São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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ENERGIA

Empresa anuncia US$ 1,4 mi para exploração, produção e comercialização de petróleo; país ameaçava cassar concessão

Após pressão, Petrobras investe na Argentina

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A Petrobras anunciou ontem investimentos de US$ 1,4 milhão em exploração, produção e comercialização de petróleo na Argentina. O anúncio foi feito cerca de um mês depois de o governo argentino ameaçar cassar a concessão da empresa no país por falta de investimentos.
A estatal brasileira também anunciou que encontrou petróleo na costa sul do país. A nova jazida, considerada de pequena capacidade, fica a 130 quilômetros do rio Galegos, tem 1.400 metros de profundidade e potencial para extração de 50 m3 de petróleo, ou 300 barris, e 4.200 m3 de gás por dia.
Foi a segunda descoberta de petróleo da empresa no país que, em agosto, encontrou um poço com capacidade de extração de 29,46 m3 diários de petróleo e 59.224 m3 diários de gás, no mesmo lugar.
"O objetivo é aumentar reservas e a correspondente produção de gás e petróleo", informa o comunicado da empresa, que é responsável pela produção de 12% do petróleo e de 8% do gás argentino. A Petrobras produz 115 mil barris de petróleo por dia, mas quer chegar a 340 mil, em 2007.
Desde 2002, quando chegou à Argentina, a Petrobras investiu US$ 542 milhões no país. No mês passado, a empresa iniciou os trâmites para financiar a expansão do gasoduto San Martin. O investimento, de US$ 142 milhões, só saiu com a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liberou recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A suposta falta de investimentos da empresa na exploração e principalmente no transporte de gás em ano de crise energética na Argentina foi o que levou o presidente Néstor Kirchner a reclamar da atuação da empresa e a ameaçar com o fim da concessão.
Com as tarifas congeladas desde janeiro de 2002, as empresas privadas de exploração de serviços públicos, entre elas a Petrobras, resistiam em fazer investimentos no país e pressionavam o governo para que reajustasse os preços.
Recentemente o governo autorizou aumento de 8% na tarifa de gás, para consumidores, e de 18% na boca do poço, o que beneficia as petroleiras.
Apesar de que os investimentos em exploração de petróleo não dependem do reajuste de preços, já que a maior parte do petróleo é destinada ao mercado externo, as petroleiras reclamam dos altos impostos para exportação -outro motivo da resistência em investir nessa área. Até maio, o imposto era de 20% sobre cada dólar obtido com o lucro derivado da venda de petróleo.
Há cerca de dois meses, o governo argentino aumentou a mordida do fisco para um piso de 25%. Além disso, o governo cobra um adicional que varia de acordo com o preço do óleo no mercado internacional. Com o barril valendo mais de US$ 50, as empresas estão pagando a cota máxima adicional, que é de 20%.


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