São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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Argentina receberá gás não usado pelo Brasil

Com oferta maior, as termelétricas do país vizinho podem gerar mais energia

Contrato da Bolívia com a Petrobras prevê o envio de 30 mi de m3 por dia, mas o Brasil importa, no máximo, 29 mi de m3

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Bolívia mandará para a Argentina parte do gás contratado pela Petrobras e que teria como destino o Brasil. O objetivo é tentar amenizar a crise de abastecimento, ofertando mais combustível para que as termelétricas do país vizinho possam gerar mais energia.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o contrato da Bolívia com a Petrobras prevê o envio de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia para o Brasil, por meio do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). O acordo comercial é feito no sistema "take or pay", no qual a estatal brasileira paga por toda a quantidade contratada, mesmo que a importação de gás fique abaixo do limite.
O ministério informou que, em média, o Brasil tem importado entre 26 milhões e 29 milhões de metros cúbicos de gás da Bolívia por dia. Como há sobra no contrato (gás contratado e não usado pelo Brasil), o governo brasileiro acertou o envio, para a Argentina, de 1 milhão de metros cúbicos do contrato da Petrobras com a Bolívia. A Argentina pede mais 1 milhão, mas essa quantidade adicional ainda está em estudo pelo governo brasileiro.
O enviou de gás é mais uma atitude do governo do Brasil para tentar amenizar a crise no abastecimento de energia na Argentina. Na quarta-feira, em reunião no ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), ficou decidido que a quantidade de energia brasileira exportada para a Argentina subiria de aproximadamente 600 MW (megawatts) médios para até 1.030 MW médios.
A energia brasileira enviada para a Argentina é produzida em termelétricas que não estavam gerando energia para o mercado brasileiro por questões de preço. No sistema brasileiro, geram energia as usinas que têm menor preço.

Preço alto
Em um cenário de sobra de energia, com as usinas hidrelétricas gerando energia mais barata, as termelétricas não são acionadas no Brasil. A maioria das usinas termelétricas que produzem energia enviada para a Argentina fica na região Sul do país e pertence à Tractebel e à Petrobras.
Assim como no caso do gás, o aumento da quantidade de energia enviada do Brasil para a Argentina exigirá a participação da Petrobras. A estatal brasileira deixará de usar gás natural em processos industriais internos e destinará esse insumo para as suas termelétricas que exportarão para a Argentina (Araucária, no Paraná, e Termorio, no Rio de Janeiro).
O gás que a Petrobras usaria será substituído por outro combustível, como óleo. Isso terá um custo para a estatal brasileira, que repassará para o custo da energia vendida para a Argentina.
Em crise, a Argentina paga um alto prelo pela energia termelétrica produzida no Brasil: aproximadamente R$ 200 por MWh (megawatt-hora). No Brasil, o preço médio da energia está em R$ 135 por MWh.


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