São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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Uso de termelétrica pode comprometer gás

Consultoria diz que, se usinas forem acionadas, faltará produto em 2008; segundo Petrobras, suprimento está garantido

Estatal afirma que não faltará combustível nem se todas as termelétricas precisarem entrar em operação naquele ano

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Se o país precisar acionar as usinas termelétricas que hoje estão paradas, não haverá gás suficiente para abastecê-las já em 2008. A previsão é da consultoria Gas Energy, que estima um déficit de 2,9 milhões de metros cúbicos de gás naquele ano. No entanto, a Petrobras e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) afirmam que todo suprimento às térmicas está assegurado.
De acordo com a Gas Energy, o consumo nacional diário em 2008 será de 78 milhões de metros cúbicos e a oferta, de 75,1 milhões. Já a Petrobras afirma que não faltará gás nem mesmo se todas as termelétricas precisarem entrar em operação. Ela prevê que todo o consumo de 121 milhões de metros cúbicos em 2011 estará coberto, já considerando a capacidade total de todas usinas e a demanda própria da estatal
A aposta da companhia é suprir o mercado, a partir de 2009, com a importação por meio de navios de GNL (Gás Liqüefeito de Petróleo) -20 milhões de metros cúbicos por dia- e com o aumento da produção nacional -dos atuais 27,5 milhões de metros cúbicos diários para 71 milhões em 2011. Ela também contará com o mesmo volume hoje importado da Bolívia -30 milhões de metros cúbicos.
"É pouco muito provável que todas as térmicas tenham de ser acionadas, mas mesmo se isso acontecer há garantia de oferta suficiente de gás", garante Ildo Sauer, diretor da área de Gás e Energia da Petrobras.
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que não há nenhum risco de falta de gás a partir de 2008, já que a Petrobras vai adicionar 24 milhões milhões de metros cúbicos diários à sua produção de gás. O aumento acontecerá com o início da extração na bacia do Espírito Santo. "Não há a menor possibilidade de faltar gás", falou.
Para Marco Aurélio Tavares, sócio da Gas Energy, o período "crítico" é 2008, quando a alternativa do GNL importado ainda não estará disponível.
O especialista também afirmou considerar "difícil" que a Petrobras consiga desenvolver a produção dos campos do Espírito Santo em apenas um ano e meio.
Até 2007, Tolmasquim afirma que não há necessidade de acionar as térmicas, já que os lagos da maioria dos reservatórios das hidrelétricas estão bastante cheios. Segundo ele, todas as térmicas têm a obrigatoriedade de contratar o gás e ter a disponibilidade de uso do insumo mesmo que não estejam operando.
De acordo com Sauer, a estatal petrolífera investirá US$ 400 milhões em termelétricas, especialmente em projetos para "flexibilizar" sete usinas que poderão operar com combustíveis alternativos, como álcool, diesel e GLP (gás de cozinha). O diretor da Petrobras afirmou que a medida serve como uma "redundância" para aumentar a confiabilidade do abastecimento.
Na interpretação de Tavares, esse investimento sinaliza a preocupação da Petrobras com a possibilidade de falta de gás em 2008.


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