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Inflação baixa deve ajudar alta de salários
Expectativa é que negociações superem o ano passado, quando 72% dos acordos tiveram aumento real
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Inflação em queda, perspectiva de crescimento maior da
economia neste ano e melhora
dos indicadores do mercado de
trabalho vão contribuir para
que os reajustes salariais concedidos no segundo semestre
consigam superar a inflação e
trazer ganhos reais ao bolso do
trabalhador.
As negociações coletivas devem ter resultados ainda mais
expressivos que as do ano passado, quando 72% dos acordos
analisados pelo Dieese trouxeram aumento real aos salários.
A previsão é de economistas,
analistas do mercado de trabalho e sindicalistas que representam as principais categorias
do país -metalúrgicos, bancários, químicos e petroleiros. Só
no Estado de São Paulo, pelo
menos 3 milhões de trabalhadores iniciam suas campanhas
salariais a partir deste mês.
"Sem a pressão da inflação,
que deve manter sua trajetória
decrescente, a tendência é que
100% dos acordos salariais consigam repor as perdas acumuladas pelo INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor]
nos 12 meses anteriores a cada
data-base", diz José Silvestre
de Silveira, supervisor do Dieese em São Paulo.
No ano passado, 88% das 640
negociações estudadas no país
conseguiram no mínimo zerar
essas perdas -na indústria e
também no comércio e no setor
de prestação de serviços.
A inflação medida pelo INPC
(indicador mais usado nas negociações) chegou, ao final de
2005, acumulada em 5,05%. No
primeiro semestre do ano passado, atingiu percentuais próximos a 7%. As projeções para
este ano oscilam entre 3,3% a
4% (no caso do INPC), segundo
as principais consultorias econômicas do país.
Entre os setores que devem
se beneficiar nas negociações
coletivas deste ano, segundo
apontam os técnicos, estão os
ligados ao mercado interno
-principalmente alimentação,
vestuário e comércio.
"A indústria tem crescido de
forma gradual, o consumo das
famílias registrou aumento
[cresceu 4% na comparação do
primeiro trimestre do ano com
igual período de 2005] e os empresários prevêem aumento
nas contratações, segundo as
sondagens industriais. Esses
fatores contribuem para o aumento do poder de barganha
dos sindicatos", afirmou Guilherme Maia, analista da consultoria Tendências.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de SP, que representa 340 mil empregados, informa que acordos negociados
neste ano já trazem aumento
real entre 2% e 3,9% -caso dos
segmentos de bebidas e doces.
"A tendência é buscar esses
mesmos percentuais nas sete
negociações previstas para o
segundo semestre", diz Sidney
Moretti, assessor da federação.
Com data-base em julho, as
costureiras anteciparam sua
campanha salarial e fecharam
acordo com 2,21% de aumento
real para quem ganha até
R$ 1.800. O reajuste total foi de
5%, ante INPC de 2,79% acumulado nos 12 meses encerrados em junho. Em São Paulo,
90 mil trabalham no setor.
No ABC paulista, os metalúrgicos fecham há dois anos acordos com índices de reposição
acima da inflação para 85 mil
trabalhadores.
Representados pela Força
Sindical, 1,1 milhão de metalúrgicos do país pedem 10% de
reajuste, o que inclui 3% de aumento real. "Apesar das reclamações dos empresários, a produção das montadoras no primeiro semestre foi recorde [alta de 4,4% na comparação com
o mesmo período de 2005]", diz
Eleno José Bezerra, presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo e da confederação
nacional da categoria.
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