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INVASÃO DO VIZINHO
No primeiro semestre, expansão foi de 10%; fabricantes nacionais reclamam da concorrência
Argentina brinda alta de exportações de vinho ao Brasil
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
Ao contrário de outros empresários argentinos, que reclamam
do Mercosul e de uma eventual
invasão de produtos brasileiros,
os vinicultores e as bodegas do
país vizinho comemoram o crescente aumento das exportações
para o Brasil.
No primeiro semestre deste
ano, as vendas para o mercado
nacional cresceram 10% e já somam US$ 3,4 milhões, segundo
dados da Wines of Argentina, organização que reúne os maiores
exportadores do país. Nos primeiros seis meses deste ano, os
brasileiros compraram 196,7 mil
litros de vinho, dos quais 60% foram consumidos em São Paulo.
Desde 2002, o Brasil é o terceiro
maior destino das exportações de
vinho da Argentina, atrás apenas
dos EUA e do Reino Unido. No
ranking das importações brasileiras, a Argentina está atrás do Chile e da Itália.
"Creio que até o final do ano já
teremos superado a Itália e estaremos bem próximos do Chile",
afirma Exequiel Barros, da Caucásia, empresa que faz pesquisa de
mercado para os produtores e divulga os vinhos argentinos no exterior. "Queremos superar o Chile
no máximo em dois anos."
Para isso, os argentinos gastaram US$ 200 mil numa campanha publicitária que está em circulação em capitais brasileiras e
que visa estimular o consumo do
produto argentino no país.
Pesquisa contratada pela Caucásia mostrou que os brasileiros,
quando pensam em Argentina,
lembram, em primeiro lugar, do
futebol, do tango e da carne. O vinho, que começou a se popularizar nos últimos anos, ainda não
aparece na lista.
Atualmente, a Argentina é o
quinto maior produtor de vinhos
do mundo. Perde para França,
Itália, Espanha e EUA. O Chile
ocupa a décima posição.
Produto a US$ 5
Essa ofensiva argentina, no entanto, não agrada aos produtores
nacionais. "Tudo isso acaba prejudicando ainda mais o produtor
brasileiro. Atualmente, apenas
50% do consumo interno é de vinho nacional. Nós, ao contrário
dos argentinos, pagamos IPI e
ICMS. Eles têm alíquotas diferenciadas por causa do Mercosul e
acabam pagando menos", reclama o vice-presidente da Uvibra
(União dos Vinicultores Brasileiros), Antonio Salton.
Segundo Salton, não existem,
no Brasil, estatísticas confiáveis
sobre o tamanho e o faturamento
da produção brasileira de vinhos.
"Temos sofrido muito com a crise, e o governo nos trata como
produtores de supérfluo. Não somos tratados como uma indústria", reclama. "É difícil para nós
competir com um vinho de US$ 5
[cerca de R$ 15] que os argentinos
lançam no nosso mercado."
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