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Lula critica privatização de bancos públicos
Presidente afirma que o seu governo prova que instituições podem dar lucro
Banco do Brasil assina termo de compromisso
para incorporar o Besc; Senado ainda precisa
dar aval para o acordo
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou ontem em
Florianópolis o programa de
privatização de bancos e instituições de desenvolvimento regionais do governo de seu antecessor, Fernando Henrique
Cardoso (PSDB). Disse que seu
mandato prova que bancos públicos podem dar lucro e citou
últimos balanços do Banco do
Brasil como exemplo.
"No Brasil, houve quase um
processo de doação da coisa pública", disse Lula, arrancando
aplausos da platéia, no auditório do Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis, onde
participou de evento em que o
BB assinou termo de compromisso para incorporar o Besc
(Banco do Estado de Santa Catarina), que tenta se recuperar
de rombo de R$ 1,2 bilhão. O
Senado terá de avalizar o acordo. Lula disse que os bancos públicos se endividavam porque
"atendiam muito mais aos interesses dos governantes do que a
população". E citou o Banespa
como exemplo de "instituição
poderosíssima" que acabou
passada à iniciativa privada.
"Eu me lembro do tempo em
que a gente abria uma página
de jornal e via apenas os números dos prejuízos do BB. Não
faltavam aqueles que diziam: "É
preciso vender, é preciso privatizar, porque só dá prejuízo". O
que tem acontecido nos últimos anos? O Besc passou a ter
lucro nos últimos quatro anos.
Obviamente esse lucro ainda
não cobriu o prejuízo de R$ 1,2
bilhão que tinha acumulado."
Para Lula, "muitas vezes, os
bancos públicos eram utilizados mais para os interesses dos
governantes do que para os interesses da população, dos empresários ou como indução da
coisa pública. E aconteceu com
quase todos os bancos. Uma
instituição como o Banespa,
que era poderosíssima... Se você pegar a lista dos devedores,
vai perceber quem tinha acesso
ao dinheiro do Banespa".
Segundo Lula, "o problema é
que, quando um banco quebra,
não aparece quem quebrou. Só
aparece o banco. Os responsáveis pelo gerenciamento da coisa pública, que levaram o banco
ao prejuízo, ficam incólumes e
aí se tenta vender o banco, como se tentou e tentaram destruir a Sudene [Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste] e a Sudam [Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia] e tantas outras".
A incorporação do Besc pelo
BB implica o saneamento no
Proes (programa de socorro
aos bancos estaduais), recurso
que o PT do presidente criticava quando na oposição. Ninguém falou em prazos para a
transferência do controle.
Lula comparou a união ao futebol: "É como se o Besc fosse o
Falcão [do futsal] e estivéssemos trazendo Ronaldinho para
jogar com ele".
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