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Brasileiros gastam 29% mais no exterior
Acumulado de janeiro a maio chega a US$ 2,8 bi; maio bate recorde mensal com US$ 648 mi, puxado por câmbio favorável
Remessas de multinacionais crescem, mas contas
externas
seguem positivas
e BC já prevê
saldo de
US$ 10,7 bi até dezembro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Turistas brasileiros gastaram
US$ 648 milhões durante suas
viagens ao exterior (a negócios
e a lazer) no mês de maio, segundo dados divulgados pelo
Banco Central. É o valor mais
alto já registrado pela série estatística do Banco Central, iniciada em 1947.
O recorde anterior, de US$
635 milhões, havia sido registrado em setembro de 1998,
quando o dólar era cotado a R$
1,18 (ontem fechou a R$ 1,91).
Quatro meses depois, diante de
uma forte fuga de capitais, o governo deixou de controlar o
câmbio, e a forte desvalorização do real que se seguiu provocou queda abrupta na procura
por viagens internacionais.
Mesmo com a crise aérea, o
chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, diz que os gastos dos turistas brasileiros, de férias ou a negócios, devem continuar a crescer também por causa das férias escolares. "Isso é reflexo do
real mais forte e do crescimento da renda. O pessoal está viajando mais", afirma.
Entre janeiro e maio, os gastos com viagens ao exterior somaram US$ 2,801 bilhões, alta
de 28,9% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Os números mostram também um crescimento nas despesas feitas por estrangeiros
que visitam o Brasil. Embora o
real mais forte encareça as viagens desses viajantes, suas despesas somaram US$ 2,094 bilhões nos primeiros cinco meses deste ano, 10,2% a mais do
que igual período de 2006.
As remessas de lucros e dividendos para o exterior também
registraram aumento no mês
de maio -multinacionais instaladas no país enviaram US$
2,632 bilhões para suas matrizes, crescimento de 134% em
relação a abril.
Maciel afirma que esse movimento é normal e costuma ser
observado em todos os meses
de maio, época em que as empresas concentrariam suas remessas. Além disso, a queda do
dólar também estimula essas
operações, pois uma mesma
quantidade de reais passa a
comprar mais dólares.
De forma geral, porém, as
contas externas do país continuam apresentando resultados
positivos. No mês passado, a
conta de transações correntes
-que inclui todas as negociações de bens e serviços com outros países- ficou positiva em
US$ 100 milhões.
O resultado ficou abaixo do
que vinha sendo observado nos
últimos meses, mas elevou o
saldo acumulado no ano para
US$ 3,615 bilhões -o BC espera que esse valor chegue a US$
10,7 bilhões até dezembro.
Os números positivos apurados neste ano têm permitido ao
BC dar continuidade à sua política de compras de dólares no
mercado. Entre janeiro e julho,
essas aquisições totalizaram
US$ 56,8 bilhões, superando os
US$ 34,3 bilhões registrados ao
longo de todo o ano de 2006.
Só em maio as compras atingiram o valor recorde de US$
14,6 bilhões. No mês passado,
porém, já haviam desacelerado
para cerca de US$ 9,3 bilhões,
segundo dados preliminares.
A queda nas compras se deveu à maior procura por dólares por parte dos bancos. No
mês passado, até o dia 22, as
instituições financeiras haviam
adquirido cerca de US$ 5,6 bilhões -entre janeiro e maio, os
bancos haviam vendido US$
13,8 bilhões no mercado.
Segundo Maciel, o comportamento dos bancos pode ser reflexo dos limites mais rígidos
impostos pelo BC, há um mês,
para o volume de dólares que as
instituições financeiras negociam no mercado de câmbio.
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