São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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SIDERURGIA

Demanda do país é grande

Preço do aço deve ficar elevado devido à China

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

O ritmo de crescimento da China deverá manter em alta os preços do aço em 2005 no Brasil e no mundo. Essa foi uma das conclusões do 38º Encontro Internacional do Aço promovido em Istambul (Turquia) pelo IISI (Instituto Internacional do Aço e do Ferro, na sigla em inglês), que reúne os maiores empresários do setor.
O crescimento da produção e do consumo do aço na China impressionam. De acordo com dados do IISI, a China irá consumir neste ano 263 milhões de toneladas de aço, o que significa uma alta de 13,2% sobre 2003. Essa parcela de 30,6 milhões de aumento no consumo na China corresponde a praticamente o que o mundo todo consumiu a mais neste ano. Ou seja, o país responde por cerca de 50% do crescimento no consumo do aço no mundo.
A tendência de alta dos preços do aço em 2005 ficou clara nas apresentações de especialistas do setor para analisar o desempenho das matérias-primas que compõem a produção do aço, como carvão, coque e minério de ferro. As siderúrgicas brasileiras deverão repassar esses preços. "A demanda da China irá continuar forte, e não deve ter queda de preços", afirmou o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau e um dos participantes do encontro.
O problema é que as novas plantas industriais para a produção de matérias-primas do aço, que estão atualmente em construção, demoram de dois a três anos para ficar prontas. Nesse período, os especialistas prevêem que os preços de produtos como carvão e coque, dois dos principais insumos do aço, continuem elevados.
O diretor-executivo da Minarco, Gary Cochrane, por exemplo, chegou a afirmar que países como Brasil e Índia continuarão com uma demanda forte de matérias-primas nos próximos dois anos, já que não dispõem de oferta suficiente para atender às necessidades de seus novos investimentos na área siderúrgica.
A perspectiva é que deverá se manter tenso o clima entre consumidores e produtores de aço em 2005. Os cálculos são de que só neste ano o preço dos diversos tipos de aço tenha subido entre 40% e 50% no mercado interno. O presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, diz que esse fenômeno não ocorre só no Brasil. "Os preços estão subindo no mundo inteiro e não há como o Brasil não aumentar seus preços", diz ele. Os novos aumentos deverão ocorrer, no entanto, a partir de 2005. Para 2004, Soares diz que não está previsto nenhum novo reajuste.
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter acha que o consumidor de aço no Brasil terá, a partir de agora, de se preparar para esses novos tempos fazendo programações de longo prazo para a aquisição do produto.


O jornalista Guilherme Barros viajou a Istambul a convite do grupo Gerdau

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