|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
folhainvest
Dez especialistas dão dicas de investimento no 2º semestre
Com juro em queda e Bolsa com expressiva valorização, investidor deve ponderar aplicações
O INVESTIDOR brasileiro viveu um cenário
de extremos no primeiro semestre deste
ano. Enquanto a Bolsa de Valores de São
Paulo conquistou a expressiva valorização de 37% entre janeiro e junho, as taxas de juros sofreram agressiva redução no país. Mas é difícil dizer o
que acontecerá no mercado financeiro nos próximos
seis meses. Existe a expectativa de que a taxa básica
Selic, referência para os juros praticados no mercado,
continue caindo -o que afeta os fundos-, mas qual
seria o seu piso? A Bolsa representa uma incógnita
ainda maior. Para ajudar o investidor a se planejar
nesse cenário de tantas incertezas, a Folha ouviu um
grupo de dez especialistas em finanças sobre as melhores alternativas de investimento para este segundo semestre.
(DENYSE GODOY E FABRICIO VIEIRA)
AÇÃO A LONGO PRAZO
Ricardo Amorim
O presidente da Ricam Consultoria se diz otimista com a
Bolsa no longo prazo. "Creio
que a Bovespa pode chegar em
2015 aos 210 mil pontos. Também acho que ações podem ser
uma boa alternativa de aplicação no segundo semestre, apresentando uma alta considerável. Mas, em algum momento,
provavelmente logo, deve haver piora da economia americana, e aí os mercados em todo o
mundo passarão por ajuste."
Por isso, explica, a Bolsa é um
investimento mais indicado
para quem está pensando no
longo prazo e tem sangue frio
para suportar as oscilações. "O
investimento precisa sempre
ser coerente com a capacidade
de correr riscos de cada um."
OPÇÃO POUPANÇA
Mauro Halfeld
Para o consultor e professor
da Universidade Federal do Paraná, a poupança deve ser encarada como opção para quem
tem até R$ 50 mil para aplicar.
"Ela vai se tornando cada vez
mais uma alternativa, pois não
estamos vendo movimento de
redução das taxas de administração cobradas pelos fundos."
A taxa se tornou um tema espinhoso em decorrência do recuo dos juros. Os fundos que
cobram taxas mais altas, acima
de 1,5%, acabam por perder em
rentabilidade para a poupança.
"No longo prazo, o Tesouro Direto também se mostra muito
interessante." Já para quem
dispõe de montantes maiores
para investir, ele aconselha
pensar também em imóveis.
BOLSA OSCILANTE
Márcia Dessen
A consultora de finanças pessoais da Bankrisk avalia que os juros devem se estabilizar após as quedas no primeiro semestre. No
caso da Bolsa, prevê um cenário de muita oscilação e risco nos próximos meses. "No atual cenário, a poupança ficou mais interessante. Deixou de ser o patinho feio do mercado." Para quem prefere
continuar aplicando em um fundo DI, é "fundamental começar a
pesquisar para encontrar taxas de administração que permitam
ter um retorno líquido maior que o da poupança".
OPERAÇÃO RESGATE
Erasmo Vieira
"A primeira questão que o investidor precisa analisar quando
vai montar a sua carteira de investimentos ou mudar de estratégia
diz respeito aos objetivos que tem para aquelas economias e, por
conseguinte, aos prazos nos quais precisará resgatar o dinheiro",
afirma o educador financeiro e diretor da consultoria Planilhar.
Para quem vai usar os recursos em um intervalo de dois anos, ele
recomenda aplicações mais conservadoras, como a poupança. "Se
o montante for superior, o investidor deve buscar fundos de investimento que cobrem taxas de administração menores."
MAIS OUSADIA
Sandra Blanco
Está na hora de o pequeno investidor brasileiro se acostumar a correr riscos. Essa é a
opinião da consultora de investimentos e professora. "Aquele
momento em que era possível
ganhar de 15% a 20% ao ano em
uma aplicação conservadora ficou para trás. Com a estabilização da economia e os juros baixando, quem quiser valorizar o
patrimônio vai precisar buscar
aplicações mais ousadas."
Informação é essencial para
entender a nova fase. "Ninguém tem desculpa -há muitos livros bons e existem até
cursos gratuitos sobre o mercado acionário. Mesmo assim,
quem não conhece a Bolsa deve
procurar orientação especializada antes de aplicar."
CDB E PREFIXADOS
Ricardo Fontes
"As Bolsas têm mostrado
pouca força para retomar a trajetória de alta, e assim deve ser
até que haja sinais mais concretos de uma recuperação da economia mundial. Por enquanto,
os indicadores ainda são muito
conflitantes: ao saírem sinais
de recuperação, todo mundo se
anima; logo depois, números
ruins funcionam como um banho de água fria", diz o consultor financeiro e professor do
Insper (ex-Ibmec-SP).
Em tempos de incerteza,
aplicações prefixadas e CDBs
são uma boa opção, afirma. Para ele, quando ficar mais claro o
ritmo da retomada global, daqui a alguns meses, pode-se
pensar em mudar para investimentos menos rígidos.
OLHO NAS TAXAS
Fábio Colombo
"Apesar de o BC ter reduzido fortemente a Selic, os juros praticados no Brasil ainda estão entre os mais elevados do mundo",
afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo. Com juros menos exuberantes, o investidor tem de estar mais atento à taxa de administração cobrada no fundo, diz. "Com taxa acima de 1%
ou 1,5%, é melhor optar pela poupança." No caso do Tesouro Direto, ele avalia que os títulos que pagam taxa de juros somada à variação de um índice de inflação podem ser uma boa alternativa.
CAUTELA ATÉ AGOSTO
Mauro Calil
Esperar a divulgação dos balanços das empresas para depois
avaliar alternativas na Bolsa é o conselho do educador financeiro.
"Dessa forma, até pelo menos agosto é melhor ter cautela com o
mercado acionário. Quando os balanços saírem, teremos uma
ideia mais clara de como as companhias estão se virando na crise",
afirma. No caso dos fundos que rendem juros, Calil reforça a recomendação de outros especialistas de ficar atento à taxa de administração. "Uma hora as taxas vão ter de cair", avalia.
TÍTULOS PÚBLICOS
Fabio Guelfi Pereira
"Quando se fala em títulos
públicos, o mais importante é a
pessoa física casar as características do papel com as suas
próprias metas", destaca o analista do Tesouro Nacional. "Não
adianta ficar pulando de galho
em galho a cada dois meses para perseguir uma rentabilidade
maior. O pequeno investidor
não possui conhecimento técnico para ficar mudando. Além
disso, há que se considerar todos os custos associados. Melhor é traçar um plano e segui-lo até o fim." Isso significa, por
exemplo, comprar um título
com vencimento em 2012, se
existe a intenção de resgatar os
montantes nessa época. Simplesmente comparar rendimentos não funciona, afirma.
JUROS SEGUROS
Luiz Antonio Vaz
Para o analista da KNA Consultores, entrar na Bolsa neste
momento "está muito perigoso". "Eu esperaria até setembro
para poder avaliar melhor a
economia e voltar a comprar
ações." As aplicações que pagam juros são a alternativa
mais segura neste momento,
segundo ele. "O investidor brasileiro ainda não se acostumou
com a taxa de juros de um dígito. Mas, como será difícil a Bolsa repetir no segundo semestre
o desempenho do primeiro, é
interessante deixar uma boa
parcela das economias em um
porto mais seguro. À medida
que os balanços forem saindo,
poderemos avaliar melhor as
companhias e as ações com
preços mais atraentes."
Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Investidor aguarda dados de inflação e indústria Índice
|