|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Autopeças vêem ameaça com crise na Volks
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento do Sindipeças
(Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) com um
grupo de fabricantes de autopeças de 11 Estados mostra que
70% deles serão afetados pela
crise da Volkswagen, com uma
queda de 1,6% no faturamento
mensal, caso a Volks paralise
sua produção por uma semana.
Com 15 dias de greve, a redução no faturamento pode chegar a 3,4%. Após um mês de paralisação, essas empresas deixariam de faturar 6,6%, segundo o levantamento.
A consulta foi feita a 27 autopeças, divididas em pequeno,
médio e grande portes, e levou
em consideração o tamanho, a
produção e o quanto de sua
produção é destinada para a
Volkswagen. Juntas, essas empresas empregam 24,6 mil funcionários e respondem por 11%
do faturamento do setor -ou
US$ 3,1 bilhões, dos US$ 28,2
bilhões que as 520 indústrias
representadas pelo Sindipeças
esperam faturar neste ano.
"Se houver um prolongamento da crise na Volks, a situação pode se agravar ainda
mais. Parte das empresas já nos
procurou. Algumas estudam
conceder férias coletivas, caso
trabalhadores e montadora não
cheguem a um acordo no ABC",
afirma Paulo Butori, presidente do sindicato das autopeças.
Na segunda-feira, a Arteb, fabricante de faróis e lanternas
de São Bernardo, oficializou
pedido de férias coletivas de
dez dias (18 a 27 de setembro)
para metade de seus 1.200 funcionários -mesmo período em
que a Volks programou descanso em três de suas unidades.
Em um cenário ainda pior,
como o fechamento da fábrica
de São Bernardo, como chegou
a ameaçar a Volkswagen, as
empresas informaram que a
queda no faturamento anual
seria de 5% e o impacto no nível
de emprego, 6,5%.
"Estamos apreensivos. A fábrica do ABC é em parte modernizada, em parte desatualizada. A situação chegou a um
ponto que a empresa precisa se
reestruturar. Manter em operação uma fábrica com máquinas e equipamentos defasados
pode significar estar fadado à
falência", afirmou Butori.
Representantes dos trabalhadores e da VW se reuniram
ontem desde as 13h para discutir um acordo que possa reduzir
custos para a empresa, que planeja demitir 3.600 funcionários. Até o início da noite, as
discussões continuavam.
Na segunda-feira, a empresa
suspendeu as 1.800 demissões
anunciadas a partir de novembro e os trabalhadores, a greve.
O presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, José
Lopez Feijóo, participará de
uma reunião com sete prefeitos
da região, que integram o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, para discutir a crise da
Volks e seus impactos. "Vamos
expor a situação e mostrar que
estamos dispostos a encontrar
uma saída negociada para evitar a demissão."
"Com o acordo de estabilidade [negociado em 2001], a empresa não conseguiu se redimensionar. Agora, é preciso encontrar um caminho para que
mantenha o maior número de
empregos possíveis, mas para
que possa manter sua viabilidade econômica", disse William
Dib, presidente do consórcio e
prefeito de São Bernardo.
Texto Anterior: Produção de veículos é recorde em agosto Próximo Texto: Foco: Após duas reestruturações, bisneto do fundador da Ford deixa direção da empresa Índice
|