda pelo aumento dos combustíveis. Já os maiores impactos dos reajustes de telefonia fixa e energia elétrica, cujos reajustes passam a vigorar neste mês, serão sentidos em agosto. Isso porque a coleta da Fipe computa as variações de preços dos serviços somente após o pagamento da conta pelo consumidor.
O avanço da inflação em junho não altera a projeção da Fipe de variação entre 5,5% e 6% no fechamento de 2004.


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