São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Bolsa Família evidencia distorções tributárias do país

A forma que o governo Luiz Inácio Lula da Silva encontrou para financiar importantes programas sociais no Brasil tem limitado a eficácia de tais iniciativas, segundo pesquisa coordenada pelo professor Samir Cury, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Segundo o levantamento realizado por Cury, 51,46% dos recursos destinados ao Bolsa Família e ao BPC (Benefício de Prestação Continuada) eram provenientes da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) em 2005. No Orçamento da União para 2010, 96% dos fundos do Bolsa Família vêm do tributo, assim como 100% dos valores reservados ao BPC.
"O problema é que a Cofins é um imposto indireto e "distorsivo", que altera os preços dos produtos na economia e acaba gerando o que chamamos de "peso morto". O resultado é diminuição do potencial da atividade, com perda de emprego e renda", explica Cury.
"Essa não é uma discussão a respeito do Bolsa Família, é sobre o modelo tributário do país", afirma Lúcia Modesto, secretária nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social. "No caso de todas as políticas de transferência de renda, mesmo que a fonte de financiamento seja regressiva, o saldo final é positivo, porque os gastos são progressivos, o dinheiro impulsiona a cadeia."
De acordo com os resultados do estudo do professor Cury, os programas realmente contribuem para reduzir a desigualdade, porém têm menos sucesso em diminuir a pobreza devido ao fardo que o aumento da arrecadação da Cofins representa. "A cada vez que surge uma despesa nova, é preciso tomar uma decisão a respeito da maneira de custeá-la. E essa escolha é importante porque gera impactos. No momento em que tanto se fala sobre uma reforma tributária, essa questão é essencial", defende Cury.

PÉ NA PORTA
A rede de franquias imobiliárias Re/Max iniciou ontem suas operações no Brasil. A meta é abrir cem unidades no país até 2010, ocupar 70% do mercado de imóveis prontos e usados e alcançar um volume geral de vendas de R$ 12 bilhões em cinco anos. "Há uma tendência de conversão de pequenas e médias imobiliárias para uma grande rede", diz Renato Teixeira, da Re/Max Brasil. O investimento para trazer a marca, presente em 78 países, foi de R$ 10 milhões.

SOBRE RODAS
A fabricante de motos Sundown começará a vender no Brasil cinco modelos de quadriciclos, triciclos de carga e scooters elétricas. A entrada em novos segmentos visa ocupar a capacidade ociosa de sua fábrica de Manaus, que hoje opera a 40% de seu máximo. Segundo Walther Biselli, presidente da empresa, ante 95 mil motos vendidas em 2008, a expectativa é que o volume recue para 45 mil neste ano. "As vendas caíram porque o custo do crédito para compra de motos cresceu."

CAPITALIZAÇÃO
O Santander encerrou ontem o período de reserva de ações com grande procura tanto de pequenos investidores quanto de fundos brasileiros e estrangeiros. Por isso, a expectativa do mercado financeiro é que o banco venda todos os lotes de papéis, incluindo os suplementares, pelo preço máximo. A oferta, que deve ser a maior do país em 2009, pode chegar a R$ 16,6 bilhões, valor destinado a ampliar a rede de agências e à expansão de crédito. O resultado sai hoje e as ações estreiam amanhã nas Bolsas de SP e de NY.

SUL-AFRICANO
O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e o ministro de Comércio e Indústria do país, Rob Davies, vêm ao Brasil para participar de encontro do WTC Business Club, no dia 8, em São Paulo. Acompanhado de uma comitiva de 40 empresários do país, Zuma vai falar sobre as oportunidades de negócios entre Brasil e África do Sul.

COMIDA
A Brasfrigo Alimentos investiu R$ 60 milhões para modernizar a fábrica em Goiás e comprar fazendas.

BRINQUEDO
Metade dos brasileiros vai comprar presentes para o Dia da Criança, segundo pesquisa do Instituto Análise/Insight em 70 cidades. O gasto médio por presente será de R$ 68,50.

TAL PAI, TAL FILHO
Alfredo Setubal, vice-presidente do Itaú Unibanco, recebe hoje o título de administrador emérito concedido pelo CRA-SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo). Essa é a 27ª vez que a entidade presta a homenagem. Na primeira edição do prêmio, o escolhido foi Olavo Setubal, pai de Alfredo.

ALERTA
A Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Venezuela diz nem considerar essa hipótese. Mas, caso aumentem, na Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, as posições contrárias à entrada do país no Mercosul por questões políticas -como a externada por Tasso Jereissati (PSDB-CE) na semana passada-, José Francisco Marcondes, presidente da entidade, avisa: "Imagino que um país que sofra tamanha rejeição não se sinta confortável em renovar acordos sobre preferências tarifárias". Os tratados que o Brasil tem com a Venezuela expiram em 1º de janeiro.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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