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Petrobras negocia "novas relações" com Morales
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Em visita classificada de
"protocolar" pela Bolívia, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, deve se reunir hoje de manhã em La Paz com o
presidente Evo Morales para
conversar sobre a recente reabertura de negociações sobre
novos investimentos da empresa brasileira no país.
"Não gostaria de gerar falsas
expectativas para a reunião",
disse ontem o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, ao ser questionado
pela Folha sobre o encontro.
"Não será assinado nenhum
documento, não será informado absolutamente nada."
"O presidente da Petrobras
terá uma entrevista protocolar
com o presidente da República,
logo vamos ter uma reunião
para fazer um balanço das
equipes que estão trabalhando
nos últimos dias sobre os temas que nos têm permitido
elaborar a agenda das novas relações entre Bolívia e Brasil",
disse, em entrevista após um
ato na Chancelaria boliviana.
Segundo Villegas, há um
acordo com o governo brasileiro e a Petrobras para só dar informações após o fim das negociações, iniciadas durante a visita do ministro boliviano ao
Brasil, há duas semanas.
A expectativa é a de que haja
um acordo antes da visita do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva à Bolívia, marcada ontem
para o dia 12 de dezembro.
Durante sua passagem por
Brasília, Villegas ofereceu à Petrobras a exploração do campo
de Itaú, um dos maiores do
país, mas ainda não desenvolvido pela empresa francesa Total, operadora dessa jazida.
Sem investimentos significativos desde 2003 por causa da
instabilidade política e das novas regras impostas por Morales, a Bolívia tem tido dificuldades para cumprir seus compromissos de entrega de gás por
falta de produção. A maior afetada até agora é a termelétrica
de Cuiabá, parada por causa do
corte no envio.
Nas últimas semanas, porta-vozes do governo Lula têm sinalizado que os investimentos
brasileiros serão retomados,
mas a Petrobras -que enfrentou conturbadas negociações
com a Bolívia durante o processo de nacionalização- tem
adotado mais cautela.
Morales sabe disso e aposta
na intervenção de Lula, como
já ocorreu no aumento do preço do gás vendido ao Brasil, no
início do ano.
"Se está ressentida, [a Petrobras] assumirá certas políticas
vingativas com o meu governo,
por isso não quer acelerar o investimento, mas eu tenho muita confiança no presidente do
Brasil", afirmou Morales, em
entrevista concedida à agência
de notícias Associated Press,
na sexta-feira.
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