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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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RETOMADA DO CRESCIMENTO?

Avanço de 4,3% em setembro em relação a agosto é o maior em 17 meses, segundo o IBGE

Produção industrial sobe pelo terceiro mês

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A produção da indústria cresceu 4,3% em setembro em relação ao mês anterior, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O crescimento -na comparação livre de influências sazonais, típicas de cada período- é o terceiro consecutivo e o maior na comparação mensal desde abril de 2002 (5,1%). O resultado superou ainda as projeções do mercado, que apontavam para uma alta de cerca de 3%.
Em relação a setembro de 2002, a alta foi de 4,2%. É a primeira em cinco meses e a mais expressiva nesse tipo de comparação desde dezembro de 2002 (5,2%).
Os dados, informou o IBGE, confirmam a recuperação do setor, iniciada em julho, e mostram reação mais firme da produção voltada para o consumo interno.
Com o indicador de setembro, a indústria deixou para trás a "recessão técnica" que marcou os dois primeiros trimestres do ano. De julho a setembro, houve expansão de 1,8% em relação ao trimestre anterior. No primeiro trimestre do ano, a queda fora de 1%; no segundo, de 2,5%.
O acumulado do ano também deixou de ser negativo: passou de menos 0,5% até agosto para 0,1% até setembro.
"O saldo de todas as informações é amplamente positivo. É um crescimento acentuado, que se contrapõe a uma queda também acentuada no início do ano ", disse Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Segundo Sales, a expansão da indústria em setembro foi puxada pelo consumo doméstico. Aumentou a produção de bens tipicamente destinados ao mercado local: eletrodomésticos, produtos farmacêuticos, móveis e os itens da indústria automotiva.
Os eletrodomésticos tiveram alta de 11,7% ante setembro de 2002. Já a produção automobilística subiu 8,7%, considerando todos os tipos de veículos.
Segundo Paulo Levy, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a recuperação da indústria já era esperada para o terceiro trimestre, como consequência da redução dos juros e da expectativa de novas quedas das taxas. "O que surpreende é a intensidade do crescimento."
Além disso, disse, houve expansão geral da indústria em setembro. Todos as categorias (duráveis, não-duráveis, bens de capital e intermediários) tiveram desempenho positivo. "Quanto mais generalizado, melhor. É um sinal de que a expansão será sustentada e mais duradoura, não dependendo de um ou outro setor."

Investimento
Já Marcelo Cypriano, do BankBoston, destacou o comportamento dos bens de capital (máquinas e equipamentos), cuja produção aumentou 8% em relação a agosto. Para ele, é um sinal importante da retomada dos investimentos na economia.
Segundo Sales, esse movimento é reflexo da melhora da expectativa dos empresários, estimulada também pela redução dos juros.
Os bens de consumo semi e não-duráveis também tiveram bom desempenho. Sua produção cresceu pela primeira vez em três meses. Houve alta de 4,6% na comparação com agosto, sob impacto da maior produção de gasolina, álcool e alimentos.
Já os bens duráveis, mais sensíveis à oferta de crédito, mantiveram o desempenho positivo: subiram 5,1% -quarta alta seguida.
Até o fim do ano, Cypriano crê que a indústria manterá a tendência de crescimento. Já Levy prevê que, apesar da expansão nos últimos meses do ano, o setor crescerá apenas 0,5% em 2003.


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