São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Associação de empresas cria manual de conduta sobre informação privilegiada

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O problema de vazamento de informação confidencial no Brasil é tão grave, mancha tanto a reputação de empresas e dos órgãos reguladores, que as próprias entidades participantes do mercado financeiro discutem como evitar cair em completo descrédito. O debate vem crescendo desde pelo menos o escândalo envolvendo a compra do Grupo Ipiranga pelo consórcio liderado por Petrobras, Braskem e Ultra, em março deste ano, que até hoje segue investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A Abrasca (Associação Brasileira de Companhias Abertas) elaborou um "manual" de procedimentos para orientar as empresas associadas a evitar o vazamento de informação privilegiada durante a negociação de fusões e aquisições. Na cartilha, estão desde orientações tão básicas como manter atualizada a segurança dos computadores até a evitar discutir assuntos sigilosos em locais públicos.
A associação orienta as empresas a exigir comprometimento formal, sob pena de motivar sanções administrativas e multas pesadas, para todas as pessoas que tenham acesso a negociações estratégicas envolvendo fusões e aquisições.
"Na maior parte das vezes, [o vazamento] acontece por falta de cuidados básicos. As pessoas deixam documentos em qualquer lugar. Falam [de assuntos confidenciais] em aeroportos, táxis e restaurantes. Ninguém sabe quem está do lado. Também orientamos cuidados com as redes de informática das empresas", disse Antonio Duarte Carvalho de Castro, presidente da Abrasca.

Credibilidade
Para Castro, os casos de vazamento não acontecem com maior freqüência em determinados segmentos, como empresas estatais, em detrimento de outros. "De uma certa maneira, vazamento ocorre em todos os negócios. A empresa é uma vítima também. O mercado perde credibilidade e sai enfraquecido. São muitos advogados, bancos, auditores e consultores envolvidos. Como tratar? Mostramos as implicações legais e criminais [para eventuais suspeitos]", disse.
Calcula-se que grandes negócios, como a compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras, conte com a assessoria direta de pelo menos cem pessoas, entre funcionários de ambas as empresas, auditores, consultores e advogados externos.
As empresas que seguem as recomendações recebem uma espécie de "selo de qualidade" da Abrasca de boa conduta no tratamento de informação confidencial. Já receberam o selo Abrasca os bancos Itaú, Bradesco e Unibanco, além de Perdigão, Sadia e Souza Cruz, entre outras empresas.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: TV digital gera disputa entre radiodifusores e redes a cabo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.