São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Preços sobem após governo russo congelar contas da Yukos

Petróleo volta a ter cotação recorde

DA REDAÇÃO

Os preços do petróleo voltaram a registrar recordes ontem com a notícia de que a gigante petrolífera russa Yukos não poderá usar suas contas bancárias para financiar as atividades. A decisão do Kremlin fortaleceu o receio no mercado de que a produção mundial da commodity será afetada.
Após um dia de queda, o petróleo para entrega em setembro (ou seja, com um mês de antecedência) subiu quase 4% nos dois principais mercados onde ele é negociado, Nova York e Londres.
Na Bolsa Mercantil nova-iorquina, o barril era negociado a US$ 44,41 no fim do pregão, alta de 3,7% ante o fechamento anterior (US$ 42,83). No "intraday" (que considera a variação durante o dia), o preço também chegou a um valor inédito, US$ 44,50.
Em Londres, na Bolsa Internacional do Petróleo, que serve de referência para o mercado europeu, o barril do tipo Brent ultrapassou pela primeira vez na história o nível de US$ 41 e fechou com alta de 3,6%, a US$ 41,12.
O nervosismo começou no início do dia, após o Ministério da Justiça da Rússia decidir anular uma decisão de não bloquear as contas da maior petrolífera do país, ameaçada de quebra.
A decisão, que havia sido anunciada na noite anterior, era ilegal, afirmou o ministério. Em questão de minutos, as ações da Yukos na Bolsa de Moscou tombaram até 14%. No fim do dia, as perdas diminuíram, ficando em 2,3%.
Sem o dinheiro, afirmam analistas, a Yukos deve enfrentar dificuldades para financiar as atividades de extração e produção. A empresa produz 1,7 milhão de barris por dia e exporta 75% desse valor -é responsável por cerca de 2% da produção mundial.
"Evidentemente, o mercado está preocupado com uma possível interrupção da oferta proveniente da Rússia", disse Mike Fitzpatrick, da corretora Fimat.
No fim de julho, a petrolífera já havia influenciado negativamente os mercados após três de suas principais unidades terem sido proibidas de vender seus bens e, conseqüentemente, sua produção. No dia seguinte, porém, o Ministério da Justiça recuou ao permitir que a empresa utilizasse seus recursos para manter as entregas, o que aliviou os preços, ao menos temporariamente.
A Yukos tem sido alvo do governo russo desde o fim de 2003 e deve, segundo números do fisco, pelo menos US$ 3,4 milhões em tributos atrasados. Em outubro do ano passado, o então presidente da companhia, Mikhail Khodorkovsky, foi preso, acusado de fraude e sonegação de impostos.
"Ainda existe um risco de perturbação na oferta do Oriente Médio devido às atividades terroristas, e a Venezuela é um problema no futuro próximo", afirmou David Thomas, analista do Commerzbank, em referência à nova preocupação do mercado.
No dia 15 de agosto, acontece na Venezuela o plebiscito convocado pela oposição que pode tirar do poder o presidente Hugo Chávez. O país, um dos 11 membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), coloca no mercado cerca de 2 milhões de barris por dia, segundo analistas.
Na quarta-feira, as cotações haviam recuado após o presidente da Opep, Purnomo Yusgiantoro, afirmar que a entidade tinha condições de aumentar sua produção em até 1,5 milhão de barris por dia até o fim do ano, desdizendo declaração sua do dia anterior.


Com agências internacionais

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