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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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INVASÃO DO VIZINHO

No primeiro semestre, expansão foi de 10%; fabricantes nacionais reclamam da concorrência

Argentina brinda alta de exportações de vinho ao Brasil

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

Ao contrário de outros empresários argentinos, que reclamam do Mercosul e de uma eventual invasão de produtos brasileiros, os vinicultores e as bodegas do país vizinho comemoram o crescente aumento das exportações para o Brasil.
No primeiro semestre deste ano, as vendas para o mercado nacional cresceram 10% e já somam US$ 3,4 milhões, segundo dados da Wines of Argentina, organização que reúne os maiores exportadores do país. Nos primeiros seis meses deste ano, os brasileiros compraram 196,7 mil litros de vinho, dos quais 60% foram consumidos em São Paulo.
Desde 2002, o Brasil é o terceiro maior destino das exportações de vinho da Argentina, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido. No ranking das importações brasileiras, a Argentina está atrás do Chile e da Itália.
"Creio que até o final do ano já teremos superado a Itália e estaremos bem próximos do Chile", afirma Exequiel Barros, da Caucásia, empresa que faz pesquisa de mercado para os produtores e divulga os vinhos argentinos no exterior. "Queremos superar o Chile no máximo em dois anos."
Para isso, os argentinos gastaram US$ 200 mil numa campanha publicitária que está em circulação em capitais brasileiras e que visa estimular o consumo do produto argentino no país.
Pesquisa contratada pela Caucásia mostrou que os brasileiros, quando pensam em Argentina, lembram, em primeiro lugar, do futebol, do tango e da carne. O vinho, que começou a se popularizar nos últimos anos, ainda não aparece na lista.
Atualmente, a Argentina é o quinto maior produtor de vinhos do mundo. Perde para França, Itália, Espanha e EUA. O Chile ocupa a décima posição.

Produto a US$ 5
Essa ofensiva argentina, no entanto, não agrada aos produtores nacionais. "Tudo isso acaba prejudicando ainda mais o produtor brasileiro. Atualmente, apenas 50% do consumo interno é de vinho nacional. Nós, ao contrário dos argentinos, pagamos IPI e ICMS. Eles têm alíquotas diferenciadas por causa do Mercosul e acabam pagando menos", reclama o vice-presidente da Uvibra (União dos Vinicultores Brasileiros), Antonio Salton.
Segundo Salton, não existem, no Brasil, estatísticas confiáveis sobre o tamanho e o faturamento da produção brasileira de vinhos. "Temos sofrido muito com a crise, e o governo nos trata como produtores de supérfluo. Não somos tratados como uma indústria", reclama. "É difícil para nós competir com um vinho de US$ 5 [cerca de R$ 15] que os argentinos lançam no nosso mercado."


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