São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Lula critica privatização de bancos públicos

Presidente afirma que o seu governo prova que instituições podem dar lucro

Banco do Brasil assina termo de compromisso para incorporar o Besc; Senado ainda precisa dar aval para o acordo

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou ontem em Florianópolis o programa de privatização de bancos e instituições de desenvolvimento regionais do governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Disse que seu mandato prova que bancos públicos podem dar lucro e citou últimos balanços do Banco do Brasil como exemplo.
"No Brasil, houve quase um processo de doação da coisa pública", disse Lula, arrancando aplausos da platéia, no auditório do Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis, onde participou de evento em que o BB assinou termo de compromisso para incorporar o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), que tenta se recuperar de rombo de R$ 1,2 bilhão. O Senado terá de avalizar o acordo. Lula disse que os bancos públicos se endividavam porque "atendiam muito mais aos interesses dos governantes do que a população". E citou o Banespa como exemplo de "instituição poderosíssima" que acabou passada à iniciativa privada.
"Eu me lembro do tempo em que a gente abria uma página de jornal e via apenas os números dos prejuízos do BB. Não faltavam aqueles que diziam: "É preciso vender, é preciso privatizar, porque só dá prejuízo". O que tem acontecido nos últimos anos? O Besc passou a ter lucro nos últimos quatro anos. Obviamente esse lucro ainda não cobriu o prejuízo de R$ 1,2 bilhão que tinha acumulado."
Para Lula, "muitas vezes, os bancos públicos eram utilizados mais para os interesses dos governantes do que para os interesses da população, dos empresários ou como indução da coisa pública. E aconteceu com quase todos os bancos. Uma instituição como o Banespa, que era poderosíssima... Se você pegar a lista dos devedores, vai perceber quem tinha acesso ao dinheiro do Banespa".
Segundo Lula, "o problema é que, quando um banco quebra, não aparece quem quebrou. Só aparece o banco. Os responsáveis pelo gerenciamento da coisa pública, que levaram o banco ao prejuízo, ficam incólumes e aí se tenta vender o banco, como se tentou e tentaram destruir a Sudene [Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste] e a Sudam [Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia] e tantas outras".
A incorporação do Besc pelo BB implica o saneamento no Proes (programa de socorro aos bancos estaduais), recurso que o PT do presidente criticava quando na oposição. Ninguém falou em prazos para a transferência do controle.
Lula comparou a união ao futebol: "É como se o Besc fosse o Falcão [do futsal] e estivéssemos trazendo Ronaldinho para jogar com ele".


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