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RETOMADA DO CRESCIMENTO?
Avanço de 4,3% em setembro em relação a agosto é o maior em 17 meses, segundo o IBGE
Produção industrial sobe pelo terceiro mês
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria cresceu 4,3% em setembro em relação
ao mês anterior, informou ontem
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O crescimento -na comparação livre de influências sazonais,
típicas de cada período- é o terceiro consecutivo e o maior na
comparação mensal desde abril
de 2002 (5,1%). O resultado superou ainda as projeções do mercado, que apontavam para uma alta
de cerca de 3%.
Em relação a setembro de 2002,
a alta foi de 4,2%. É a primeira em
cinco meses e a mais expressiva
nesse tipo de comparação desde
dezembro de 2002 (5,2%).
Os dados, informou o IBGE,
confirmam a recuperação do setor, iniciada em julho, e mostram
reação mais firme da produção
voltada para o consumo interno.
Com o indicador de setembro, a
indústria deixou para trás a "recessão técnica" que marcou os
dois primeiros trimestres do ano.
De julho a setembro, houve expansão de 1,8% em relação ao trimestre anterior. No primeiro trimestre do ano, a queda fora de
1%; no segundo, de 2,5%.
O acumulado do ano também
deixou de ser negativo: passou de
menos 0,5% até agosto para 0,1%
até setembro.
"O saldo de todas as informações é amplamente positivo. É um
crescimento acentuado, que se
contrapõe a uma queda também
acentuada no início do ano ", disse Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Segundo Sales, a expansão da
indústria em setembro foi puxada
pelo consumo doméstico. Aumentou a produção de bens tipicamente destinados ao mercado
local: eletrodomésticos, produtos
farmacêuticos, móveis e os itens
da indústria automotiva.
Os eletrodomésticos tiveram alta de 11,7% ante setembro de
2002. Já a produção automobilística subiu 8,7%, considerando todos os tipos de veículos.
Segundo Paulo Levy, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), a recuperação da indústria já era esperada
para o terceiro trimestre, como
consequência da redução dos juros e da expectativa de novas quedas das taxas. "O que surpreende
é a intensidade do crescimento."
Além disso, disse, houve expansão geral da indústria em setembro. Todos as categorias (duráveis, não-duráveis, bens de capital
e intermediários) tiveram desempenho positivo. "Quanto mais generalizado, melhor. É um sinal de
que a expansão será sustentada e
mais duradoura, não dependendo de um ou outro setor."
Investimento
Já Marcelo Cypriano, do BankBoston, destacou o comportamento dos bens de capital (máquinas e equipamentos), cuja
produção aumentou 8% em relação a agosto. Para ele, é um sinal
importante da retomada dos investimentos na economia.
Segundo Sales, esse movimento
é reflexo da melhora da expectativa dos empresários, estimulada
também pela redução dos juros.
Os bens de consumo semi e
não-duráveis também tiveram
bom desempenho. Sua produção
cresceu pela primeira vez em três
meses. Houve alta de 4,6% na
comparação com agosto, sob impacto da maior produção de gasolina, álcool e alimentos.
Já os bens duráveis, mais sensíveis à oferta de crédito, mantiveram o desempenho positivo: subiram 5,1% -quarta alta seguida.
Até o fim do ano, Cypriano crê
que a indústria manterá a tendência de crescimento. Já Levy prevê
que, apesar da expansão nos últimos meses do ano, o setor crescerá apenas 0,5% em 2003.
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