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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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SOCORRO

Instituto calcula que reservas serão suficientes até 2007 para pagar ao Fundo, mas desconsidera crise de ingresso de capitais

País não precisa renovar com FMI, diz Ipea

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Se o Brasil não renovar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no próximo ano, o país deve chegar a 2007 com as reservas internacionais em US$ 22,6 bilhões, volume 13% maior do que os US$ 20 bilhões de reservas líquidas previstas para 2004. O volume seria suficiente para honrar toda a dívida com o FMI, mais os juros. O cálculo é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, baseado nos dados das contas externas de agosto.
"Evidentemente, esse não será o único nem o principal aspecto a ser examinado quando da tomada de decisão a respeito [da renovação do acordo], mas ele não é supérfluo", diz o texto da "Nota de Conjuntura" nš 108.
O economista Marcelo Nonnenberg, responsável pela nota do Ipea sobre as contas externas, explicou que o exercício parte do princípio de que não haverá abalo externo nos próximos anos e que o país continuaria a captar recursos para honrar suas dívidas.
Há dois indicadores para as reservas internacionais: as totais e as líquidas ajustadas -que são os recursos disponíveis no BC para eventuais intervenções no câmbio e que excluem o saldo das operações do país com o FMI.
Segundo os números do BC, o Brasil fechou agosto com reservas totais de US$ 52,4 bilhões, mas com reservas líquidas ajustadas de apenas US$ 15,4 bilhões. Para o final deste ano, a previsão é que as reservas ajustadas estejam em US$ 16,9 bilhões.
Para fazer a simulação sobre como ficariam as reservas internacionais do país no caso de o acordo com o Fundo não ser renovado, Nonnenberg partiu do princípio de que, sem novo acordo, o conceito de reservas líquidas ajustadas torna-se desnecessário.
Todas as reservas, calculadas por Nonnenberg em US$ 53,9 bilhões, estariam disponíveis para utilização, inclusive o pagamento da dívida com o FMI. Assim, o Ipea avalia que, ao final de 2007, as reservas terão encolhido para US$ 22,6 bilhões, valor ainda assim superior à previsão para 2004, mesmo que seja assinado o acordo -considerando que a renovação só valeria para o ano que vem.
Apesar de os números das reservas favorecerem a que o país não renove seu acordo com o FMI, o técnico do Ipea não disse se é favorável ou não à renovação. Mas, na sua opinião, o governo vai optar pelo novo acordo.


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