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ENERGIA
Empresa anuncia US$ 1,4 mi para exploração, produção e comercialização de petróleo; país ameaçava cassar concessão
Após pressão, Petrobras investe na Argentina
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A Petrobras anunciou ontem
investimentos de US$ 1,4 milhão
em exploração, produção e comercialização de petróleo na Argentina. O anúncio foi feito cerca
de um mês depois de o governo
argentino ameaçar cassar a concessão da empresa no país por falta de investimentos.
A estatal brasileira também
anunciou que encontrou petróleo
na costa sul do país. A nova jazida,
considerada de pequena capacidade, fica a 130 quilômetros do rio
Galegos, tem 1.400 metros de profundidade e potencial para extração de 50 m3 de petróleo, ou 300
barris, e 4.200 m3 de gás por dia.
Foi a segunda descoberta de petróleo da empresa no país que, em
agosto, encontrou um poço com
capacidade de extração de 29,46
m3 diários de petróleo e 59.224 m3
diários de gás, no mesmo lugar.
"O objetivo é aumentar reservas
e a correspondente produção de
gás e petróleo", informa o comunicado da empresa, que é responsável pela produção de 12% do petróleo e de 8% do gás argentino. A
Petrobras produz 115 mil barris
de petróleo por dia, mas quer chegar a 340 mil, em 2007.
Desde 2002, quando chegou à
Argentina, a Petrobras investiu
US$ 542 milhões no país. No mês
passado, a empresa iniciou os trâmites para financiar a expansão
do gasoduto San Martin. O investimento, de US$ 142 milhões, só
saiu com a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que liberou recursos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A suposta falta de investimentos
da empresa na exploração e principalmente no transporte de gás
em ano de crise energética na Argentina foi o que levou o presidente Néstor Kirchner a reclamar
da atuação da empresa e a ameaçar com o fim da concessão.
Com as tarifas congeladas desde
janeiro de 2002, as empresas privadas de exploração de serviços
públicos, entre elas a Petrobras,
resistiam em fazer investimentos
no país e pressionavam o governo
para que reajustasse os preços.
Recentemente o governo autorizou aumento de 8% na tarifa de
gás, para consumidores, e de 18%
na boca do poço, o que beneficia
as petroleiras.
Apesar de que os investimentos
em exploração de petróleo não
dependem do reajuste de preços,
já que a maior parte do petróleo é
destinada ao mercado externo, as
petroleiras reclamam dos altos
impostos para exportação -outro motivo da resistência em investir nessa área. Até maio, o imposto era de 20% sobre cada dólar
obtido com o lucro derivado da
venda de petróleo.
Há cerca de dois meses, o governo argentino aumentou a mordida do fisco para um piso de 25%.
Além disso, o governo cobra um
adicional que varia de acordo
com o preço do óleo no mercado
internacional. Com o barril valendo mais de US$ 50, as empresas
estão pagando a cota máxima adicional, que é de 20%.
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