|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fase de deflação acabou em SP, diz a Fipe
Preços voltarão a subir neste semestre, mas economista vê inflação "domada'; taxa de janeiro a junho é a menor do Real
No mês passado, os preços baixaram 0,31% para os paulistanos; Fipe revê a projeção da taxa deste ano de 4,5% para apenas 2,5%
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Produtos agrícolas, real valorizado, juros ainda elevados e,
nas últimas semanas, os preços
do álcool combustível provocaram em junho a maior deflação
na cidade de São Paulo desde
maio de 1999. Com isso, a taxa
semestral despencou e ficou no
menor patamar do Plano Real.
Em junho, os preços baixaram 0,31% para os paulistanos,
derrubando a taxa acumulada
de janeiro a junho para apenas
0,10%. Esses dados fizeram a
Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) rever a
projeção da taxa deste ano para
apenas 2,5%. No início do ano, a
instituição previa taxa de 4,5%
para 2006.
A inflação foi "domada" no
primeiro semestre, conforme
dados exibidos não só pela Fipe
mas também pelas demais instituições que acompanham
preços. Neste semestre, no entanto, o cenário vai ser diferente. Acaba a fase de deflação -e
os preços voltam a subir.
Paulo Picchetti, responsável
pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, avisa, no entanto, que a inflação não terá
vilões neste semestre. Ou seja,
nenhum item deverá se destacar pelo lado do aumento.
A inflação dos próximos seis
meses manterá a tendência
normal de elevação do primeiro semestre. A diferença é que a
taxa não será mais influenciada
pelas quedas de alimentos, dólar e álcool.
Heron do Carmo, presidente
do Corecon/SP, concorda com
Picchetti e diz que a tendência
da inflação é de estabilidade
também em outros índices. Ele
crê que o IPCA (o índice que
baliza a meta de inflação do governo) deve girar em torno de
4% ao ano -a meta oficial é de
4,5%, e o mercado prevê 3,96%.
"O padrão [de alta] da inflação no passado é página virada", acredita Heron. Para ele, o
futuro da inflação não aponta
"nenhum medo". Com isso, o
Banco Central deve continuar
promovendo quedas dos juros,
e a economia terá mais espaço
para crescer a um ritmo de 5%
ao ano, afirma Heron. Ele diz
que a economia deverá concretizar ainda mais a desindexação, principalmente com as recentes quedas dos IGPs (Índice
Geral de Preços e Índice Geral
de Preços do Mercado) da Fundação Getulio Vargas.
Deflação
A deflação nos últimos dois
meses e a conseqüente taxa reduzida do primeiro semestre
ocorreram basicamente devido
aos alimentos, diz Picchetti. A
deflação no setor foi de 3,72%
de janeiro a junho -a maior
queda no período desde o início
do Plano Real (julho de 1994).
Os demais setores -como
transportes, despesas pessoais,
saúde, educação e habitação-
subiram, mas em ritmo menor.
O setor de vestuário foi o único
a registrar taxa maior de alta
neste ano do que em 2005.
Tradicionalmente, a inflação
do segundo semestre é influenciada pelas tarifas públicas.
Mas, neste ano, elas terão efeito
negativo sobre a taxa devido à
deflação dos IGPs, que servem
para reajustar algumas tarifas.
Os alimentos, acompanhando a queda de preços no campo,
lideraram a pressão "negativa"
na inflação. Os produtos "in natura" ficaram 8,84% mais baratos para os paulistanos, enquanto os semi-elaborados (cereais e carnes) recuaram 5,13%,
e os industrializados, 2,20%.
Já os efeitos da queda do dólar no primeiro semestre aparecem nos produtos de imagem
e som (-4,5%), equipamentos
eletroeletrônicos (-1,5%) e
equipamentos de informática e
telefonia (-21,47%).
O álcool combustível, produto que acumula queda de 32%
nos últimos três meses, registrou recuo de apenas 3% no semestre devido aos aumentos do
início do ano.
Pressões
Entre os produtos que devem
pressionar a inflação neste semestre estão os serviços. No
primeiro semestre, cabeleireiros e manicures reajustaram
seus preços em 1,5%; as academias, em 5,4%.
Além de serviços, Picchetti
espera aumento médio de 6,5%
nos pacotes de viagens, taxa
próxima dos 7% de 2005.
Texto Anterior: Mercado aberto Próximo Texto: Com inflação baixa, desempenho da economia deve melhorar neste semestre Índice
|