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CIÊNCIA
Para Roberto Nicolsky, faltam políticas públicas que privilegiem investimento; governo diz que está liberando recursos
Liberação de verbas para tecnologia é lenta, diz Protec
DA REPORTAGEM LOCAL
Caminha de forma lenta a liberação de recursos, captados pelo
governo, usados para apoiar projetos de inovação tecnológica no
país.
A afirmação é do diretor-geral
da Protec (Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica) e professor doutor do Instituto de Física da UFRJ, Roberto Nicolsky.
O Ministério da Ciência e Tecnologia rebate a informação e diz
que há recursos sendo liberados
neste ano.
"O dinheiro está sendo liberado
a conta-gotas. A obtenção dos recursos é fundamental e fonte única para desenvolver projetos científicos para muitas empresas",
afirma o professor. A Protec é
uma entidade sem fins lucrativos
que funciona como uma espécie
de ponte entre o setor privado e o
poder público.
Ela orienta companhias que necessitam de investimentos, fiscaliza o uso dos recursos, assim como
cobra do Estado o apoio ao fomento de projetos. Entre seus filiados estão companhias da área
farmacêutica, eletrônica e de máquinas e esquipamentos.
Esse fundo -chamado de "verde-amarelo"- tem o governo federal como agente arrecadador
dos recursos e foi criado na administração tucana.
Surgiu para apoiar investimentos em tecnologia de companhias
sediadas no país. O dinheiro do
fundo vem de parte da remessa de
recursos ao exterior para pagamento de royalties e 43% da receita estimada do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) incidente sobre os bens e produtos
beneficiados pelos incentivos fiscais da Lei de Informática.
Segundo Nicolsky, em 2002 e
neste ano muito pouco foi conseguido pelo setor privado. "No ano
passado eles [o governo] falaram
em volumes para investimento,
por meio do fundo, de quase R$
800 milhões, mas no final do ano
houve uma alteração e o montante foi reduzido para R$ 300 milhões", afirma.
Segundo Aldo Pinheiro, um dos
coordenadores dos fundos no Ministério da Ciência e Tecnologia,
espera-se que sejam liberados
neste ano R$ 192 milhões, volume
próximo ao do ano passado. "Esse negócio de lentidão já acabou",
afirma ele.
"Os editais que foram aprovados em 2002 para liberação de recursos em 2003 já tiveram o volume liberado. Agora estamos atendendo os pedidos deste ano."
Menos patentes
Ele não nega, no entanto, que
houve um "congelamento" nas liberações em 2003. "Nós que coordenamos esses fundos temos solicitado ao ministro da Ciência e
Tecnologia [Roberto Amaral] que
se empenhe em pedir mais recursos ao governo. Mas isso nem
sempre é muito rápido", afirma.
Recentes dados sobre o número
de patentes registradas pelo Brasil
nos EUA mostram queda no volume e especialistas alertam para
a perda de posições do país no
ranking mundial.
Termômetro que mede o patamar de avanços tecnológicos por
país, o total de patentes brasileiras
caiu de 110 em 2001 para 96 no
ano passado. Na Coréia do Sul, foram 3.786 marcas registradas; na
Tailândia, mais de 5.500. A expansão na Ásia, no ano passado, superou a taxa de 25%, em média,
em relação a 2001.
Conta-se, nesse caso, com aquelas patentes registradas no mercado norte-americano, o principal
no mundo.
Na relação de patentes por milhão de habitantes, pouco muda.
Na média do período de 1996 a
2000, o país atinge a marca de 0,76
patente. No Chile, a marca sobe
para 1,09. No México, é de 1,0 patente por milhão de habitantes. Já
em Hong Kong e em Cingapura
os números atingem a média de
27,8 e 48,4 por milhão de habitantes, respectivamente.
Os números são de levantamentos apresentados por Nicolsky e
José Alexandre Scheinkman, vice-presidente do banco de investimentos Goldman Sachs e consultor da Mckinsey Global Institute.
"Estamos muito atrás nesse
quesito, mesmo em comparação
a países da América Latina", disse
Scheinkman, em recente evento
sobre o tema.
(AM)
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