São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produtores vão separar grãos para evitar problemas com exportações

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os problemas enfrentados pela soja, com o embargo da China no mês passado, alertaram os produtores de trigo para que busquem o máximo de controle na produção e, assim, evitem ameaças ao escoamento. A idéia é separar tipos de trigo diferentes, mostrando a origem e a forma de plantio.
Para a Embrapa, produtores e exportadores, a qualidade do trigo brasileiro é igual à do canadense, do americano ou do argentino.
A primeira medida foi construir armazéns para guardar os diferentes tipos de trigo e evitar misturas que comprometam a exportação -não de sementes contaminadas (como ocorreu com a soja), mas diferentes.
Os produtores e exportadores têm como certo que, no caso da soja, a acusação de que brasileiros misturaram sementes contaminadas com fungicidas a grãos sadios foi uma estratégia chinesa para baixar os preços. Por isso procuram identificar eventuais barreiras que possam ser criadas para o trigo.
"O mercado quer previsibilidade. Trigo para biscoito é para biscoito, para pão é para pão. Temos chances de colocar ainda mais nosso produto no mercado externo. Temos de nos preparar e estamos fazendo isso, ao separar os tipos de trigo", disse o pesquisador da Embrapa Benamy Bacaltchuk, chefe-geral do órgão por oito anos (até fevereiro deste ano) e doutor na Universidade de Wisconsin (Estados Unidos).
O trigo destinado aos biscoitos é o trigo soft (ou trigo mole). Para pães, é o trigo hard (ou trigo duro). O comprador costuma escolher um ou outro.

Sem histórico exportador
No caso do trigo mole, há baixa força de glúten (a proteína que dá a forma da massa). No duro, a força do glúten é superior, para dar a forma do pão. Na última safra, o Brasil exportou mais trigo para biscoito do que para pão.
"Não tínhamos histórico de exportações até o ano passado, quando vendemos 1,3 milhão de toneladas ao exterior, de uma safra de 5,3 milhões de toneladas. Acredito que os números vão ser semelhantes neste ano. Portanto é importante começarmos a fazer a segregação de colheitas."
A colheita começa em setembro e termina em dezembro no Brasil. Os produtores gaúchos já trabalham com novos armazéns para a separação. O Brasil exportou mais para Itália, Egito, Tunísia, Marrocos e Romênia.
O presidente do Sinditrigo e proprietário do moinho Tondo, Rogério Tondo, concorda com as ponderações de Bacaltchuk. "A segregação está acontecendo, mesmo. E é importante. Os produtores se deram conta da importância de separar as variedades de grãos. Há diferentes perfis. Isso melhora a qualidade, porque cada mercado tem a sua necessidade."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frutas: Rio proíbe compra de banana de SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.