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Uso de termelétrica pode comprometer gás
Consultoria diz que, se usinas forem acionadas, faltará produto em 2008; segundo Petrobras, suprimento está garantido
Estatal afirma que não faltará combustível nem se todas as termelétricas precisarem entrar em operação naquele ano
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se o país precisar acionar as
usinas termelétricas que hoje
estão paradas, não haverá gás
suficiente para abastecê-las já
em 2008. A previsão é da consultoria Gas Energy, que estima um déficit de 2,9 milhões de
metros cúbicos de gás naquele
ano. No entanto, a Petrobras e a
EPE (Empresa de Pesquisa
Energética) afirmam que todo
suprimento às térmicas está assegurado.
De acordo com a Gas Energy,
o consumo nacional diário em
2008 será de 78 milhões de metros cúbicos e a oferta, de 75,1
milhões. Já a Petrobras afirma
que não faltará gás nem mesmo
se todas as termelétricas precisarem entrar em operação. Ela
prevê que todo o consumo de
121 milhões de metros cúbicos
em 2011 estará coberto, já considerando a capacidade total de
todas usinas e a demanda própria da estatal
A aposta da companhia é suprir o mercado, a partir de
2009, com a importação por
meio de navios de GNL (Gás Liqüefeito de Petróleo) -20 milhões de metros cúbicos por
dia- e com o aumento da produção nacional -dos atuais
27,5 milhões de metros cúbicos
diários para 71 milhões em
2011. Ela também contará com
o mesmo volume hoje importado da Bolívia -30 milhões de
metros cúbicos.
"É pouco muito provável que
todas as térmicas tenham de
ser acionadas, mas mesmo se
isso acontecer há garantia de
oferta suficiente de gás", garante Ildo Sauer, diretor da área de
Gás e Energia da Petrobras.
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que
não há nenhum risco de falta de
gás a partir de 2008, já que a Petrobras vai adicionar 24 milhões milhões de metros cúbicos diários à sua produção de
gás. O aumento acontecerá
com o início da extração na bacia do Espírito Santo. "Não há a
menor possibilidade de faltar
gás", falou.
Para Marco Aurélio Tavares,
sócio da Gas Energy, o período
"crítico" é 2008, quando a alternativa do GNL importado
ainda não estará disponível.
O especialista também afirmou considerar "difícil" que a
Petrobras consiga desenvolver
a produção dos campos do Espírito Santo em apenas um ano
e meio.
Até 2007, Tolmasquim afirma que não há necessidade de
acionar as térmicas, já que os
lagos da maioria dos reservatórios das hidrelétricas estão bastante cheios. Segundo ele, todas as térmicas têm a obrigatoriedade de contratar o gás e ter
a disponibilidade de uso do insumo mesmo que não estejam
operando.
De acordo com Sauer, a estatal petrolífera investirá
US$ 400 milhões em termelétricas, especialmente em projetos para "flexibilizar" sete usinas que poderão operar com
combustíveis alternativos, como álcool, diesel e GLP (gás de
cozinha). O diretor da Petrobras afirmou que a medida serve como uma "redundância"
para aumentar a confiabilidade
do abastecimento.
Na interpretação de Tavares,
esse investimento sinaliza a
preocupação da Petrobras com
a possibilidade de falta de gás
em 2008.
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