São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Fase de deflação acabou em SP, diz a Fipe

Preços voltarão a subir neste semestre, mas economista vê inflação "domada'; taxa de janeiro a junho é a menor do Real

No mês passado, os preços baixaram 0,31% para os paulistanos; Fipe revê a projeção da taxa deste ano de 4,5% para apenas 2,5%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Produtos agrícolas, real valorizado, juros ainda elevados e, nas últimas semanas, os preços do álcool combustível provocaram em junho a maior deflação na cidade de São Paulo desde maio de 1999. Com isso, a taxa semestral despencou e ficou no menor patamar do Plano Real.
Em junho, os preços baixaram 0,31% para os paulistanos, derrubando a taxa acumulada de janeiro a junho para apenas 0,10%. Esses dados fizeram a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever a projeção da taxa deste ano para apenas 2,5%. No início do ano, a instituição previa taxa de 4,5% para 2006.
A inflação foi "domada" no primeiro semestre, conforme dados exibidos não só pela Fipe mas também pelas demais instituições que acompanham preços. Neste semestre, no entanto, o cenário vai ser diferente. Acaba a fase de deflação -e os preços voltam a subir.
Paulo Picchetti, responsável pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, avisa, no entanto, que a inflação não terá vilões neste semestre. Ou seja, nenhum item deverá se destacar pelo lado do aumento.
A inflação dos próximos seis meses manterá a tendência normal de elevação do primeiro semestre. A diferença é que a taxa não será mais influenciada pelas quedas de alimentos, dólar e álcool.
Heron do Carmo, presidente do Corecon/SP, concorda com Picchetti e diz que a tendência da inflação é de estabilidade também em outros índices. Ele crê que o IPCA (o índice que baliza a meta de inflação do governo) deve girar em torno de 4% ao ano -a meta oficial é de 4,5%, e o mercado prevê 3,96%.
"O padrão [de alta] da inflação no passado é página virada", acredita Heron. Para ele, o futuro da inflação não aponta "nenhum medo". Com isso, o Banco Central deve continuar promovendo quedas dos juros, e a economia terá mais espaço para crescer a um ritmo de 5% ao ano, afirma Heron. Ele diz que a economia deverá concretizar ainda mais a desindexação, principalmente com as recentes quedas dos IGPs (Índice Geral de Preços e Índice Geral de Preços do Mercado) da Fundação Getulio Vargas.

Deflação
A deflação nos últimos dois meses e a conseqüente taxa reduzida do primeiro semestre ocorreram basicamente devido aos alimentos, diz Picchetti. A deflação no setor foi de 3,72% de janeiro a junho -a maior queda no período desde o início do Plano Real (julho de 1994).
Os demais setores -como transportes, despesas pessoais, saúde, educação e habitação- subiram, mas em ritmo menor. O setor de vestuário foi o único a registrar taxa maior de alta neste ano do que em 2005.
Tradicionalmente, a inflação do segundo semestre é influenciada pelas tarifas públicas. Mas, neste ano, elas terão efeito negativo sobre a taxa devido à deflação dos IGPs, que servem para reajustar algumas tarifas.
Os alimentos, acompanhando a queda de preços no campo, lideraram a pressão "negativa" na inflação. Os produtos "in natura" ficaram 8,84% mais baratos para os paulistanos, enquanto os semi-elaborados (cereais e carnes) recuaram 5,13%, e os industrializados, 2,20%.
Já os efeitos da queda do dólar no primeiro semestre aparecem nos produtos de imagem e som (-4,5%), equipamentos eletroeletrônicos (-1,5%) e equipamentos de informática e telefonia (-21,47%).
O álcool combustível, produto que acumula queda de 32% nos últimos três meses, registrou recuo de apenas 3% no semestre devido aos aumentos do início do ano.

Pressões
Entre os produtos que devem pressionar a inflação neste semestre estão os serviços. No primeiro semestre, cabeleireiros e manicures reajustaram seus preços em 1,5%; as academias, em 5,4%.
Além de serviços, Picchetti espera aumento médio de 6,5% nos pacotes de viagens, taxa próxima dos 7% de 2005.


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