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CONSUMO
Redução virá por causa de estoques elevados, revela sondagem da FGV
Indústria cortará preço para vender
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A forte queda do consumo obrigou a maior parte do setores industriais a reduzir o uso da capacidade instalada de suas fábricas,
que já vinham com um nível de
estoque elevado. Com isso, muitos ramos de peso projetam diminuir preços para desencalhar os
produtos estocados.
É o que revelam dados da Sondagem Conjuntural da Indústria
da FGV (Fundação Getúlio Vargas), relativa ao trimestre julho a
setembro, obtidos pela Folha. Os
estoques altos devem também
adiar a recuperação da produção
da indústria, mesmo que a economia volte a ficar aquecida com a
redução das taxas de juros.
Dos 21 setores pesquisados, 13
tiveram queda na utilização da capacidade instalada de abril para
julho (a pesquisa é trimestral).
Quase todos vendem preferencialmente ao mercado interno.
No caso de bebidas, as fábricas
operavam com 71,4% de sua capacidade em janeiro. O percentual caiu para 61,9% em abril e para 52,4% em julho. Em junho de
2002, era de 66%. Também tiveram quedas expressivas os ramos
de fumo, vestuário e calçados,
além das indústrias de matérias
plásticas e farmacêutica.
Com estoques altos e a demanda enfraquecida, 38% das fábricas
de alimentos -os últimos bens a
serem cortados do orçamento das
famílias- afirmam que vão reduzir seus preços. O mesmo ocorre com as indústrias químicas:
77% apostam em reduções.
Para Aloisio Campelo, economista da FGV responsável pela
sondagem, três fatores explicam
esse movimento: o recuo do valor
do dólar no trimestre passado
-que diminuiu os custos de vários setores-, o desaquecimento
da economia e os altos estoques.
Dos 21 setores, apenas três estão
com nível de estoques adequado.
Estão superestocados ramos como material de transporte -73%
das montadoras dizem estar com
os pátios cheios-, vestuário e
matérias plásticas (embalagens).
Os estoques altos são ruins para
a retomada do nível de atividade,
mas ajudam a manter os preços
em queda. É o que afirma Marcelo
Cypriano, economista do BankBoston: "Provavelmente, a deflação dos preços livres [inclui os industriais] deve se intensificar".
Ele prevê queda de 0,2% nos
preços livres apurados pelo IPCA.
Por causa do aumento das tarifas
de energia e telefone, o IPCA
"cheio" deve ter subir 0,1%. O lado negativo, diz, é o adiamento da
recuperação da produção.
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