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Produtores vão separar grãos para evitar problemas com exportações
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Os problemas enfrentados pela
soja, com o embargo da China no
mês passado, alertaram os produtores de trigo para que busquem o
máximo de controle na produção
e, assim, evitem ameaças ao escoamento. A idéia é separar tipos
de trigo diferentes, mostrando a
origem e a forma de plantio.
Para a Embrapa, produtores e
exportadores, a qualidade do trigo brasileiro é igual à do canadense, do americano ou do argentino.
A primeira medida foi construir
armazéns para guardar os diferentes tipos de trigo e evitar misturas que comprometam a exportação -não de sementes contaminadas (como ocorreu com a
soja), mas diferentes.
Os produtores e exportadores
têm como certo que, no caso da
soja, a acusação de que brasileiros
misturaram sementes contaminadas com fungicidas a grãos sadios foi uma estratégia chinesa
para baixar os preços. Por isso
procuram identificar eventuais
barreiras que possam ser criadas
para o trigo.
"O mercado quer previsibilidade. Trigo para biscoito é para biscoito, para pão é para pão. Temos
chances de colocar ainda mais
nosso produto no mercado externo. Temos de nos preparar e estamos fazendo isso, ao separar os tipos de trigo", disse o pesquisador
da Embrapa Benamy Bacaltchuk,
chefe-geral do órgão por oito
anos (até fevereiro deste ano) e
doutor na Universidade de Wisconsin (Estados Unidos).
O trigo destinado aos biscoitos é
o trigo soft (ou trigo mole). Para
pães, é o trigo hard (ou trigo duro). O comprador costuma escolher um ou outro.
Sem histórico exportador
No caso do trigo mole, há baixa
força de glúten (a proteína que dá
a forma da massa). No duro, a força do glúten é superior, para dar a
forma do pão. Na última safra, o
Brasil exportou mais trigo para
biscoito do que para pão.
"Não tínhamos histórico de exportações até o ano passado,
quando vendemos 1,3 milhão de
toneladas ao exterior, de uma safra de 5,3 milhões de toneladas.
Acredito que os números vão ser
semelhantes neste ano. Portanto é
importante começarmos a fazer a
segregação de colheitas."
A colheita começa em setembro
e termina em dezembro no Brasil.
Os produtores gaúchos já trabalham com novos armazéns para a
separação. O Brasil exportou mais
para Itália, Egito, Tunísia, Marrocos e Romênia.
O presidente do Sinditrigo e
proprietário do moinho Tondo,
Rogério Tondo, concorda com as
ponderações de Bacaltchuk. "A
segregação está acontecendo,
mesmo. E é importante. Os produtores se deram conta da importância de separar as variedades de
grãos. Há diferentes perfis. Isso
melhora a qualidade, porque cada
mercado tem a sua necessidade."
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