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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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É cedo para comemorar, afirmam empresários

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da produção industrial pelo terceiro mês consecutivo é uma boa notícia, mas é visto com cautela pelos empresários. Para eles, a economia reagiu, mas ainda é cedo para dizer que a retomada do país será sustentada.
"O Brasil vive o início de uma recuperação", afirma Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). É apenas o começo de uma retomada, diz, porque os setores que tiveram melhor desempenho, como o de bens de consumo duráveis, foram os que receberam algum estímulo do governo. O IPI para carros, por exemplo, foi reduzido.
Para Boris Tabacof, vice-presidente da Fiesp, a recuperação da indústria brasileira ainda é discreta. "O crescimento de 4,3% na produção em setembro [em relação a agosto] é uma média. É um número expressivo, mas alguns setores estão bem abaixo disso. A própria indústria eletroeletrônica produz em ritmo muito baixo."
"No setor de infra-estrutura, nada aconteceu. A falta de regras claras para o setor barrou os investimentos e, sem investimentos, o país não cresce de forma sustentada. Vivemos hoje uma bolha de consumo", afirma José Augusto Marques, presidente da Abdib, associação que reúne a indústria de infra-estrutura.
Considerada um dos principais termômetros da economia, porque fornece embalagens para grande parte dos setores industriais, a indústria de papelão ondulado informa que, desde julho, aumentou suas vendas mês a mês. "O mercado interno se reaqueceu, mas ainda estamos vendendo 14% menos do que no ano passado", afirma Paulo Sérgio Peres, presidente da ABPO, associação que reúne os fabricantes do setor.
Para Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação da indústria de brinquedos, o país vive uma onda de consumo provocada pelo pagamento da primeira parcela do 13º salário e pelo estímulo a alguns setores. "Não podemos nos iludir. Não dá para acreditar que o lojista vá vender tudo o que comprou. Se o comércio virar o ano sem estoques, podemos pensar em crescimento."
Empresários e economistas dizem que as empresas têm condições de dar conta da retomada de alguns setores industriais porque a ociosidade das fábricas ainda é alta. O país só poderá enfrentar algum tipo de falta de produto no ano que vem, se o consumo continuar crescendo e os empresários segurarem os investimentos.
Eles dizem também que, se a retomada for para valer, o país terá de enfrentar em 2004 uma redução nas exportações, o aumento nas importações e a elevação da inflação. Isso porque a indústria de base, como a química e a petroquímica, opera no limite da capacidade de produção.


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