São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Petrobras negocia "novas relações" com Morales

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ

Em visita classificada de "protocolar" pela Bolívia, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, deve se reunir hoje de manhã em La Paz com o presidente Evo Morales para conversar sobre a recente reabertura de negociações sobre novos investimentos da empresa brasileira no país.
"Não gostaria de gerar falsas expectativas para a reunião", disse ontem o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, ao ser questionado pela Folha sobre o encontro. "Não será assinado nenhum documento, não será informado absolutamente nada."
"O presidente da Petrobras terá uma entrevista protocolar com o presidente da República, logo vamos ter uma reunião para fazer um balanço das equipes que estão trabalhando nos últimos dias sobre os temas que nos têm permitido elaborar a agenda das novas relações entre Bolívia e Brasil", disse, em entrevista após um ato na Chancelaria boliviana.
Segundo Villegas, há um acordo com o governo brasileiro e a Petrobras para só dar informações após o fim das negociações, iniciadas durante a visita do ministro boliviano ao Brasil, há duas semanas.
A expectativa é a de que haja um acordo antes da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Bolívia, marcada ontem para o dia 12 de dezembro.
Durante sua passagem por Brasília, Villegas ofereceu à Petrobras a exploração do campo de Itaú, um dos maiores do país, mas ainda não desenvolvido pela empresa francesa Total, operadora dessa jazida.
Sem investimentos significativos desde 2003 por causa da instabilidade política e das novas regras impostas por Morales, a Bolívia tem tido dificuldades para cumprir seus compromissos de entrega de gás por falta de produção. A maior afetada até agora é a termelétrica de Cuiabá, parada por causa do corte no envio.
Nas últimas semanas, porta-vozes do governo Lula têm sinalizado que os investimentos brasileiros serão retomados, mas a Petrobras -que enfrentou conturbadas negociações com a Bolívia durante o processo de nacionalização- tem adotado mais cautela.
Morales sabe disso e aposta na intervenção de Lula, como já ocorreu no aumento do preço do gás vendido ao Brasil, no início do ano.
"Se está ressentida, [a Petrobras] assumirá certas políticas vingativas com o meu governo, por isso não quer acelerar o investimento, mas eu tenho muita confiança no presidente do Brasil", afirmou Morales, em entrevista concedida à agência de notícias Associated Press, na sexta-feira.


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