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É cedo para comemorar,
afirmam empresários
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento da produção industrial pelo terceiro mês consecutivo é uma boa notícia, mas é
visto com cautela pelos empresários. Para eles, a economia reagiu,
mas ainda é cedo para dizer que a
retomada do país será sustentada.
"O Brasil vive o início de uma
recuperação", afirma Júlio Gomes
de Almeida, diretor-executivo do
Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial). É
apenas o começo de uma retomada, diz, porque os setores que tiveram melhor desempenho, como o
de bens de consumo duráveis, foram os que receberam algum estímulo do governo. O IPI para carros, por exemplo, foi reduzido.
Para Boris Tabacof, vice-presidente da Fiesp, a recuperação da
indústria brasileira ainda é discreta. "O crescimento de 4,3% na
produção em setembro [em relação a agosto] é uma média. É um
número expressivo, mas alguns
setores estão bem abaixo disso. A
própria indústria eletroeletrônica
produz em ritmo muito baixo."
"No setor de infra-estrutura, nada aconteceu. A falta de regras
claras para o setor barrou os investimentos e, sem investimentos, o país não cresce de forma
sustentada. Vivemos hoje uma
bolha de consumo", afirma José
Augusto Marques, presidente da
Abdib, associação que reúne a indústria de infra-estrutura.
Considerada um dos principais
termômetros da economia, porque fornece embalagens para
grande parte dos setores industriais, a indústria de papelão ondulado informa que, desde julho,
aumentou suas vendas mês a mês.
"O mercado interno se reaqueceu,
mas ainda estamos vendendo
14% menos do que no ano passado", afirma Paulo Sérgio Peres,
presidente da ABPO, associação
que reúne os fabricantes do setor.
Para Synésio Batista da Costa,
presidente da Abrinq, associação
da indústria de brinquedos, o país
vive uma onda de consumo provocada pelo pagamento da primeira parcela do 13º salário e pelo
estímulo a alguns setores. "Não
podemos nos iludir. Não dá para
acreditar que o lojista vá vender
tudo o que comprou. Se o comércio virar o ano sem estoques, podemos pensar em crescimento."
Empresários e economistas dizem que as empresas têm condições de dar conta da retomada de
alguns setores industriais porque
a ociosidade das fábricas ainda é
alta. O país só poderá enfrentar algum tipo de falta de produto no
ano que vem, se o consumo continuar crescendo e os empresários
segurarem os investimentos.
Eles dizem também que, se a retomada for para valer, o país terá
de enfrentar em 2004 uma redução nas exportações, o aumento
nas importações e a elevação da
inflação. Isso porque a indústria
de base, como a química e a petroquímica, opera no limite da capacidade de produção.
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