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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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CONSUMO

Cresce o número de itens nas prateleiras com peso e volume inferiores aos informados nas embalagens, diz o Ipem

Brasileiro paga mais por menos produto

José Nascimento/Folha Imagem
Funcionários embalam feijão Pantera, analisado pelo Ipem


ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem perceber, o consumidor tem levado quantidades menores de mercadorias para casa e pagando o mesmo. Cresceu o número de alimentos à venda nos supermercados com peso inferior àquele que o fabricante declara nas embalagens.
Levantamento solicitado pela Folha ao Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) mostra que há itens à venda com peso 12% inferior ao informado.
Fabricantes rebatem as informações e dizem que há "vícios" na coleta de produtos feita pelo órgão. O Ipem se defende.
Pelos dados do instituto, conclui-se que, a cada 52 mercadorias compradas de janeiro a agosto deste ano, havia uma com peso irregular. Em igual período de 2002, era necessário colocar no carrinho da loja 57 produtos para que um deles apresentasse erro. Os campeões em irregularidades são arroz, café e biscoito.
Nos primeiros oito meses de 2002, 47,8 mil produtos foram analisados pelo órgão. Desses, 840 apresentaram irregularidades no peso, ou 1,76% do total.
No mesmo período de 2003, 48,6 mil itens foram parar nos laboratórios no Ipem, e 933 estavam na mesma situação (1,92%).
Como a amostragem de 2003 é superior à de 2002, é correto fazer outro raciocínio. Se tivesse sido mantida, em 2003, a mesma expansão média mensal de falhas em produtos apuradas em 2002, qual seria o número hoje?
Entre os 48,6 mil itens analisados pelo instituto neste ano, deveriam existir irregularidades em 853 mercadorias -se a média de 2002 tivesse permanecido. Mas o número chegou a 932 itens. Logo, a frequência de falhas aumentou.
"Cerca de 75% dos itens coletados para análise são alimentos, setor em que encontramos irregularidades grosseiras", diz Eline de Campos Coelho, supervisora de fiscalização do Ipem.

Quatro biscoitos a menos
Os levantamentos são realizados a cada 15 dias, não só nos supermercados como nos estoques das indústrias. Em setembro, último mês com dados disponíveis, irregularidades foram encontradas em percentuais que variam de 20% a 90% dos itens analisados, dependendo da empresa.
Na cidade de São Paulo, o maior erro encontrado em setembro aconteceu no biscoito salgado integral com gergelim da Bauducco. Dois pacotes tinham 19,4 gramas em média a menos do que o anunciado na embalagem (160 gramas). Ou seja, menos 12,1%. Logo, o consumidor pode ter levado para casa quatro biscoitos e meio a menos do que deveria.
Ao se somarem os gramas que foram perdidos -entre os dez produtos com maiores perdas verificadas em setembro em São Paulo-, o volume total chega a 91 gramas. Isso equivale à metade de um pacote de biscoito doce.
O Procon informa que, caso o consumidor queira fazer uma denúncia sobre suspeita de erro no peso, basta ligar para o telefone 0800-130522. É preciso indicar o nome da mercadoria e o local da compra.
Os fiscais recolhem amostras de maneira aleatória nas lojas e de forma proporcional ao tamanho do estoque. Se o volume disponível no supermercado varia de 14 a 49 unidades, são recolhidos 14 itens. Se varia de 50 a 149 unidades, são recolhidas 20 unidades. Há uma tabela a ser seguida.
Após colhida a amostra, são realizados exames para verificar se houve falhas, ou o que os técnicos chamam de "desvios". Exemplo: um local vendendo até 49 itens de um produto não pode ter nenhum irregular. Entre 50 e 149, aceita-se apenas um com falha. Essa é a tolerância.
A empresa é chamada para acompanhar a verificação nos laboratórios. É feito um laudo com as conclusões do exame e, a seguir, um auto de infração em caso de lote reprovado. Em 2002, foram lavrados 3.900 autos de infração -uma média de 331 por mês. Neste ano, foram 2.800, ou 360 por mês, até agosto.
A empresa acusada tem 15 dias para apresentar defesa. Se ela não for aceita, a empresa pagará multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 milhão. Se em dois anos houver nova multa, o valor dobra.


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