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PF prende 91 do setor frigorífico
Esquema em 5 Estados envolve sonegação fiscal e causou prejuízo de ao menos R$ 1 bi, diz polícia
Maior parte das prisões foi nas cidades paulistas de São
José do Rio Preto, Jales e Fernandópolis, na região
chamada de Grandes Lagos
JOSÉ EDUARDO RONDON
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal prendeu
ontem 91 pessoas em cinco Estados sob a acusação de integrarem um esquema de sonegação fiscal.
O esquema envolve empresas frigoríficas e causou prejuízo de, ao menos, R$ 1 bilhão aos
cofres públicos, nos últimos
cinco anos, com a não arrecadação de impostos e multas.
Além das prisões, a Polícia
Federal cumpriu 143 mandados de busca e apreensão durante a operação, batizada de
Grandes Lagos.
A maior parte das prisões
ocorreu nos municípios paulistas de Jales, Fernandópolis e
São José do Rio Preto, na região
conhecida como Grandes Lagos (noroeste do Estado).
São acusadas de participar do
esquema 159 empresas (incluindo suas filiais) e 173 pessoas. O grupo também é acusado de estelionato.
Segundo as denúncias que
deram início à investigação, o
esquema de sonegação fiscal
operava na região há pelo menos 15 anos.
Estrutura
Ao menos cinco células da estrutura da organização criminosa foram identificadas durante as investigações. Cada
uma dessas células tinha diferentes atribuições no funcionamento do esquema.
Entre os crimes apontados
pela Polícia Federal estão a
criação de empresas comandadas por "laranjas" para sonegar
os tributos, a emissão de notas
fiscais frias, o pagamento pelas
notas frias por terceiros e a simulação de contratos de trabalhos fictícios.
"As empresas atuam no comércio de carnes e derivados.
Há frigoríficos, abatedouros e
distribuidores de carnes. Algumas não comercializam nada,
pois o "negócio" delas é emitir
notas frias", disse o delegado
federal Victor Alves, que comandou as investigações, iniciadas em março.
Empresas que vendiam notas fiscais frias a sonegadores,
por exemplo, cobravam R$ 4
por cabeça de gado que tinha
registro na nota.
Uma das empresas emitiu,
em quatro anos, R$ 172 milhões
em notas fiscais sem que houvesse movimentação financeira em suas contas.
Segundo o delegado, entre os
presos pelo menos 30 são empresários e apontados como cabeças do grupo.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema contou
com a participação de fiscais da
Secretaria da Fazenda e da Receita Federal, que recebiam
propina para prestar "favores".
Entre os "favores" mediante
propina estavam a abertura de
"empresas de fachada" e a venda de acessos a sistemas da Receita Federal.
Prejuízo de R$ 1 bi
O não recolhimento de tributos, multas federais, estaduais e
municipais e a geração de créditos fictícios de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) gerados a
partir de simulações de operações comerciais inexistentes
causaram prejuízo que ultrapassa a soma de R$ 1 bilhão.
A investigação apontou que
cinco das empresas movimentaram em torno de R$ 2 bilhões
nos últimos cinco anos sem recolher nenhum tipo de imposto
aos cofres públicos.
Presos em caráter temporário -por cinco dias, renováveis
por igual período-, os investigados estão divididos em sete
cadeias na região de Jales e já
começaram a ser ouvidos pela
Polícia Federal ontem.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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