São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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Bancos descartam negociar nova proposta de reajuste salarial menor

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) se recusou a negociar a proposta de reajuste salarial de 19% feita pelos bancários e quer que a Justiça cumpra decisão de multar os sindicalistas por manter agências fechadas, em descumprimento a determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo. A categoria completa hoje 22 dias de greve.
"Não há negociação que encareça a proposta já feita pela Fenaban. Não vamos negociar nada que altere o custo da proposta discutida durante três meses com os sindicalistas. Pode ser modificada na forma, e não no custo, cujo impacto é de 10% na folha de pagamento", disse Magnus Apostólico, negociador trabalhista da Fenaban. "Encaminhar essa proposta [de reajuste de 19% mais abono de R$ 1.500] é uma tentativa de reabrir negociação. Mas negociação que onere o custo não vai ocorrer. Cabe ao movimento sindical colocar um ponto final na greve", afirmou Apostólico. A proposta anterior dos bancários previa reajuste de 25%.
A Fenaban também encaminhou à Justiça do Trabalho material o qual mostra que cerca de 20 a 30 agências no Estado ficaram fechadas no Estado e desrespeitaram decisão do TRT. Na semana passada, o tribunal determinou que as agências abrissem com 60% do pessoal trabalhando. "Estão descumprindo a decisão."
A Justiça trabalhista vai analisar as provas e convocar testemunhas, para depois avaliar se os bancários serão multados.
Em São Paulo, os funcionários dos bancos decidiram ontem manter a greve na capital e fizeram passeata pelas ruas do centro. A manifestação acabou com protesto em frente à sede da Fenaban, no centro.
Em Brasília, o presidente da CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários), Vagner Freitas, pediu ontem ao presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), que ajude a convencer os bancos a retomarem as negociações salariais.
Após breve encontro em Brasília, João Paulo disse aos bancários que procuraria a Fenaban, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. "O próximo passo é uma audiência com o presidente [Lula]", disse Freitas. João Paulo, porém, não se comprometeu a promover o encontro com Lula.
Em reunião no Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal, o sindicato local dos bancários reafirmou que vai retirar faixas que impedem o acesso ao banco para quem não aderiu à greve. O sindicato foi acusado de constranger quem não aderiu à greve por meio de faixas com óleo combustível colocadas nas agências. O procurador Ronaldo Curado Fleury informou que o sindicato reconheceu que alguns grevistas não estavam cumprindo um acordo, feito no dia 30, para acabar com essa prática e assinou um termo de ajustamento de conduta. "Se o sindicato não cumprir o acordo, pode haver multa de R$ 15 mil. Podemos ainda acionar a Justiça, que pode determinar outras multas", disse o procurador.
A assessoria do sindicato negou que a entidade tenha reconhecido esse descumprimento de acordo.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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