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Mercosul planeja vender mais para a Ásia e a África
CLÁUDIA DIANNI
DE PUERTO IGUAZÚ
O Mercosul deu os primeiros
passos para aumentar a sua presença comercial na Ásia durante a
presidência semestral da Argentina, que termina nesta semana. O
Brasil, que sediará a presidência
do bloco pelos próximos seis meses, terá que liderar as negociações comerciais que foram propostas à China, ao Japão e à Coréia do Sul.
Durante o encontro de cúpula
de presidentes, que ocorre amanhã e na quinta-feira em Puerto
Iguazú (Argentina), o bloco vai
tomar a iniciativa para abrir mais
mercados na África, onde já está
negociando um acordo com a
África do Sul.
Segundo o subdiretor do Mercosul da chancelaria argentina,
Roberto Salafi, o bloco fará uma
oferta de associação comercial ao
Egito, que deverá enviar um representante ao encontro.
Durante o último semestre, o
Mercosul iniciou contatos comerciais, com o objetivo de estabelecer futuras parcerias de livre comércio, com os três países asiáticos e aprofundou as negociações
com a Índia.
"Com a Coréia do Sul, a China e
o Japão ainda estamos na fase de
contatos políticos, mas com a Índia já estamos bem avançados, e o
Marrocos também manifestou interesse", disse Salafi.
Fortalecimento
Os acordos obedecem à nova tática comercial do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva de fortalecer o
comércio com países em desenvolvimento, conforme acordaram países-membros da Unctad
(Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento) durante a reunião realizada pela entidade no mês passado,
em São Paulo.
As novas iniciativas ganharam
impulso depois das dificuldades
das negociações da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas) e
entre o Mercosul e a União Européia, que caminha para um versão
"light" (menos abrangente) no final de outubro. Nas duas negociações, o Mercosul encontra dificuldades para abrir mercado para
seus produtos agrícolas e agroindustriais.
"As associações Sul-Sul são feitas dentro desse espírito de ampliar as oportunidades comerciais
com países em desenvolvimento,
mas não excluem as negociações
com os países ricos nem as multilaterais, na OMC [Organização
Mundial do Comércio]", afirmou
o negociador brasileiro na Alca,
embaixador Adhemar Bahadian.
México
O presidente do México, Vicente Fox, deve oficializar o pedido
de adesão de seu país como membro associado do Mercosul durante o encontro.
Por causa de sua associação comercial com os Estados Unidos e
com o Canadá no Nafta (Área de
Livre Comércio da América do
Norte), no entanto, o México não
poderá tornar-se membro pleno
do Mercosul, disse o diretor de Integração do Itamaraty, embaixador José Antônio Marcondes de
Carvalho.
O status de membro pleno dá ao
México o direito de negociar com
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai tarifas de comércio reduzidas, mas o país não pode fazer
parte da união aduaneira do Mercosul, ou seja, aplicar as mesmas
tarifas de comércio para terceiros
países.
Mais liberal do que os futuros
parceiros do Mercosul, assim como o Chile, o México não tem interesse em tornar-se membro pleno do bloco sul-americano porque isso implicaria o aumento de
suas tarifas de comércio.
Segundo Marcondes de Carvalho, a parceria é promissora para
o Brasil por causa da complementação comercial existente entre os
dois países.
"Mesmo sofrendo tarifas de
40%, os sapatos brasileiros são
competitivos no México, portanto a associação abre muitas oportunidades de negócios", afirma
Marcondes de Carvalho.
Brasil e México já possuem um
acordo fixo de preferências tarifárias para 800 produtos, além de
uma associação para o setor automotivo. Os dois países possuem
as mesmas montadoras de veículos, mas que fabricam diferentes
modelos.
Argentina, Uruguai e Paraguai
também já possuem acordos individuais com o México. A novidade é que será negociada uma redução de tarifas mais amplas para
os quatro países, o que permitirá
incluir os sapatos brasileiros.
Confirmaram presença no encontro do Mercosul na Argentina
os presidentes Ricardo Lagos
(Chile), Hugo Chávez (Venezuela), Carlos Mesa (Bolívia) e Vicente Fox (México).
LEIA entrevista com o presidente Vicente Fox no caderno Mundo
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