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Nova York volta a atrair sedes de grandes empresas
Número de companhias que instalaram suas matrizes e
subsidiárias em Manhattan mais que dobrou desde 1990
Explicação, segundo analistas, é a vocação da cidade para a globalização
e a facilidade de ganhar e gastar muito dinheiro
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Após êxodo nas últimas décadas, Nova York volta a sediar as
maiores empresas dos EUA e os
executivos mais bem pagos do
mundo.
O número de empresas que
instalaram suas matrizes e subsidiárias em Manhattan mais
que dobrou desde 1990, segundo levantamento do Departamento de Trabalho.
Ranking da revista "Fortune"
com as 500 maiores companhias dos EUA também mostra
tendência de retorno dos executivos a escritórios na cidade.
De acordo com dados da prefeitura, o número de sedes passou
de 274 para 602 em 15 anos. Resultado: 12 mil empregos com
salários milionários.
Entre as grandes empresas
que reforçam o movimento, estão o CIT Group, a Alcoa, maior
fabricante de alumínio do
mundo, e a Federated Department Stores, que administra as
lojas Macy's e Bloomingdale's.
A explicação para o fenômeno, apontam analistas ouvidos
pela Folha, é a vocação da cidade para a globalização e a facilidade de ganhar, e gastar, muito
dinheiro.
"Quando contratam um executivos, as empresas oferecem
um pacote de benefícios, não só
altos salários. É preciso fazê-los felizes, prendê-los à função
e manter a produtividade em
alta. Senão, não compensa. E é
Nova York onde se concentram
os grandes talentos. "Recruto
gente de todas as regiões dos
EUA e do mundo inteiro. Os
mais competentes estão aqui.
De todas as áreas", diz o "headhunter" Robert Wynne Parry,
que preside umas das maiores
empresas de recrutamento de
executivos do país (leia entrevista nesta página).
A volta das grandes empresas, no entanto, reflete uma nova tendência no mercado. Só a
cúpula -presidência, diretoria
e gerência- fica em Mannhattan. A base, com centenas de
funcionários, continua nas cidades em que aluguéis, salários
e impostos são menores.
Com as inovações tecnológicas, como celular, videoconferência e BlackBerry (minicomputador de mão que navega na
rede, envia e-mails e funciona
como celular), os executivos
comandam os subordinados de
qualquer lugar. Há diversos casos, como o da Alcoa, em que a
sede fica em Nova York e a produção continua na periferia; no
caso, em Pittsburgh (Estado da
Pensilvânia).
A emigração das sedes de
Manhattan chegou a ser objeto
de estudo do sociólogo William
H. Whyte (1917-1999), que foi
patrocinado pela "Fortune" para analisar o fenômeno e entrevistar presidentes da General
Electric e da Pepsi, que à época
saíam de Nova York. A pesquisa deu origem à obra "City: Rediscovering the Center" (1988),
que avalia o comportamento
humano em Manhattan.
Altos salários
A volta dos executivos veio
acompanhada de um aumento
substancial dos salários, que
passaram da média anual de
US$ 64 mil (R$ 139 mil) há 15
anos para US$ 160 mil (R$ 347
mil), segundo o Departamento
de Trabalho. Em contraposição, o número médio de empregos nos escritórios caiu de 127
para 78 no mesmo período.
"Nova York é uma cidade de
matriz, não de filial", diz o subprefeito para desenvolvimento
econômico, Daniel Doctoroff.
A administração do prefeito
Michael Bloomberg tem cortejado grandes empresas a voltar
para Nova York, o que em muitos casos envolve incentivos
fiscais. A esperança do republicano é a de que novos empregos
sejam gerados e mais dinheiro
seja injetado no projeto de revitalização do centro financeiro
da cidade, devastado depois do
11 de Setembro.
Só ao banco de investimentos Goldman Sachs, a cidade
concedeu US$ 150 milhões em
isenção de impostos para construção de sede em Lower Man-
hattan, com 9.000 empregos.
O presidente da Alcoa, Alain
J. P. Belda, explicou em evento
do New York City Business
Summit as razões que o fizeram
voltar a Manhattan: "Precisamos ter acesso ao melhor. E
precisamos das pessoas agora,
não daqui a uma semana, quando nossos parceiros precisam
perder um dia inteiro para se
deslocar até Pittsburgh para
uma reunião".
Jeffrey M. Peek, há dois anos
no comando do CIT Group, diz
que "a inauguração do escritório em Manhattan estabelece
nova relação global que faz com
que a empresa sirva melhor os
clientes e os investidores".
Nova York aparece em primeiro lugar na lista da "Fortune" com 44 das 500 maiores
empresas americanas. Há dois
anos, eram 40.
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