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POLÊMICA
Para coordenador do MST, governo não ouviu opinião de cientistas da Embrapa; ministro não comentou declarações
Liberar transgênico foi burrice, diz Stedile
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL
Um dos principais coordenadores nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), o economista João Pedro
Stedile, disse ontem em Natal
(RN) que o governo agiu com "ignorância" e "burrice" no episódio
de liberação do cultivo de soja
transgênica para a próxima safra.
"Ignorância porque eles não levaram em conta a opinião de dezenas de cientistas da própria Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], alertando o
governo de que a questão dos
transgênicos é muito perigosa."
"E burrice porque o Palácio do
Planalto simplesmente caiu na
cantilena [ladainha] do governador [Germano] Rigotto [PMDB] e
de meia dúzia de fazendeiros irresponsáveis do Rio Grande do
Sul que foram lá, mentiram para
eles, dizendo que não tinham semente convencional, e o próprio
Lula caiu nessa. Ele [o presidente]
disse num programa de rádio que
só aceitou editar a medida provisória porque não tinha semente
convencional. Isso é uma piada
no Rio Grande do Sul."
Procurado por meio de sua assessoria, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não comentou as declarações. A Folha
não conseguiu encontrar o ministro José Dirceu (Casa Civil).
Medida provisória liberou o
plantio de soja geneticamente
modificada para a próxima safra,
que começa a ser plantada neste
mês, com o uso de sementes guardadas pelos produtores e cuja origem seja legal.
Ainda de acordo com o líder do
MST, "os governos do Paraná e de
Santa Catarina devem estar felizes, pois criaram áreas livres de
transgênicos e vão disputar em
melhores condições a venda de
toda a sua soja para a China".
As declarações foram dadas no
encerramento do 2º Fórum Social
Potiguar, no contexto em que Stedile atacou o ingresso do Brasil na
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas).
Na sua opinião, o bloco econômico, que está em fase de discussões sobre sua implantação, representa um instrumento de dominação econômica dos EUA.
Reforma agrária
A respeito do crescimento no
número de entidades representativas de fazendeiros, que têm buscado ajuda por se declararem temerosos em relação à atual situação no campo, Stedile buscou minimizar o fato.
"Essas novas siglas que têm aparecido são inexpressivas e não representam nenhum conjunto de
fazendeiros do Brasil. São apenas
expressões de alguns grupos radicais que querem usar a violência
para barrar a reforma agrária."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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