São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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LUÍS NASSIF

As previsões dos "Tornos e Planilhas"

Há instituições trabalhando com uma probabilidade de 40% para uma recessão americana em 2007

A ÚLTIMA reunião do grupo "Tornos e Planilhas", ocorrida nesta semana, trouxe uma visão relativamente otimista da conjuntura internacional. O tema do encontro, prejudicado por uma epidemia de gripe, foram a crise internacional e os cenários de pouso suave ou efeito-manada. As projeções do grupo são:
EUA - Alguns apostam em crescimento americano abaixo de 3% em 2007. Há algumas grandes instituições trabalhando com uma probabilidade de 40% para uma recessão americana em 2007. Taxas americanas - Apostas do mercado giram de 5,25% a 5,75%.
Ajuste externo americano - Alguns presentes, como Octavio de Barros, do Bradesco, defendem que a economia americana poderá se ajustar naturalmente. No plano externo, há desaceleração do crescimento das exportações alemãs (o maior exportador do mundo), que caíram de +30% para +5%, enquanto as americanas crescem consistentemente a 11% ao ano.
Novo Breton Woods - Um ajuste concatenado da economia mundial pressupõe uma desvalorização do dólar, que depende de uma recuperação da Europa e do Japão, da manutenção do financiamento dos déficits americanos pela China e pelo Japão -e, agora, pelos xeques árabes, novos grandes financiadores. Roberto Troster (Febraban) não descarta eventuais efeitos-manadas, assim que tesoureiros em geral sentirem o dólar despencar.
Paulo Rigga tem dúvidas sobre se a China continuará financiando os EUA mesmo com a desvalorização do dólar, sem pedir prêmio na taxa.
Além disso, em um quadro de recessão mundial, o que impedirá um país de sair na frente, desvalorizando sua moeda e provocando um efeito-manada? Juliana Braga, da UBS, acha que o risco da saída da desvalorização é muito maior para um país do que os ganhos da entrada. Esse risco seguraria os mais afoitos. Octavio julga que, na condição de maiores financiadores da dívida americana, Japão e China -únicos capazes de desequilibrar o jogo- jamais se aventurariam a algo do tipo.
Commodities - César Mesomo, da Victoire Finance, acredita na manutenção dos preços das commodities. Há consenso de que estão inflados por jogadas especulativas. Mas acredita-se que a forte demanda da China permitirá a manutenção da alta. Roberto Barbosa Cintra lembra, no entanto, que continua enorme a fatia de papéis emergentes em mãos de fundos.
Mesmo assim, como não há problemas estruturais nos emergentes, qualquer problema se resolverá via preço.
Brasil - Praticamente todos os economistas estão trabalhando com uma previsão de inflação do IPCA inferior a 4% neste ano. Em relação à Selic no final do ano, as apostas variam de 13,75% a 14,25%.

Cteep
Recebo do Citigroup seguintes esclarecimentos sobre a coluna "O mau negócio da Cteep".
1) Apesar de o Estado de São Paulo ter 36% do capital da Cteep, na verdade foram vendidos apenas 21%. Com isso, o P/L (relação preço/lucro) passa a ser 12, e não de 6, conforme colocado pela coluna.
2) Computando passivos existentes por ocasião da venda, o múltiplo do Ebitda (valor de mercado + dívida líquida sobre geração de caixa) passa a ser de 10, e não de 3,4, o que aproxima da média do mercado.


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