São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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Brasileiros gastam 29% mais no exterior

Acumulado de janeiro a maio chega a US$ 2,8 bi; maio bate recorde mensal com US$ 648 mi, puxado por câmbio favorável

Remessas de multinacionais crescem, mas contas externas seguem positivas e BC já prevê saldo de US$ 10,7 bi até dezembro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Turistas brasileiros gastaram US$ 648 milhões durante suas viagens ao exterior (a negócios e a lazer) no mês de maio, segundo dados divulgados pelo Banco Central. É o valor mais alto já registrado pela série estatística do Banco Central, iniciada em 1947.
O recorde anterior, de US$ 635 milhões, havia sido registrado em setembro de 1998, quando o dólar era cotado a R$ 1,18 (ontem fechou a R$ 1,91). Quatro meses depois, diante de uma forte fuga de capitais, o governo deixou de controlar o câmbio, e a forte desvalorização do real que se seguiu provocou queda abrupta na procura por viagens internacionais.
Mesmo com a crise aérea, o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, diz que os gastos dos turistas brasileiros, de férias ou a negócios, devem continuar a crescer também por causa das férias escolares. "Isso é reflexo do real mais forte e do crescimento da renda. O pessoal está viajando mais", afirma.
Entre janeiro e maio, os gastos com viagens ao exterior somaram US$ 2,801 bilhões, alta de 28,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números mostram também um crescimento nas despesas feitas por estrangeiros que visitam o Brasil. Embora o real mais forte encareça as viagens desses viajantes, suas despesas somaram US$ 2,094 bilhões nos primeiros cinco meses deste ano, 10,2% a mais do que igual período de 2006.
As remessas de lucros e dividendos para o exterior também registraram aumento no mês de maio -multinacionais instaladas no país enviaram US$ 2,632 bilhões para suas matrizes, crescimento de 134% em relação a abril.
Maciel afirma que esse movimento é normal e costuma ser observado em todos os meses de maio, época em que as empresas concentrariam suas remessas. Além disso, a queda do dólar também estimula essas operações, pois uma mesma quantidade de reais passa a comprar mais dólares.
De forma geral, porém, as contas externas do país continuam apresentando resultados positivos. No mês passado, a conta de transações correntes -que inclui todas as negociações de bens e serviços com outros países- ficou positiva em US$ 100 milhões.
O resultado ficou abaixo do que vinha sendo observado nos últimos meses, mas elevou o saldo acumulado no ano para US$ 3,615 bilhões -o BC espera que esse valor chegue a US$ 10,7 bilhões até dezembro.
Os números positivos apurados neste ano têm permitido ao BC dar continuidade à sua política de compras de dólares no mercado. Entre janeiro e julho, essas aquisições totalizaram US$ 56,8 bilhões, superando os US$ 34,3 bilhões registrados ao longo de todo o ano de 2006.
Só em maio as compras atingiram o valor recorde de US$ 14,6 bilhões. No mês passado, porém, já haviam desacelerado para cerca de US$ 9,3 bilhões, segundo dados preliminares.
A queda nas compras se deveu à maior procura por dólares por parte dos bancos. No mês passado, até o dia 22, as instituições financeiras haviam adquirido cerca de US$ 5,6 bilhões -entre janeiro e maio, os bancos haviam vendido US$ 13,8 bilhões no mercado.
Segundo Maciel, o comportamento dos bancos pode ser reflexo dos limites mais rígidos impostos pelo BC, há um mês, para o volume de dólares que as instituições financeiras negociam no mercado de câmbio.


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