São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Corte na Selic pode parar por quase um ano

O repique inflacionário de agosto poderá ajudar a segurar os cortes na taxa básica de juros (Selic) até meados do próximo ano. O salto de 1,39% no IGP-DI no mês, ante o aumento de 0,37% de julho, somado à turbulência internacional ao aumento no uso da capacidade produtiva, entre outros sinais, poderá fazer com que o BC (Banco Central) promova uma longa parada estratégica para avaliar os indicadores de atividade e inflação, antes de retomar os cortes na Selic.
A MCM Consultores acredita que, após o corte de 0,25 ponto percentual anunciado ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o BC irá suspender as reduções. "Se tudo voltar à normalidade, sem grandes pressões inflacionárias, o BC deverá retomar os cortes na taxa básica em meados de 2008", diz Basiliki Litvac, economista da MCM.
Já a Tendências Consultoria agora acha que haverá mais um corte de 0,25 ponto em 2007, em outubro. A consultoria acreditava que haveria mais três cortes, incluindo o de ontem. A Tendências está revendo suas previsões, mas, segundo o economista Gian Barbosa, o BC deverá levar pouco menos de um ano para voltar a reduzir a Selic. "Isso deverá acontecer no fim de 2008", diz ele.
O aumento do IGP-DI em agosto é o maior desde maio de 2004, e o do IPA (Índice de Preços do Atacado), que o compõe, é o mais alto dos últimos quatro anos e meio.
O maior problema com o aumento do IGP-DI, diz Raphael Castro, economista da LCA, é que ele tende a carregar uma inércia inflacionária grande para 2008. Isso porque o índice é a base de reajustes para preços administrados, como energia elétrica, e de itens como aluguéis. "Acendeu uma luz amarela", diz Castro.
De todo modo, nenhum dos economistas ouvidos pela Folha espera a manutenção dos índices inflacionários acima de 1% para os próximos meses. "O fenômeno de alta não é tão pontual para dizer que acaba no mês que vem, mas também não tem fôlego para manter-se tão forte ao longo do tempo", diz Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas.
De acordo com ele, houve uma série de pressões que aconteceram simultaneamente, como entressafras de grãos, leite, carne e aves e quebras de safras. Além disso, houve o aumento da demanda interna, graças ao aumento da massa salarial e internacional. "Nem todos esses fatores vão ceder ao mesmo tempo, mas tendem a arrefecer com o passar dos meses", afirma.

Ralph Lauren lança linha de casa para a classe média

O estilista e empresário Ralph Lauren estampa a capa da edição da revista norte-americana "Fortune", lançada ontem, que traz o mercado de luxo como tema central.
O foco recai sobre a nova marca que Lauren lança para a JCPenney, quinta maior varejista dos EUA, com produtos voltados para a classe média. Trata-se de American Living, que promete ter preços mais "suaves" e artigos para casa. A previsão de lançamento é fevereiro de 2008.
Ao mesmo tempo, o empresário abre "flagship stores" de sua Polo em cidades como Tóquio e Moscou. Segundo a revista, o que para muitos grupos poderia ser uma forte crise de identidade para a Ralph Lauren é habilidade nos negócios.

METÁLICO

O grupo Paranapanema investiu US$ 5 milhões no aumento da capacidade produtiva da Eluma e da Caraíba Metais para atender à demanda no mercado interno no primeiro semestre. A maior alta veio dos setores automobilístico, eletroeletrônico e de máquinas e equipamentos, segundo Geraldo Haenel, presidente do grupo. A Caraíba, que fabrica cobre, ampliou a capacidade para 230 mil t anuais. Na Eluma, que produz tubos e conexões de cobre e outras ligas, foi de 5.000 t para 6.000 t ao mês.

Abrafarma defende mix em lojas

A Abrafarma (associação de redes de farmácias) apresenta hoje duas pesquisas que mostram que os brasileiros têm hábito de comprar produtos de conveniência e serviços nas drogarias e são favoráveis à sua comercialização. Os estudos -que foram realizados no fim de agosto- serão usados para reafirmar sua posição contrária à consulta pública da Avisa que defende a restrição do mix de não-medicamentos à venda nesse tipo de estabelecimento.
Segundo o Vox Populi, que ouviu 400 pessoas com mais de 18 anos de idade na região Sudeste, 75,5% dos consumidores freqüentam farmácias para ter acesso a não-medicamentos (alimentos, bebidas, doces, higiene e limpeza, produtos domésticos e veterinários), enquanto 60,6% também adquirem remédios. Cerca de 82% percebem vantagem na venda desse tipo de produto.
Já no levantamento do Ibope, que ouviu 504 pessoas com mais de 16 anos de idade na região Nordeste, 77% acreditam que as farmácias não devem se ater à oferta de medicamentos.

LEILÕES
DEMANDA FAZ TRIBUNAL DE SP CRIAR CENTRAL DE HASTAS PÚBLICAS

Um apartamento de 360 m2 na região sul de São Paulo, uma Pajero avaliada em R$ 68 mil e um veleiro foram alguns dos produtos postos a leilão ontem pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo. Desde março, o TRT já realizou 30 desses leilões e, pela demanda, acabou criando uma Central de Hastas Públicas, com uma equipe especializada que cuida só disso. Atualmente, há quatro leilões por mês. Além dos produtos luxuosos, há ainda pitorescos como gôndolas e 2.350 kg de sabão em pó.

MARÉ ALTA
A décima edição do salão náutico São Paulo Boat Show espera movimentar R$ 150 milhões em negócios e receber 38 mil pessoas neste ano. Segundo o organizador, Ernani Paciornik, no evento, que ocorre em outubro, estarão presentes os principais estaleiros do país, grandes importadores e lojas de produtos para náutica, mergulho e pesca.

EM QUEDA
A indústria de transformação paulista está em declínio em relação ao resto do Brasil, segundo estudo da Fiesp com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SP. De acordo com o trabalho, em 1996, a indústria de transformação paulista era responsável por 50,6% do PIB industrial. Em 2005, o número caiu para 43,8%. Os setores sofreram com falta de competitividade. O de informática, o mais afetado, perdeu 34%. Na segunda-feira, o governo do Estado assina na Fiesp um protocolo para criar uma agenda para 25 setores relevantes da indústria paulista.

TURISMO
As medidas de incentivo ao turismo anunciadas pela ministra Marta Suplicy foram frustrantes, segundo Roland de Bonadona, presidente da rede hoteleira Accor e do Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil). Para ele, os incentivos fiscais foram mínimos e o de apoio ao turismo na terceira idade já existia na prática, por meio de crédito consignado. "Para o setor, mais importante do que um pacote simbólico é ter infra-estrutura que funcione e segurança", diz.

ESPAGUETE
A Spoleto inaugura sua primeira unidade dentro de um supermercado, em SP.


com ISABELLE MOREIRA LIMA, JOANA CUNHA e CRISTIANE BARBIERI


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