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ALTA TENSÃO
Suspeitas contra presidente do BC e novo recorde da commodity levam Bolsa de SP à maior queda em quase três meses
Meirelles e petróleo derrubam mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Notícias negativas não faltaram,
e o mercado financeiro refletiu essa turbulência ontem: a Bovespa
caiu 3,82%; dólar, juros futuros e
risco-país fecharam em alta. Além
de o preço do barril do petróleo
atingir mais um recorde, novas
denúncias de suspeitas contra o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, tumultuaram
os negócios pela tarde.
O novo recorde alcançado pelo
petróleo afetou o mercado desde
a abertura, com a Bolsa em baixa e
dólar e juros pressionados. Há o
temor de que a alta do produto seja repassada internamente para os
preços dos combustíveis. Isso
pressionaria a inflação e poderia
fazer o BC elevar as taxas de juros.
A denúncia de transações suspeitas de Meirelles com doleiros
azedou o mercado de vez.
A Bolsa de Valores de São Paulo
já iniciou o pregão em baixa, influenciada também pelas perdas
das ações de energia elétrica. Com
o fracasso do governo na tentativa
de arquivar no STF (Supremo Tribunal Federal) as ações do PSDB e
do PFL contra a lei que criou o novo modelo do setor elétrico, os papéis das empresas do setor desabaram no pregão de ontem, registrando as maiores perdas.
"O mercado começou o dia
ruim e piorou com as denúncias.
Para Meirelles, o acúmulo desses
episódios tem gerado grande desgaste. A pergunta é se ele agüentará a pressão", diz Rodrigo Boulos,
economista do banco Santos.
O dólar registrou alta de 0,52% e
fechou a R$ 3,071, maior valor em
dez dias. O risco-país, espécie de
termômetro da confiança do investidor estrangeiro, fechou em
alta de 1,34%, aos 606 pontos. A
Bovespa teve a maior baixa em
um pregão em quase três meses.
Apenas 2 das 55 ações mais negociadas na Bolsa fecharam em alta
ontem.
"A reação do mercado foi bem
negativa, mesmo antes de [os investidores] saberem ao certo do
que se tratavam as novas denúncias. É difícil dizer se o Meirelles
vai acabar saindo [da presidência
do BC], mas, se isso acontecer, será em um momento bem ruim
para o governo", avalia Guilherme da Nóbrega, economista-chefe do banco Fibra, referindo-se
aos indicadores que sinalizam a
retomada da economia.
Nas mesas de operações dos
bancos, analistas especulam sobre
o alcance e impacto das denúncias e se essas podem acabar derrubando o presidente do BC.
Na quarta-feira, a informação
de que a Comissão de Fiscalização
e Controle do Senado convidou
Meirelles e o presidente do Banco
do Brasil, Cássio Casseb, a prestarem esclarecimentos sobre as denúncias de supostas sonegação e
evasão não tinha chegado a levar
turbulência ao mercado.
A elevação do petróleo fez com
que as apostas na possibilidade de
o BC aumentar a taxa básica de juros da economia (Selic, hoje em
16% ao ano) crescessem.
No pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros, a taxa do contrato DI -que acompanha os juros praticados entre os bancos-
com vencimento na virada do ano
subiu de 16,74% para 16,88%
anuais. No contrato com prazo de
vencimento daqui a um ano, a taxa foi de 17,83% para 18,14%.
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