UOL


São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÊMICA

Para coordenador do MST, governo não ouviu opinião de cientistas da Embrapa; ministro não comentou declarações

Liberar transgênico foi burrice, diz Stedile

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL

Um dos principais coordenadores nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o economista João Pedro Stedile, disse ontem em Natal (RN) que o governo agiu com "ignorância" e "burrice" no episódio de liberação do cultivo de soja transgênica para a próxima safra.
"Ignorância porque eles não levaram em conta a opinião de dezenas de cientistas da própria Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], alertando o governo de que a questão dos transgênicos é muito perigosa."
"E burrice porque o Palácio do Planalto simplesmente caiu na cantilena [ladainha] do governador [Germano] Rigotto [PMDB] e de meia dúzia de fazendeiros irresponsáveis do Rio Grande do Sul que foram lá, mentiram para eles, dizendo que não tinham semente convencional, e o próprio Lula caiu nessa. Ele [o presidente] disse num programa de rádio que só aceitou editar a medida provisória porque não tinha semente convencional. Isso é uma piada no Rio Grande do Sul."
Procurado por meio de sua assessoria, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não comentou as declarações. A Folha não conseguiu encontrar o ministro José Dirceu (Casa Civil).
Medida provisória liberou o plantio de soja geneticamente modificada para a próxima safra, que começa a ser plantada neste mês, com o uso de sementes guardadas pelos produtores e cuja origem seja legal.
Ainda de acordo com o líder do MST, "os governos do Paraná e de Santa Catarina devem estar felizes, pois criaram áreas livres de transgênicos e vão disputar em melhores condições a venda de toda a sua soja para a China".
As declarações foram dadas no encerramento do 2º Fórum Social Potiguar, no contexto em que Stedile atacou o ingresso do Brasil na Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Na sua opinião, o bloco econômico, que está em fase de discussões sobre sua implantação, representa um instrumento de dominação econômica dos EUA.

Reforma agrária
A respeito do crescimento no número de entidades representativas de fazendeiros, que têm buscado ajuda por se declararem temerosos em relação à atual situação no campo, Stedile buscou minimizar o fato.
"Essas novas siglas que têm aparecido são inexpressivas e não representam nenhum conjunto de fazendeiros do Brasil. São apenas expressões de alguns grupos radicais que querem usar a violência para barrar a reforma agrária."


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Líder de pregão tem ganho de 220%
Próximo Texto: Mercado: Juro real cairá em 2004, mas com limite
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.