São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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TV digital gera disputa entre radiodifusores e redes a cabo

Caixa receptora de sinal é maior ponto de divergência

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois da queda-de-braço entre as empresas de telefonia e os radiodifusores e do conflito entre as teles e as operadoras de televisão por assinatura, há uma nova divergência no setor, entre radiodifusores e a televisão por assinatura, por conta do lançamento da TV digital, marcado para 2 de dezembro.
O foco da discussão são as caixas receptoras dos sinais da TV digital, que estão sendo desenvolvidas sem um entendimento com as operadoras de TV por assinatura.
O principal atrativo da TV digital aberta será a transmissão em alta definição, mas as caixas usadas pelas TVs pagas -por cabo ou satélite- não permitem a recepção em alta definição. O assinante de TV paga precisará de mais uma caixa, mais um controle remoto e mais uma antena (externa e interna) se quiser ter acesso à transmissão de alta definição.
""A falta de diálogo entre os dois setores pode retardar a disseminação da própria TV digital", diz o jornalista Rubens Glasberg, diretor da PayTV, que tem uma revista mensal e um instituto de pesquisas especializados no setor. Para ele, o ideal seria uma caixa que atendesse aos dois setores.
O impacto da TV digital aberta sobre a TV por assinatura será um dos assuntos principais do Congresso ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), que começa amanhã, em São Paulo.
O curioso da falta de diálogo entre os dois setores é que vários radiodifusores têm participação acionária em empresas de TV paga, sendo as Organizações Globo o principal exemplo. O grupo possui a maior emissora de TV aberta (Rede Globo), a programadora Globosat e o controle acionário da Net Serviços, que tem a maior base de assinantes de TV paga.
Para Glasberg, os setores vivem ""um conflito existencial", porque, apesar de ter sócios em comum, competem entre si. A Rede Bandeirantes e o SBT têm participação acionária na TV Cidade, de televisão a cabo.

Elite
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou, na sexta-feira, a negociação para que um consórcio de empresários indianos e brasileiros produzisse as caixas receptoras a R$ 180, mas os fabricantes já falaram em até em R$ 800. A última estimativa das indústrias de Manaus é de R$ 228.
Na edição da PayTV que será distribuída nesta semana, o diretor de Operações da Net Serviços, José Félix, diz que o público inicial da TV digital é o assinante de TV paga. Para ele, a implantação gradual da televisão digital, que pelo cronograma do governo levará 10 anos, é contra o ganho de escala. Os radiodifusores não se mostram preocupados com a TV paga. ""O sinal vai estar no ar, e quem quiser poderá recebê-lo. Pela primeira vez, aliás, teremos uma situação inversa: quem quiser receber o sinal pelo ar terá uma qualidade melhor do que a cabo. Para nós, está resolvido", afirmou o diretor de Engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt.
Para Bittencourt, as operadoras de TV paga é que subestimaram a velocidade de implantação da TV digital e já deveriam ter resolvido seus problemas de tecnologia para ter alta definição.


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