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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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TRANSGÊNICO

Produtor do RS é contra

Monsanto vai cobrar royalties após colheita

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os produtores da próxima safra de soja transgênica (modificada geneticamente) já plantada no Brasil terão de pagar royalties para a empresa Monsanto, detentora da patente da tecnologia. A afirmação é do presidente da empresa no Brasil, Richard Greubel, que esteve ontem reunido com parlamentares na Câmara.
Segundo Greubel, não importa que a soja plantada tenha sido obtida ilegalmente. Como a empresa é detentora da patente, pode cobrar os royalties.
Greubel disse que o preço dos royalties só será definido depois da aprovação da medida provisória 131, que regulamenta a comercialização da soja plantada neste ano. De acordo com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator da MP, a proposta apresentada pela empresa, durante a reunião, seria cobrar R$ 25 por tonelada.
Greubel afirmou que a intenção da Monsanto é cobrar os royalties sobre os grãos colhidos, na hora da negociação nos armazéns.
A proposta é rechaçada pelo presidente da associação Clube da Terra, que reúne os produtores do Rio Grande do Sul, Almir Rebelo. Além de ter considerado o valor "muito alto", Rebelo não aceita que o pagamento seja feito depois da colheita.
"Queremos pagar royalties, negociar. Mas não aceitamos a cobrança da soja já colhida. Queremos que o pagamento seja feito em relação aos hectares plantados, na obtenção da semente."
Segundo ele, um hectare produz entre 1,8 e 3 toneladas de grãos. Se o cálculo for feito a partir da proposta da Monsanto, eles desembolsariam entre R$ 45 e R$ 75 por hectare. "A discussão tem que ser ampla, e tenho certeza de que vamos chegar a um consenso. Mas nossa proposta inicial seria pagar entre R$ 3 e R$ 5 por hectare."
O deputado Paulo Pimenta disse que entregará o texto da MP na próxima segunda-feira e que a votação na Câmara deverá acontecer ainda na próxima semana.
Segundo ele, a reunião foi positiva porque a Monsanto concordou em entregar à Câmara todos os estudos de licenciamento nas áreas de saúde, agronômica e ambiental.
Greubel concordou ainda que a empresa seja responsável por eventuais danos ao ambiente e às pessoas, caso a tecnologia tenha sido aplicada corretamente.


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