São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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PF prende 91 do setor frigorífico

Esquema em 5 Estados envolve sonegação fiscal e causou prejuízo de ao menos R$ 1 bi, diz polícia

Maior parte das prisões foi nas cidades paulistas de São José do Rio Preto, Jales e Fernandópolis, na região chamada de Grandes Lagos


JOSÉ EDUARDO RONDON
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal prendeu ontem 91 pessoas em cinco Estados sob a acusação de integrarem um esquema de sonegação fiscal. O esquema envolve empresas frigoríficas e causou prejuízo de, ao menos, R$ 1 bilhão aos cofres públicos, nos últimos cinco anos, com a não arrecadação de impostos e multas.
Além das prisões, a Polícia Federal cumpriu 143 mandados de busca e apreensão durante a operação, batizada de Grandes Lagos.
A maior parte das prisões ocorreu nos municípios paulistas de Jales, Fernandópolis e São José do Rio Preto, na região conhecida como Grandes Lagos (noroeste do Estado). São acusadas de participar do esquema 159 empresas (incluindo suas filiais) e 173 pessoas. O grupo também é acusado de estelionato.
Segundo as denúncias que deram início à investigação, o esquema de sonegação fiscal operava na região há pelo menos 15 anos.

Estrutura
Ao menos cinco células da estrutura da organização criminosa foram identificadas durante as investigações. Cada uma dessas células tinha diferentes atribuições no funcionamento do esquema.
Entre os crimes apontados pela Polícia Federal estão a criação de empresas comandadas por "laranjas" para sonegar os tributos, a emissão de notas fiscais frias, o pagamento pelas notas frias por terceiros e a simulação de contratos de trabalhos fictícios.
"As empresas atuam no comércio de carnes e derivados. Há frigoríficos, abatedouros e distribuidores de carnes. Algumas não comercializam nada, pois o "negócio" delas é emitir notas frias", disse o delegado federal Victor Alves, que comandou as investigações, iniciadas em março.
Empresas que vendiam notas fiscais frias a sonegadores, por exemplo, cobravam R$ 4 por cabeça de gado que tinha registro na nota.
Uma das empresas emitiu, em quatro anos, R$ 172 milhões em notas fiscais sem que houvesse movimentação financeira em suas contas.
Segundo o delegado, entre os presos pelo menos 30 são empresários e apontados como cabeças do grupo. Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema contou com a participação de fiscais da Secretaria da Fazenda e da Receita Federal, que recebiam propina para prestar "favores".
Entre os "favores" mediante propina estavam a abertura de "empresas de fachada" e a venda de acessos a sistemas da Receita Federal.

Prejuízo de R$ 1 bi
O não recolhimento de tributos, multas federais, estaduais e municipais e a geração de créditos fictícios de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) gerados a partir de simulações de operações comerciais inexistentes causaram prejuízo que ultrapassa a soma de R$ 1 bilhão.
A investigação apontou que cinco das empresas movimentaram em torno de R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos sem recolher nenhum tipo de imposto aos cofres públicos.
Presos em caráter temporário -por cinco dias, renováveis por igual período-, os investigados estão divididos em sete cadeias na região de Jales e já começaram a ser ouvidos pela Polícia Federal ontem.


Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília

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