São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Mínimo maior e juro menor elevam vendas da indústria

Mercado interno é o principal responsável pela elevação da atividade neste ano

Horas trabalhadas na produção cresceram, diz a pesquisa da CNI; entidade qualifica resultado de maio de crescimento moderado

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento do salário mínimo e a trajetória de queda da taxa de juros (Selic) ajudaram a indústria a vender mais em maio. No mês passado, as vendas do setor aumentaram 0,73% em relação a abril, já descontados os efeitos típicos de cada mês. Na comparação com maio de 2005, houve crescimento de 4,55% -a maior variação mensal de 2006 ante igual período do ano passado.
Além do mínimo e da Selic, também contribuiu para o bom desempenho das vendas no mercado interno o aumento da massa real de salários -combinação de queda da inflação e expansão do nível de emprego. No setor externo, a ajuda veio da desvalorização do real em maio. Com a depreciação da moeda nacional, as empresas exportadoras faturaram mais.
Os dados foram divulgados ontem e fazem parte dos Indicadores Industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria). O coordenador da Unidade de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco, destacou que todos os indicadores tiveram resultados positivos em maio, o que deve continuar nos próximos meses.
"O quadro geral de maio é bastante satisfatório e mostra a continuidade na trajetória de crescimento da atividade industrial. Trata-se de um crescimento moderado, não é nenhum desempenho asiático", disse ele. "Os sinais são muito claros de que houve melhora em maio", completou Paulo Mol, economista da CNI.
Mol afirma que, apesar da tendência de crescimento das vendas da indústria, ainda há muita oscilação no indicador mensal. "Pode ter havido queda em junho. Por causa da Copa do Mundo, houve menos dias úteis no mês", explicou. Tanto ele quanto Castelo Branco voltaram a enfatizar que o mercado interno tem sido o grande motor do crescimento da atividade industrial neste ano.

Estoques ajustados
O ritmo de crescimento das horas trabalhadas na indústria continuou acentuado pelo segundo mês seguido, de acordo com a CNI. O aumento foi de 1,19% na comparação com abril (dado ajustado sazonalmente). Horas trabalhadas é o indicador que mais reflete o nível de produção da indústria.
Na avaliação da entidade, como os estoques das empresas estão ajustados e as vendas continuam crescendo, a indústria terá de produzir mais para atender ao aumento da demanda. Essa expansão da produção vem tanto na forma de aumento nas horas trabalhadas como na de crescimento do emprego.
Mol comentou que, havendo recuperação da atividade, normalmente as empresas ampliam as horas trabalhadas para somente depois passar a contratar novos funcionários.
Desde abril, porém, a CNI tem sido surpreendida com os dados do emprego industrial, que está acompanhando a expansão da indústria. No mês passado, houve aumento de 0,46% do emprego no setor.
Já a utilização da capacidade instalada atingiu 81,3% em maio -em abril, estava em 81%.


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