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Com inflação baixa, desempenho da economia deve melhorar neste semestre
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de preços constatada pela Fipe desde maio deste
ano resultou em aumento da
renda disponível para as famílias. O crescimento do poder
aquisitivo do consumidor e a
expectativa de queda de juros
farão com que a economia tenha neste semestre desempenho melhor do que o primeiro.
Essa é a avaliação de Fábio
Silveira, diretor da RC Consultores, ao analisar a deflação de
0,31% em junho, divulgada ontem pela Fipe, da USP. No primeiro semestre deste ano, a inflação foi de 0,10%.
"O real valorizado em relação
ao dólar, que trouxe mais importados para o país, fez a indústria reduzir preços para poder competir. Isso resultou em
maior poder de compra para as
famílias. Este semestre deverá
ser melhor do que o primeiro
para o comércio e para a indústria", afirma Silveira.
A renda disponível para as famílias já vinha subindo com a
recuperação, ainda que modesta, da atividade industrial e do
emprego. Em abril, a renda real
do trabalhador subiu 5% na
comparação com abril de 2005.
Na análise de Silveira, o aumento do poder aquisitivo do
consumidor e a expectativa de
juros menores vão resultar em
mais consumo de alimentos, de
eletroeletrônicos e de roupas.
"Com mais renda e juro menor,
aumenta o potencial de compra
dos consumidores."
Para Fernando Montero,
economista da Corretora Convenção, o câmbio valorizado,
que resultou na queda dos preços de produtos, provocou
transferência de renda da agricultura para salários e aposentadorias.
Ele exemplifica: em junho de
2005, uma pessoa que recebia
R$ 300 de salário mínimo e
comprava a cesta básica por R$
201,17 ficava com sobra de R$
98,80. No mês passado, essa
pessoa, que recebe R$ 350 de
salário mínimo, paga R$ 190,30
pela cesta, com sobra de R$
159,7. "A renda disponível após
a compra da cesta para alguém
que ganha um mínimo aumentou 62% no último ano. Isso vai
para o consumo", informa.
Marcela Prada, economista
da Tendências, não é tão otimista em relação aos efeitos da
deflação de junho sobre o consumo daqui para a frente. "A
deflação foi resultado da queda
de preços dos alimentos, em
conseqüência de boas condições climáticas, e dos combustíveis, provocada pela entrada
da safra de cana-de-açúcar.
Não vejo isso se repetir daqui
para a frente."
Para a economista, o consumo no primeiro semestre foi
influenciado pela inflação baixa e pelo aumento da renda do
trabalhador. "O cenário é diferente para este semestre, já que
se espera inflação mais elevada.
Com a taxa de câmbio mais estável, a redução de preços de
produtos tende a se esgotar." A
Tendências prevê que o IPCA
deverá ficar em 4,3% neste ano.
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