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Tarifa e crise no mercado seguram o lucro do Itaú
Mesmo com juro maior, banco não espera desaceleração do crédito neste ano
Novas regras do BC derrubam em 9,2% a receita com tarifas; tesouraria tem queda de 17,8% nos ganhos com piora no mercado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes bancos brasileiros seguem reportando desaceleração no ritmo crescente de
lucros vistos até o ano passado
por conta de ganhos não-recorrentes, perda de receita de tarifas bancárias e de resultados
fracos de suas tesourarias com
a turbulência nos mercados.
Ontem foi a vez do Itaú, segundo maior banco privado,
anunciar um aumento de apenas 1,7% no lucro liquido no
primeiro semestre em relação
ao mesmo período de 2006.
O banco teve ganho de R$
4,084 bilhões no período, resultado pouco inferior aos R$
4,105 bilhões apurados pelo
Bradesco, que cresceu só 2,4%
em relação ao ano anterior. No
segundo trimestre, o Itaú lucrou R$ 2,041 bilhões -3,4%
menos do que em 2007.
Em ambos os bancos, os lucros em patamar elevado refletem a expansão do crédito, que
não dá sinais de desaceleração
mesmo com o recente aumento
nos juros do BC. No caso do
Itaú, a carteira de crédito somou R$ 148 bilhões no final de
junho, um aumento de 41,3%
em relação a 2007. O ritmo é
superior até ao obtido pelo banco no ano passado, auge do
boom do crédito -36,5%.
O crescimento fraco dos lucros também decorre de ganhos não-recorrentes que os
bancos tiveram em 2007 -com
a venda de participações na Serasa e o prédio do BankBoston,
caso do Itaú- e que não se repetem neste ano. Sem esses ganhos, o lucro do Itaú teria crescido 6,2% no período.
Para Silvio de Carvalho, diretor de controladoria do Itaú, o
crescimento modesto do lucro
se deve também ao recuo na receita de tarifas bancárias e a um
resultado pior da tesouraria,
após o aumento da turbulência
nos mercados financeiros.
Com as novas regras tarifárias, que entraram em vigor no
final de abril, a receita de tarifas
do banco caiu 9,2% em relação
ao primeiro semestre do ano
passado - passou de R$ 1,023
bilhão para R$ 928 milhões.
"Nesse primeiro semestre de
2008, emprestamos mais, mas
com "spreads" [diferença entre
juros captados e repassados]
menores. Também diminuiu a
receita de serviços. Não podemos mais cobrar tarifa de abertura de conta. Só vou conseguir
crescer a receita de tarifas aumentando a base de clientes."
Já a Tesouraria do Itaú, que
compra e vende papéis no mercado, viu seu resultado recuar
17,8% no período, passando de
R$ 1,448 bilhão para R$ 1,191
bilhão do primeiro semestre de
2007 para o de 2008.
"O ambiente do primeiro semestre foi muito diferente do
que foi no ano passado. Aumentou muito a volatilidade. É
muito complexo fazer uma previsão para a tesouraria", disse.
O Itaú previa um crescimento de sua carteira de crédito para pessoa física entre 25% e
30% neste ano. Só no primeiro
semestre, a expansão foi de
38,3% em relação a 2007, atingindo R$ 62,3 bilhões. O financiamento de veículos teve expansão ainda maior, de 61,7%.
"Hoje estamos mais próximos de crescimento de 30% do
que de 25%. Ainda achamos
que a demanda por crédito vai
ser forte neste ano. A subida
dos juros deve reduzir um pouco a demanda como também a
oferta. Vamos analisar mais os
pedidos [de empréstimo]."
Ainda no crédito, o destaque
ficou por conta dos financiamentos para empresas, que
cresceram 47,8% no período,
somando R$ 46,9 bilhões. Com
a crise nos mercados globais, as
grandes empresas perderam o
acesso a linhas de financiamento externo e deixaram de fazer
IPOs [abertura de capital].
As pequenas e médias são a
que mais recorreram ao crédito, que teve expansão de 66,2%.
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